Um barril de pólvora prestes a explodir, rebelião de grandes proporções e um banho de sangue histórico. Estes são alguns termos que fazem parte de uma carta escrita por presos da Penitenciária Estadual de Cascavel (PETBC) recebida pela família de um deles e chegou a conhecimento público por meio da imprensa no último domingo, 19. Nela, os presos apelam por ajuda, denunciam a superlotação e abusos cometidos por agentes penitenciários, principalmente pelo chefe de Segurança da penitenciária.
Na carta, os presos dizem que a superlotação tem gerado um clima de tensão cada vez mais insustentável. Eles falam de constante opressão e humilhação, tanto para os detentos quanto para seus familiares. Há relatos de coerção nas visitas, intimidação de parentes e até agressões físicas a presos algemados.
Os presos dizem na carta que se não forem tomadas providências urgentemente, eles não hesitarão em adotar medidas extremas, inclusive fora da penitenciária. Eles falam em uma nova rebelião, de grande proporções, que poderia resultar em um banho de sangue histórico.
Polícia Penal investiga denúncias
A Polícia Penal do Paraná informou que está investigando a veracidade das alegações presentes na carta dos presos da Penitenciária Estadual de Cascavel.
A situação da unidade prisional de Cascavel levanta questionamentos sobre a gestão das unidades prisionais no Estado e a necessidade urgente de soluções para evitar possíveis rebiliões.
Veja a carta na íntegra
Viemos através desta carta relatar e, ao mesmo tempo, pedir a atenção dos meios de telecomunicação em forma de um pedido de socorro. Não somos funcionários, mas sim a população carcerária da Penitenciária PETBC de Cascavel, onde não queremos regalias, apenas nossos direitos e a possibilidade de cumprir nossa pena de forma digna, pois estamos sendo humilhados. Não só nós, mas também nossos familiares, que estão sendo oprimidos e coagidos em nome do chefe de segurança. Tentamos dialogar com ele, mas não há diálogo, pois estão coagindo nossas visitas e até nossos filhos pequenos.
Não queremos medir forças, mas o chefe de segurança está nos forçando, como massa carcerária, a tomar uma atitude radical. Todos sabem que a unidade já teve duas rebeliões e nenhuma delas resultou em mudanças. Sempre a mesma opressão e desrespeito com nossos familiares. Jamais aceitaremos isso e não queremos chegar ao extremo, mas o chefe de segurança está nos obrigando a reagir. Se for necessário, daremos nossas próprias vidas em prol de nossas famílias e para acabar com a opressão, já que não há diálogo.
Estamos pedindo socorro, pois a unidade está em superlotação e é um barril de pólvora. A qualquer momento, pode explodir, e, infelizmente, será o maior banho de sangue da história desta penitenciária. Queremos que esta carta seja lida em canal aberto, pois estamos todos os dias assistindo à TV e pedimos ajuda de vocês, pois esta unidade se encontra com três facções rivais, e nós somos apenas a massa carcerária. Não queremos que chegue a tal ponto, mas se não nos derem atenção, nós, como criminosos, começaremos a agir aqui dentro e, lá fora, incendiando ônibus.
As mortes dentro da unidade já começaram, mas o chefe de segurança está omitindo e acobertando os fatos para as famílias dos envolvidos. Para a população de bem, estamos deixando claro nosso pedido de socorro e informamos que vamos reagir. E tudo isso será responsabilidade do chefe de segurança e dos demais envolvidos, que gostam de bater em presos algemados e humilhar a família.
Agradecemos a atenção e pedimos retorno dos órgãos públicos e da mídia, pois estamos assistindo à TV todos os dias.
Ass: Massa carcerária PETBC
(Com informações CGN)
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