Em cartaz na Sala Lukas do Centro de Ação Cultural Márcia Costa (CAC), em Maringá, a exposição “Transiências” é um convite para interagir e imergir na arte.
Trata-se de mostra coletiva dos artistas C. Augusto, Gabriela Narumi Inoue e Sheliza Onohine Makiyama guiada pela união de arte e tecnologia, com instalações, esculturas cinéticas, obras interativas e videoartes. A curadoria é de Paula Luersen.
Por exemplo, em uma das instalações o público pode tocar numa caixa e senti-la aquecendo até provocar um efeito em seu interior. Só precisa ter cuidado com o calor e não ser queimado. Em outra, é possível sentar em uma rede com fone de ouvido. Mediadores no CAC informam e recebem os visitantes.
Segundo Sheliza Onohine, o embrião da exposição se deu em 2022, quando ela e Narumi eram recém-formadas e buscavam, junto de Augusto, montar uma exposição em Maringá. O trio analisou o cenário artístico da cidade e se inspirou também em uma viagem feita a São Paulo em um evento de arte e tecnologia, um pouco antes da formatura em Artes Visuais na Universidade Estadual de Maringá (UEM).
“Foi o pontapé inicial”, explica Sheliza, destacando que a ideia era trazer para a Cidade Canção uma atração diferente, envolvendo arte e tecnologia e a produção de cada um dos três artistas. Aliás, o desafio era dialogar as obras. À época, eles participaram do grupo de estudo e laboratório Art.es. “Foi fundado também para suprir algumas carências dentro do curso, nessa questão das artes e tecnologias, muitas vezes por questões de recurso. E como a gente já estava dentro dessa conversa, pensou em puxar para esse lado da arte e tecnologia trazer algo diferenciado no cenário maringaense”, complementa Narumi, em entrevista gravada nos estúdios do jornal O Maringá.
Assim, nascia “Transiências” cujo objetivo principal era fugir da exposição convencional, ou seja, dos quadros e molduras posicionados de maneira estática. “A gente buscou trazer coisas diferentes, que foge do convencional, também dialogando bastante com a arte contemporânea, aquela que nos permite abraçar e explorar outros conceitos, outras técnicas e materialidades”, afirma Sheliza.
Inclusive, o trio de artistas levou parte das obras para o Terminal Urbano de Maringá, um local de fluxo de passageiros que muitas vezes não têm acesso a uma galeria de arte. São cinco obras expostas no Acesso 2 do Terminal, sendo quatro individuais e uma coletiva, até 23 de outubro. Também tem mediadores no local.
“É muita curiosidade do que está acontecendo ali. É gente que não está acostumado a ver aquela sala aberta também tendo algum evento. Muitos vêm curiosos para saber o que está acontecendo. Eles descobrem que é uma exposição de arte e resolvem entrar e explorar”, relata Narumi.
Na avaliação de Sheliza, o público costuma ter a imagem de que uma exposição artística pertence somente a museus e galerias, algo elitista e distante. No Terminal, “Transiências” atinge pessoas comuns, que estão passando ao lado do local, e podem conhecer a arte com outro formato. “Percebe o espaço ali do cotidiano com outro olhar também”.
CAC
Já a exposição principal na Sala Lukas do CAC, que segue até 28 de outubro, inclui sete obras, sendo três individuais e quatro coletivas. A classificação indicativa é para maiores de 12 anos.
Todas as obras se destacam pela proposta de interatividade com o público, pelo diálogo entre o orgânico e o sintético e pela abordagem de temas como temporalidade e espacialidade.
Um exemplo é a escultura cinética “Flipper”, que combina reflexo e movimento para abordar os temas da memória, vida e tempo. A obra contém 30 ampulhetas suspensas que giram em ritmos diferentes, criando padrões que alternam entre ordem e caos. Espelhos posicionados ao redor das ampulhetas ampliam a profundidade, misturando imagens reais e virtuais em um caminho aparentemente infinito.
O projeto busca a inclusão de pessoas com deficiência visual por meio da audiodescrição das obras.
Curadoria
Narumi e Sheliza Onohine relatam que conheceram a curadora de “Transiências” durante a graduação na UEM, quando Paula Luersen era professora. Atualmente, Luersen mora na Bahia e o desafio foi fazer a curadoria a distância. “Ela fez esse trabalho de curadoria e acompanhamento artístico. Desde o início do projeto, a gente já começou o diálogo online por reuniões e a gente ia dialogando sobre o processo da obra”, recorda Narumi, destacando que, como os três artistas estavam imersos no processo, precisavam de um olhar externo para ver se tudo fazia sentido.
“Outro ponto também que ela instigava a gente a outras coisas. A Paula era muito boa nisso”, destaca Sheliza, explicando que a curadora questionava, potencializando as obras.
Conversa
Além dos mediadores, aos sábados os artistas estarão na mostra para conversar com o público. Ou seja, quem visitar “Transiências” poderá conhecer os produtores e trocar ideias/impressões sobre as obras. “Como nossa exposição tem esse diferencial de querer aproximar arte do público e democratizar o acesso, aproximar também de um artista”, defende Sheliza.
Produção
A exposição “Transiências” foi produzida com verba de Incentivo à Cultura, Lei Municipal de Maringá n.º 11200/2020, Prêmio Aniceto Matti.
Serviço
“Transiências”
De C. Augusto, Gabriela Narumi Inoue e Sheliza Onohine Makiyama.
Curadoria de Paula Luersen
De 24 de setembro a 23 de outubro no Acesso 2 do Terminal Urbano
De 3 a 28 de outubro na Sala Lukas do CAC – Centro de Ação Cultural Márcia Costa (Av. XV de Novembro, 514, centro)
Horários:
Terminal: segunda a sexta, das 7h30 às 19h
CAC: segunda a sexta, das 9h às 17h. Sábados, das 12h às 17h
Entrada gratuita
Ficha Técnica
Artistas: C. Augusto, Gabriela Narumi Inoue e Sheliza Onohine Makiyama.
Curadoria: Paula Luersen.
Produção executiva: Studiya Produtora Cultural e Gabriela Narumi Inoue
Apoio: Art.es
Redes sociais: Sheliza Onohine Makiyama e Agência Samba – Marketing Digital
Assessoria de imprensa: 2 Coelhos Comunicação e Cultura