O Brasil já registrou mais de 3 milhões de casos prováveis de dengue e mais de mil óbitos causados pela doença até abril deste ano. Dengue: a Realidade de uma Epidemia é o tema do programa Caminhos da Reportagem, que vai ao ar neste domingo (14), às 22h, na TV Brasil.
O programa vai mostrar como as mudanças climáticas e a adaptação do mosquito têm contribuído para a epidemia da doença. O Caminhos da Reportagem aborda desde a identificação dos sintomas e sinais de alerta, passando pela importância da vigilância ambiental e eliminação do mosquito, até novas iniciativas de combate à doença, como a vacinação e a liberação de insetos com uma bactéria que impede que eles transmitam a dengue.
Mudanças climáticas
O professor do Instituto de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Antônio Oscar Júnior explica como o aumento das temperaturas, produzido pelo processo de urbanização e crescimento das cidades, ajuda na proliferação do mosquito.
“Começamos a perceber algumas tendências para o estado do Rio de Janeiro. A gente percebe um aumento entre 3°C e 5°C nas temperaturas mínimas e um aumento entre 3°C e 4°C nas temperaturas máximas. Além de uma concentração da chuva, que é propícia para o desenvolvimento do mosquito. E, por conta dessa característica litorânea do estado do Rio de Janeiro, a gente tem um aporte significativo de umidade, que são as condições necessárias para a proliferação do mosquito”, afirma.
Em sua pesquisa Mudança Climática e Risco de Arboviroses no Estado do Rio de Janeiro, realizada juntamente com o professor Francisco de Assis Mendonça (UFPR), Antônio Oscar Júnior projeta que, até 2070, áreas mais frias e elevadas do estado do Rio, onde não havia prevalência de dengue, como Petrópolis, Teresópolis e Centro-Sul fluminense, sofrerão um aumento de temperaturas e um potencial maior de eclosão de ovos, de desenvolvimento da população de mosquito e de infecção pelo vírus da dengue.
Mosquitos
Gabriel Sylvestre, líder de operações da World Mosquito Program no Brasil (Programa Mundial de Mosquitos, em tradução livre), explica como é possível utilizar o próprio Aedes aegypti contra a dengue. Em parceria com biofábricas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), são produzidos mosquitos com a bactéria Wolbachia.
“O Wolbito é a junção de Wolbachia com mosquito. Foi descoberto que essa bactéria tinha um efeito protetor em moscas da fruta. Aquela mosquinha que vem na fruteira em casa, ela tem Wolbachia e não se infecta. A ideia era transferir esse modelo para um inseto que fosse importante para a saúde humana. Então, chegou-se à conclusão que o Aedes aegypti precisava receber essa bactéria para que houvesse possivelmente o mesmo efeito que havia com as moscas. Foi um trabalho de sucesso e, em 2009, saiu o primeiro grande trabalho científico que mostrava o efeito protetor da Wolbachia para a dengue”, explica Sylvestre.
Ele participou, então, da liberação de milhares desses mosquitos em Niterói, no Rio de Janeiro, onde observou-se uma enorme redução na contaminação pelo vírus da dengue.
A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, afirma que, com a liberação de Wolbitos, já é possível perceber uma diferença de contaminação entre as cidades de Niterói e do Rio de Janeiro.
“Niterói fez a implantação [do método com Wolbitos], foi a cidade palco da iniciativa. E nós estamos vendo poucos casos de dengue agora em Niterói. Então duas cidades muito próximas, que têm uma mobilidade grande de pessoas entre elas, com situação epidemiológica muito diferente”, avalia Ethel.
Vacina da dengue
Outra iniciativa importante é a vacinação. O Instituto Butantan, em São Paulo, está desenvolvendo a primeira vacina contra a dengue totalmente brasileira. Fernanda Boulos, diretora médica do Instituto, explica que é uma vacina de vírus vivo atenuado, ou seja, é um vírus que passou por um processo de atenuação, de forma que ele não é capaz de causar a doença.
