Eleitos com 131.819 votos (65,57%) no 1ª turno do pleito municipal de 2024, Silvio Barros (PP), prefeito, e Sandra Jacovós (PL), vice, vão governar Maringá pelos próximos quatro anos, a partir de 2025. No dia seguinte ao resultado das urnas, 7 de outubro, já se reuniram com o atual prefeito Ulisses Maia para conversar sobre a transição.
Em entrevista a este O Maringá, gravada nos estúdios do jornal, Barros disse que a prioridade dos primeiros meses de administração se refere às maiores demandas apresentadas pela população durante a campanha eleitoral: segurança, saúde e trânsito. “Já estamos identificando algumas iniciativas e algumas propostas que possam começar a ser implementadas já no início do mandato. Para que naquela cobrança que vocês, da imprensa, sempre fazem, nos primeiros 100 dias de governo”, referindo-se ao famoso período de mandato à frente do Executivo.
Mas o prefeito eleito avisa que não se limitará somente às prioridades elencadas. “Todas as secretarias têm que trabalhar, todas elas vão ter que apresentar alguma coisa no relatório dos 100 dias de governo”.
Barros tem a seu favor o fato de já ter sido prefeito em outras duas gestões no passado (de 2005 a 2012). Segundo ele, essa experiência ajuda a ganhar tempo nessas decisões, pois tem conhecimento nesse início de gestão. “E é exatamente para não dar um descompasso muito grande entre a ação do prefeito e a ação da vice-prefeita que vai substituir o prefeito em várias ocasiões”, referindo-se ao fato de que sua vice não vai assumir uma secretaria municipal, ficando dedicada à administração. “Ela [Sandra Jacovós] é a primeira mulher que assume o executivo maringaense, mas não é a primeira mulher que assume uma secretaria. Ela quer dar obviamente um empoderamento para mulher no Executivo e eu pretendo colocar Maringá no cenário internacional. Então, eu estarei viajando muitas vezes e ela vai ter que assumir, por isso vai ter que acompanhar tudo que está acontecendo em todas as secretarias e não uma pasta só”.
Sobre a importância de ter sido eleita como a primeira no Executivo maringaense, Jacovós destaca que a mulher necessita romper a histórica relação de dependência, financeira e psicológica, do homem. “A mulher precisa ocupar o espaço acreditando que esse espaço é dela”, diz, na entrevista. “Nosso objetivo é realmente fazer com que haja um ambiente que possa trazer essa possibilidade da mulher efetivamente conseguir essa liberdade financeira e isso é através de vários sistemas, como treinamento e apoio realmente no empreendedorismo e para que ela possa ser protagonista da sua vida e vir a trabalhar ao lado dos homens de nível igual”.
E, em relação ao secretariado da nova gestão, a vice reforçou que ela não assumirá o comando de uma determinada pasta municipal. “Nós fomos eleitos para estar ao lado do prefeito como vice-prefeita, trabalharmos juntos para atender a população. Onde o prefeito não puder estar, que eu possa e assim vice-versa”, afirma Jacovós, explicando que o objetivo é fazer um trabalho mais direto com a população, mais próximo.
Secretariado
Por falar em secretariado, Barros deixou claro que, por enquanto, nenhum nome foi indicado. “Estamos com as propostas. Os partidos vão apresentar os nomes para nós sabermos se existe empatia, se existe uma perspectiva de bom relacionamento. Porque, para entregar tudo, nós precisamos de um baita time”.
Inclusive, ele e sua vice se dedicam atualmente ao período de transição, cuja equipe está em fase de montagem para começar os trabalhos no próximo dia 21 de outubro.
Outra frente é ouvir os partidos da coligação que ajudaram na campanha, para saber suas expectativas e de participação no governo. “Eles não participaram só da eleição, eles têm responsabilidade de nos ajudar na gestão para a gente poder entregar aos maringaenses aquilo que a população espera. E agora é hora de ouvir o que cada partido tem para contribuir com a gente, que áreas da gestão pública eles sentem que têm condições, que tem gente qualificada para nos ajudar”, explicando que primeiro foi o Partido Liberal (PL), que faz parte da chapa majoritária.
Nesse caso, um nome é o Delegado Jacovós, peça importante para contribuir na área da segurança pública. “É deputado, mas antes disso delegado por muitos anos. Tem experiência. Juntamente com outras forças, outras lideranças, vão estar colaborando na segurança pública de Maringá”, acrescentou a vice eleita. Ela também mencionou que na área central do município, onde ocorrem crimes, tem pessoas em vulnerabilidade social, um público muito sensível. É necessário, segundo Sandra, de políticas públicas interligadas. “Tem algumas pessoas que estão ali [na rua] que precisam de ser atendidas e não querem estar nessa situação. Elas precisam de um trabalho, elas precisam de alimento, precisam de um encaminhamento e assim será dado através da própria assistência social”.
Obras
Em relação às obras em fase de realização em Maringá, Silvio Barros e Sandra Jacovós explicam que o dinheiro público merece respeito, pois é um recurso que não pertence ao prefeito, ele é da população. “Então se foi aplicado o recurso numa obra que não terminou, ela tem que terminar, ela precisa cumprir o seu objeto social. Nós não pretendemos paralisar nenhuma obra. Aquilo que está começado, licitado, vai ter que terminar”, diz o prefeito eleito.
No entanto, aquilo que ainda não começou, será estudado. “Vamos avaliar, vamos debater com a nossa equipe. Vamos discutir um pouco com a sociedade, em alguns casos a gente entende que é necessário, para que a gente defina se é ou não aquela a melhor proposta”, exemplificando que algumas praças foram totalmente revitalizadas na Cidade Canção. “Investiu-se um bom dinheiro, a praça ficou bonita, ninguém está dizendo que está feio, mas ela não é usada. A gente passa lá de manhã, passa de tarde, passa de noite, não tem nada. Às vezes, a ideia é boa, o projeto arquitetônico ficou bacana, mas não era isso que a comunidade queria”.
Assim, as obras que ainda não começaram passarão por consulta à comunidade, utilizando ferramentas tecnológicas dentro de um processo chamado urbanismo colaborativo. “Onde a gente discute um projeto com as pessoas que vivem em torno para saber o que é que eles gostariam que tivessem naquele espaço para eles usarem. Não é para a cidade ficar mais bonita ou menos bonita, mas para que a comunidade use. Afinal, o nome que se dá a isso é espaço público”.
Legado
Analisando Maringá, o prefeito eleito Silvio Barros entende que a cidade pode ir mais longe em termos de desenvolvimento, ficando melhor e entregando mais para a população. “Esse vai ser o nosso legado: a gente chegar no final do mandato e as pessoas olharem para o que a gente fez e dizer: ‘valeu a pena, nós de fato estamos percebendo que podíamos receber muito mais do que a gente estava recebendo’”, referindo-se à marca desejada em sua gestão político-administrativa ao lado da vice eleita Sandra Jacovós.
Já do ponto de vista físico, Barros afirma que existem desafios, caso, por exemplo, da duplicação do Contorno Sul. “Isso é um legado que a gente quer deixar para as próximas gerações da cidade. Uma obra transformadora, como foi o contorno Norte, como foi o rebaixamento da linha férrea. Nós queremos deixar algumas obras que fazem de Maringá o antes e o depois”, destacando que são obras estruturantes, que fazem diferença, de transformação.