Desde 1º de janeiro, o Brasil assumiu a presidência rotativa do BRICS e pretende acelerar a adoção de moedas locais para transações financeiras entre os países-membros do bloco. A iniciativa visa reduzir os custos operacionais do comércio e dos investimentos entre essas economias emergentes, fortalecendo sua independência em relação ao dólar.
A confirmação foi dada nesta sexta-feira (21) pelo secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores, Mauricio Lyrio, que atua como negociador-chefe do Brasil no BRICS. Segundo ele, o uso de moedas locais já ocorre de forma bilateral entre alguns membros do grupo e será ampliado ao longo da presidência brasileira.
Moeda Comum Ainda Não Está em Debate
Embora a ampliação do uso de moedas locais esteja no foco do BRICS, Lyrio esclareceu que a criação de uma moeda comum não está em pauta neste momento. Segundo ele, a complexidade do processo e as particularidades econômicas de cada nação dificultam a implementação desse projeto a curto prazo.
A declaração vem em um momento de tensão geopolítica, após o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçar impor tarifas de 100% sobre importações dos países do BRICS caso o bloco tente reduzir a dependência do dólar. No entanto, o diplomata brasileiro afirmou que a decisão de não discutir uma moeda comum não foi influenciada por pressões externas.
“Nada impede que os chefes de Estado debatam essa possibilidade no futuro, mas, por ora, o foco está na viabilização do comércio em moedas locais”, explicou Lyrio.
Reuniões Estratégicas e Prioridades da Presidência Brasileira
Os principais negociadores das 11 nações que compõem o BRICS se reunirão nos dias 25 e 26 de fevereiro para discutir o sistema de pagamentos em moedas locais e alinhar as demais prioridades do Brasil à frente do grupo.
Além da agenda financeira, outros temas estratégicos serão debatidos, incluindo:
- Cooperação em saúde;
- Financiamento de ações contra as mudanças climáticas;
- Comércio, investimento e finanças;
- Governança da inteligência artificial;
- Desenvolvimento institucional do BRICS.
O encontro será aberto pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, no Palácio do Itamaraty, em Brasília, e pode contar com um discurso especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo dia do evento.
As decisões tomadas nessa reunião servirão como base para a Cúpula de Chefes de Estado do BRICS, marcada para 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro. A presidência brasileira busca fortalecer a cooperação entre os países-membros e reformar a governança global, tornando-a mais inclusiva e representativa das economias emergentes.