“A vacina da dengue é desafiadora, porque a gente tem quatro sorotipos do vírus. Então nossa ideia foi de colocar os quatro sorotipos dentro da mesma vacina, com a intenção de proteger contra qualquer dengue que esteja circulando”, explica Fernanda.
Os testes dessa vacina já estão na conclusão da terceira fase e os resultados serão enviados até o final deste ano para avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), segundo a diretora do Butantan. Após análise pelo órgão regulador federal, a vacina poderá ser aprovada e incorporada ao calendário vacinal do Sistema Único de Saúde (SUS).
Fernanda explica que essa vacina brasileira será aplicada em uma única dose e que os testes mostraram uma efetividade de 80% de proteção. “A vacina protege contra 80% dos casos de dengue. Essa eficácia quer dizer que o grupo que recebeu a vacina teve 80% menos doença do que o grupo que recebeu o placebo.”
Ethel Maciel afirmou que, “do ponto de vista da operacionalização no serviço de saúde, é uma vacina muito mais fácil, pois não é preciso buscar a pessoa para a segunda dose. Então temos a possibilidade de ter uma cobertura maior da vacinação e facilitar muito a estratégia de controle”.
Vigilância ambiental
O programa mostra também o trabalho e a importância dos vigilantes ambientais, que visitam as casas, inspecionando e orientando a população sobre o combate aos focos do mosquito. De acordo com o Ministério da Saúde, 75% dos criadouros estão nas residências.
Herica Bassani, agente de vigilância ambiental em Brasília, fala sobre a importância de as pessoas abrirem suas casas para esses profissionais. “Alguns têm um pouco de receio, por medo ou por outros motivos que não sei. E acabam não deixando o agente adentrar na sua residência. Mas é importante que ela saiba que, além do trabalho do agente, ela tem que colaborar também. É a saúde de todos que está em jogo.”
O Brasil já registrou mais de 3 milhões de casos prováveis de dengue e mais de mil óbitos causados pela doença até abril deste ano. Dengue: a Realidade de uma Epidemia é o tema do programa Caminhos da Reportagem, que vai ao ar neste domingo (14), às 22h, na TV Brasil.
O programa vai mostrar como as mudanças climáticas e a adaptação do mosquito têm contribuído para a epidemia da doença. O Caminhos da Reportagem aborda desde a identificação dos sintomas e sinais de alerta, passando pela importância da vigilância ambiental e eliminação do mosquito, até novas iniciativas de combate à doença, como a vacinação e a liberação de insetos com uma bactéria que impede que eles transmitam a dengue.
Mudanças climáticas
O professor do Instituto de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Antônio Oscar Júnior explica como o aumento das temperaturas, produzido pelo processo de urbanização e crescimento das cidades, ajuda na proliferação do mosquito.
“Começamos a perceber algumas tendências para o estado do Rio de Janeiro. A gente percebe um aumento entre 3°C e 5°C nas temperaturas mínimas e um aumento entre 3°C e 4°C nas temperaturas máximas. Além de uma concentração da chuva, que é propícia para o desenvolvimento do mosquito. E, por conta dessa característica litorânea do estado do Rio de Janeiro, a gente tem um aporte significativo de umidade, que são as condições necessárias para a proliferação do mosquito”, afirma.
Em sua pesquisa Mudança Climática e Risco de Arboviroses no Estado do Rio de Janeiro, realizada juntamente com o professor Francisco de Assis Mendonça (UFPR), Antônio Oscar Júnior projeta que, até 2070, áreas mais frias e elevadas do estado do Rio, onde não havia prevalência de dengue, como Petrópolis, Teresópolis e Centro-Sul fluminense, sofrerão um aumento de temperaturas e um potencial maior de eclosão de ovos, de desenvolvimento da população de mosquito e de infecção pelo vírus da dengue.
