Com 342 mil automóveis, Maringá tem média de 0,83 veículo por habitante. Afinal, segundo o último Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Cidade Canção tem uma população formada por 409.657 pessoas.
Maringá possui a terceira maior frota de veículos do Paraná com mais de 342 mil até 2023. Segundo números do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR), a cidade conta com 180,6 mil automóveis, 47,2 mil motocicletas, 10.481 caminhões, 20.500 motonetas, 10.087 reboques, 6.864 utilitários e 882 ônibus, atualmente.
Em outras palavras, média de 0,83 veículo por habitante. Afinal, segundo o último Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Cidade Canção tem uma população formada por 409.657 pessoas. “Qualquer cidade com estes números, pode-se dizer que o trânsito terá problemas relacionados a congestionamentos, falta de vagas de estacionamentos, grandes dificuldades de gerenciamento do trânsito, descontentamento por parte da população, acidentes e deslocamentos mais demorados”, enfatiza o professor e mestre em Engenharia Urbana pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Thiago Botion Neri.
Neri faz parte de Departamento de Engenharia Civil (DEC) da UEM, com atuação nas áreas de planejamento de transportes, engenharia de tráfego urbano e geoprocessamento aplicado a arquitetura e urbanismo e comenta que, para ele, o trânsito em Maringá se comparado com Rio de Janeiro ou São Paulo vai ser visto como muito tranquilo, no entanto se comparar com trânsito de cidades com menor número de habitantes vai parecer caótico.
“O trânsito deve ser visto de acordo com a realidade de cada cidade. No caso de Maringá, poderíamos, sem dúvida nenhuma, ter um trânsito bem mais tranquilo em se tratando de quantidade de veículos nas ruas. Para isso, um sistema de transporte público eficiente e de baixo custo para a população, somadas a políticas públicas de uso e ocupação do solo urbano que favoreçam o transporte público e os deslocamentos curtos, são essenciais”, salienta o professor.
Segundo explica o engenheiro os problemas são reflexo de anos de políticas de transporte voltadas apenas para solucionar problemas de fluidez do trânsito e beneficiando o uso dos automóveis, o que consequentemente acaba por gerar mais demandas por este meio de transporte. Ele lembra ainda que este tipo de política de transporte não é exclusivo de Maringá, mas de um processo em nível nacional.
Mudanças de sentido
As alterações nos sentidos das vias é feito com base no plano de circulação de uma região, estabelecendo uma forma planejada de distribuir os fluxos veiculares pelas vias e conforme suas capacidades e hierarquias. São utilizados softwares que simulam diferentes cenários, tanto o comportamento do fluxo de veículos no novo sentido da via, como as consequências nas demais vias devido ao sentido que foi obstruído e se distribuirá por outras alternativas.
“O uso destes recursos trouxe mais agilidade e assertividade nesta que é uma tarefa complexa. O que não podemos esquecer é que sempre que uma via tem sentidos alterados, vias do entorno sofrerão consequências e é necessário tenhamos formas eficazes de conhecermos estas consequências e buscar soluções que garantam segurança a todos os usuários das vias”, frisa Neri.
Congestionamento
Para o professor, tudo depende de cada caso. Um exemplo que ele expõe é se um cruzamento com uma rotatória que não está mais conseguindo absorver a demanda de veículos nos horários de pico e está causando grandes congestionamentos em suas aproximações.
Neste caso, serão necessários estudos sobre o fluxo veicular nesta rotatória e em todas as suas aproximações, estabelecendo um completo diagnóstico acerto do comportamento deste fluxo veicular, para então ser possível traçar um prognóstico e delimitar uma alternativa contribua para um melhor desempenho da rotatória (colocação de semáforos, aumentar o tamanho da rotatória e consequentemente sua capacidade, entre outros exemplos).
Melhorias impactantes
A utilização de sincronização semafórica foi uma das medidas mais impactantes que ocorreu nos últimos 15 anos na cidade, agilizando a circulação por áreas que possuem seguidos semáforos.
Outra foi a construção do corredor de ônibus da avenida Mandacaru, que trouxe maior agilidade ao deslocamento das linhas que circulam por aquela avenida.
E a queda no número de acidentes: fruto de campanhas de conscientização, arrojo das leis e principalmente da fiscalização de trânsito.
O que precisa evoluir?
Para o professor Thiago Botion Neri, a inserção de políticas públicas eficientes no incentivo ao transporte público por ônibus. “Colocar wi-fi nos veículos e segurar por um tempo o aumento da tarifa é muito pouco, diria até quase nada. Quem usa o transporte coletivo está preocupado com o tempo de viagem (espera e em deslocamento) e com o custo deste deslocamento”, explica.
Continuidade do plano cicloviário e moderação do tráfego com a diminuição da velocidade máxima permitida são outros pontos destacados por Neri. “Estes são apenas alguns pontos importantes, claro que não esgotaremos eles aqui, pois se trata de uma questão complexa e que exige medidas também nas políticas de uso e ocupação do solo da cidade”, conclui.
Com 8,3 milhões, frota de veículos no Paraná cresceu 35,6% em dez anos
O Paraná contabilizou 8.358.311 em 2023, 12% a mais do que em 2019, quando somava 7.453.198 veículos. Em relação a 2013 (6.159.417), o aumento é de 35,6%. Os dados do Detran-PR são publicados desde janeiro de 2007 – naquela ocasião eram 3.693.284 veículos. Como a população do Paraná é de 11.444.380 habitantes, conforme o Censo 2022, a relação é de 0,73 veículo por pessoa rodando pelas vias do Paraná.
A frota do Estado é composta principalmente por automóveis (4.731.957), motocicletas (1.223.839), caminhonetes (771.188), motonetas (342.265) e caminhões (293.589). São, ainda, 42.223 ônibus, 25.706 micro-ônibus e 2.827 triciclos. A cidade paranaense com mais veículos registrados até dezembro de 2023 é Curitiba, que tem 1.564.473 e a com menos veículos registrados Nova Aliança do Ivaí (853).