Mosquitos
Gabriel Sylvestre, líder de operações da World Mosquito Program no Brasil (Programa Mundial de Mosquitos, em tradução livre), explica como é possível utilizar o próprio Aedes aegypti contra a dengue. Em parceria com biofábricas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), são produzidos mosquitos com a bactéria Wolbachia.
“O Wolbito é a junção de Wolbachia com mosquito. Foi descoberto que essa bactéria tinha um efeito protetor em moscas da fruta. Aquela mosquinha que vem na fruteira em casa, ela tem Wolbachia e não se infecta. A ideia era transferir esse modelo para um inseto que fosse importante para a saúde humana. Então, chegou-se à conclusão que o Aedes aegypti precisava receber essa bactéria para que houvesse possivelmente o mesmo efeito que havia com as moscas. Foi um trabalho de sucesso e, em 2009, saiu o primeiro grande trabalho científico que mostrava o efeito protetor da Wolbachia para a dengue”, explica Sylvestre.
Ele participou, então, da liberação de milhares desses mosquitos em Niterói, no Rio de Janeiro, onde observou-se uma enorme redução na contaminação pelo vírus da dengue.
A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, afirma que, com a liberação de Wolbitos, já é possível perceber uma diferença de contaminação entre as cidades de Niterói e do Rio de Janeiro.
“Niterói fez a implantação [do método com Wolbitos], foi a cidade palco da iniciativa. E nós estamos vendo poucos casos de dengue agora em Niterói. Então duas cidades muito próximas, que têm uma mobilidade grande de pessoas entre elas, com situação epidemiológica muito diferente”, avalia Ethel.
Vacina da dengue
Outra iniciativa importante é a vacinação. O Instituto Butantan, em São Paulo, está desenvolvendo a primeira vacina contra a dengue totalmente brasileira. Fernanda Boulos, diretora médica do Instituto, explica que é uma vacina de vírus vivo atenuado, ou seja, é um vírus que passou por um processo de atenuação, de forma que ele não é capaz de causar a doença.
“A vacina da dengue é desafiadora, porque a gente tem quatro sorotipos do vírus. Então nossa ideia foi de colocar os quatro sorotipos dentro da mesma vacina, com a intenção de proteger contra qualquer dengue que esteja circulando”, explica Fernanda.
Os testes dessa vacina já estão na conclusão da terceira fase e os resultados serão enviados até o final deste ano para avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), segundo a diretora do Butantan. Após análise pelo órgão regulador federal, a vacina poderá ser aprovada e incorporada ao calendário vacinal do Sistema Único de Saúde (SUS).
Fernanda explica que essa vacina brasileira será aplicada em uma única dose e que os testes mostraram uma efetividade de 80% de proteção. “A vacina protege contra 80% dos casos de dengue. Essa eficácia quer dizer que o grupo que recebeu a vacina teve 80% menos doença do que o grupo que recebeu o placebo.”
Ethel Maciel afirmou que, “do ponto de vista da operacionalização no serviço de saúde, é uma vacina muito mais fácil, pois não é preciso buscar a pessoa para a segunda dose. Então temos a possibilidade de ter uma cobertura maior da vacinação e facilitar muito a estratégia de controle”.
Vigilância ambiental
O programa mostra também o trabalho e a importância dos vigilantes ambientais, que visitam as casas, inspecionando e orientando a população sobre o combate aos focos do mosquito. De acordo com o Ministério da Saúde, 75% dos criadouros estão nas residências.
Herica Bassani, agente de vigilância ambiental em Brasília, fala sobre a importância de as pessoas abrirem suas casas para esses profissionais. “Alguns têm um pouco de receio, por medo ou por outros motivos que não sei. E acabam não deixando o agente adentrar na sua residência. Mas é importante que ela saiba que, além do trabalho do agente, ela tem que colaborar também. É a saúde de todos que está em jogo.”
O Brasil já registrou mais de 3 milhões de casos prováveis de dengue e mais de mil óbitos causados pela doença até abril deste ano. Dengue: a Realidade de uma Epidemia é o tema do programa Caminhos da Reportagem, que vai ao ar neste domingo (14), às 22h, na TV Brasil.
O programa vai mostrar como as mudanças climáticas e a adaptação do mosquito têm contribuído para a epidemia da doença. O Caminhos da Reportagem aborda desde a identificação dos sintomas e sinais de alerta, passando pela importância da vigilância ambiental e eliminação do mosquito, até novas iniciativas de combate à doença, como a vacinação e a liberação de insetos com uma bactéria que impede que eles transmitam a dengue.
Mudanças climáticas
O professor do Instituto de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Antônio Oscar Júnior explica como o aumento das temperaturas, produzido pelo processo de urbanização e crescimento das cidades, ajuda na proliferação do mosquito.
“Começamos a perceber algumas tendências para o estado do Rio de Janeiro. A gente percebe um aumento entre 3°C e 5°C nas temperaturas mínimas e um aumento entre 3°C e 4°C nas temperaturas máximas. Além de uma concentração da chuva, que é propícia para o desenvolvimento do mosquito. E, por conta dessa característica litorânea do estado do Rio de Janeiro, a gente tem um aporte significativo de umidade, que são as condições necessárias para a proliferação do mosquito”, afirma.
Em sua pesquisa Mudança Climática e Risco de Arboviroses no Estado do Rio de Janeiro, realizada juntamente com o professor Francisco de Assis Mendonça (UFPR), Antônio Oscar Júnior projeta que, até 2070, áreas mais frias e elevadas do estado do Rio, onde não havia prevalência de dengue, como Petrópolis, Teresópolis e Centro-Sul fluminense, sofrerão um aumento de temperaturas e um potencial maior de eclosão de ovos, de desenvolvimento da população de mosquito e de infecção pelo vírus da dengue.
Mosquitos
Gabriel Sylvestre, líder de operações da World Mosquito Program no Brasil (Programa Mundial de Mosquitos, em tradução livre), explica como é possível utilizar o próprio Aedes aegypti contra a dengue. Em parceria com biofábricas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), são produzidos mosquitos com a bactéria Wolbachia.
“O Wolbito é a junção de Wolbachia com mosquito. Foi descoberto que essa bactéria tinha um efeito protetor em moscas da fruta. Aquela mosquinha que vem na fruteira em casa, ela tem Wolbachia e não se infecta. A ideia era transferir esse modelo para um inseto que fosse importante para a saúde humana. Então, chegou-se à conclusão que o Aedes aegypti precisava receber essa bactéria para que houvesse possivelmente o mesmo efeito que havia com as moscas. Foi um trabalho de sucesso e, em 2009, saiu o primeiro grande trabalho científico que mostrava o efeito protetor da Wolbachia para a dengue”, explica Sylvestre.
Ele participou, então, da liberação de milhares desses mosquitos em Niterói, no Rio de Janeiro, onde observou-se uma enorme redução na contaminação pelo vírus da dengue.
A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, afirma que, com a liberação de Wolbitos, já é possível perceber uma diferença de contaminação entre as cidades de Niterói e do Rio de Janeiro.
“Niterói fez a implantação [do método com Wolbitos], foi a cidade palco da iniciativa. E nós estamos vendo poucos casos de dengue agora em Niterói. Então duas cidades muito próximas, que têm uma mobilidade grande de pessoas entre elas, com situação epidemiológica muito diferente”, avalia Ethel.
Vacina da dengue
Outra iniciativa importante é a vacinação. O Instituto Butantan, em São Paulo, está desenvolvendo a primeira vacina contra a dengue totalmente brasileira. Fernanda Boulos, diretora médica do Instituto, explica que é uma vacina de vírus vivo atenuado, ou seja, é um vírus que passou por um processo de atenuação, de forma que ele não é capaz de causar a doença.
“A vacina da dengue é desafiadora, porque a gente tem quatro sorotipos do vírus. Então nossa ideia foi de colocar os quatro sorotipos dentro da mesma vacina, com a intenção de proteger contra qualquer dengue que esteja circulando”, explica Fernanda.
Os testes dessa vacina já estão na conclusão da terceira fase e os resultados serão enviados até o final deste ano para avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), segundo a diretora do Butantan. Após análise pelo órgão regulador federal, a vacina poderá ser aprovada e incorporada ao calendário vacinal do Sistema Único de Saúde (SUS).
Fernanda explica que essa vacina brasileira será aplicada em uma única dose e que os testes mostraram uma efetividade de 80% de proteção. “A vacina protege contra 80% dos casos de dengue. Essa eficácia quer dizer que o grupo que recebeu a vacina teve 80% menos doença do que o grupo que recebeu o placebo.”
Ethel Maciel afirmou que, “do ponto de vista da operacionalização no serviço de saúde, é uma vacina muito mais fácil, pois não é preciso buscar a pessoa para a segunda dose. Então temos a possibilidade de ter uma cobertura maior da vacinação e facilitar muito a estratégia de controle”.
Vigilância ambiental
O programa mostra também o trabalho e a importância dos vigilantes ambientais, que visitam as casas, inspecionando e orientando a população sobre o combate aos focos do mosquito. De acordo com o Ministério da Saúde, 75% dos criadouros estão nas residências.
Herica Bassani, agente de vigilância ambiental em Brasília, fala sobre a importância de as pessoas abrirem suas casas para esses profissionais. “Alguns têm um pouco de receio, por medo ou por outros motivos que não sei. E acabam não deixando o agente adentrar na sua residência. Mas é importante que ela saiba que, além do trabalho do agente, ela tem que colaborar também. É a saúde de todos que está em jogo.”
O Brasil já registrou mais de 3 milhões de casos prováveis de dengue e mais de mil óbitos causados pela doença até abril deste ano. Dengue: a Realidade de uma Epidemia é o tema do programa Caminhos da Reportagem, que vai ao ar neste domingo (14), às 22h, na TV Brasil.
O programa vai mostrar como as mudanças climáticas e a adaptação do mosquito têm contribuído para a epidemia da doença. O Caminhos da Reportagem aborda desde a identificação dos sintomas e sinais de alerta, passando pela importância da vigilância ambiental e eliminação do mosquito, até novas iniciativas de combate à doença, como a vacinação e a liberação de insetos com uma bactéria que impede que eles transmitam a dengue.
Mudanças climáticas
O professor do Instituto de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Antônio Oscar Júnior explica como o aumento das temperaturas, produzido pelo processo de urbanização e crescimento das cidades, ajuda na proliferação do mosquito.
“Começamos a perceber algumas tendências para o estado do Rio de Janeiro. A gente percebe um aumento entre 3°C e 5°C nas temperaturas mínimas e um aumento entre 3°C e 4°C nas temperaturas máximas. Além de uma concentração da chuva, que é propícia para o desenvolvimento do mosquito. E, por conta dessa característica litorânea do estado do Rio de Janeiro, a gente tem um aporte significativo de umidade, que são as condições necessárias para a proliferação do mosquito”, afirma.
Em sua pesquisa Mudança Climática e Risco de Arboviroses no Estado do Rio de Janeiro, realizada juntamente com o professor Francisco de Assis Mendonça (UFPR), Antônio Oscar Júnior projeta que, até 2070, áreas mais frias e elevadas do estado do Rio, onde não havia prevalência de dengue, como Petrópolis, Teresópolis e Centro-Sul fluminense, sofrerão um aumento de temperaturas e um potencial maior de eclosão de ovos, de desenvolvimento da população de mosquito e de infecção pelo vírus da dengue.
Mosquitos
Gabriel Sylvestre, líder de operações da World Mosquito Program no Brasil (Programa Mundial de Mosquitos, em tradução livre), explica como é possível utilizar o próprio Aedes aegypti contra a dengue. Em parceria com biofábricas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), são produzidos mosquitos com a bactéria Wolbachia.
“O Wolbito é a junção de Wolbachia com mosquito. Foi descoberto que essa bactéria tinha um efeito protetor em moscas da fruta. Aquela mosquinha que vem na fruteira em casa, ela tem Wolbachia e não se infecta. A ideia era transferir esse modelo para um inseto que fosse importante para a saúde humana. Então, chegou-se à conclusão que o Aedes aegypti precisava receber essa bactéria para que houvesse possivelmente o mesmo efeito que havia com as moscas. Foi um trabalho de sucesso e, em 2009, saiu o primeiro grande trabalho científico que mostrava o efeito protetor da Wolbachia para a dengue”, explica Sylvestre.
Ele participou, então, da liberação de milhares desses mosquitos em Niterói, no Rio de Janeiro, onde observou-se uma enorme redução na contaminação pelo vírus da dengue.
A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, afirma que, com a liberação de Wolbitos, já é possível perceber uma diferença de contaminação entre as cidades de Niterói e do Rio de Janeiro.
“Niterói fez a implantação [do método com Wolbitos], foi a cidade palco da iniciativa. E nós estamos vendo poucos casos de dengue agora em Niterói. Então duas cidades muito próximas, que têm uma mobilidade grande de pessoas entre elas, com situação epidemiológica muito diferente”, avalia Ethel.
Vacina da dengue
Outra iniciativa importante é a vacinação. O Instituto Butantan, em São Paulo, está desenvolvendo a primeira vacina contra a dengue totalmente brasileira. Fernanda Boulos, diretora médica do Instituto, explica que é uma vacina de vírus vivo atenuado, ou seja, é um vírus que passou por um processo de atenuação, de forma que ele não é capaz de causar a doença.
“A vacina da dengue é desafiadora, porque a gente tem quatro sorotipos do vírus. Então nossa ideia foi de colocar os quatro sorotipos dentro da mesma vacina, com a intenção de proteger contra qualquer dengue que esteja circulando”, explica Fernanda.
Os testes dessa vacina já estão na conclusão da terceira fase e os resultados serão enviados até o final deste ano para avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), segundo a diretora do Butantan. Após análise pelo órgão regulador federal, a vacina poderá ser aprovada e incorporada ao calendário vacinal do Sistema Único de Saúde (SUS).
Fernanda explica que essa vacina brasileira será aplicada em uma única dose e que os testes mostraram uma efetividade de 80% de proteção. “A vacina protege contra 80% dos casos de dengue. Essa eficácia quer dizer que o grupo que recebeu a vacina teve 80% menos doença do que o grupo que recebeu o placebo.”
Ethel Maciel afirmou que, “do ponto de vista da operacionalização no serviço de saúde, é uma vacina muito mais fácil, pois não é preciso buscar a pessoa para a segunda dose. Então temos a possibilidade de ter uma cobertura maior da vacinação e facilitar muito a estratégia de controle”.
Vigilância ambiental
O programa mostra também o trabalho e a importância dos vigilantes ambientais, que visitam as casas, inspecionando e orientando a população sobre o combate aos focos do mosquito. De acordo com o Ministério da Saúde, 75% dos criadouros estão nas residências.
Herica Bassani, agente de vigilância ambiental em Brasília, fala sobre a importância de as pessoas abrirem suas casas para esses profissionais. “Alguns têm um pouco de receio, por medo ou por outros motivos que não sei. E acabam não deixando o agente adentrar na sua residência. Mas é importante que ela saiba que, além do trabalho do agente, ela tem que colaborar também. É a saúde de todos que está em jogo.”