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Incêndio em Realengo Expõe os Perigos do Transtorno de Acumulação

Por Erick Matias
24 de março de 2025
Bruno Peres/Agência Brasil

Bruno Peres/Agência Brasil

Na madrugada da última quarta-feira, um incêndio consumiu uma casa de três andares em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro. O que poderia ter sido apenas mais uma ocorrência de fogo ganhou contornos dramáticos quando o morador, um idoso, tentou entrar duas vezes na residência em chamas. Mas sua intenção não era resgatar um familiar ou um animal de estimação—ele queria salvar os objetos acumulados ao longo dos anos.

O Corpo de Bombeiros precisou conter o idoso para evitar que ele se colocasse em risco ainda maior. Enquanto isso, o acúmulo de lixo e materiais inflamáveis no imóvel alimentava as chamas e dificultava o combate ao fogo, expondo um problema que tem se tornado cada vez mais comum nas ocorrências atendidas pela corporação: o transtorno de acumulação.

Acumulação e Risco de Incêndio

De acordo com o porta-voz do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro, major Fábio Contreiras, situações como essa são frequentes. Ele explica que o acúmulo excessivo de materiais dentro das casas cria barreiras que dificultam não apenas o resgate em caso de incêndio, mas também a ventilação do local, tornando as chamas ainda mais perigosas.

Além disso, muitas dessas pilhas de objetos ficam próximas a fontes de calor, como fogões e cabos energizados, aumentando o risco de combustão espontânea. E, quando o fogo começa, o excesso de materiais inflamáveis faz com que a propagação seja rápida e intensa.

“O incêndio se torna muito mais agressivo, pois a energia térmica liberada pelo calor é maior. O acumulador tem menos chance de escapar porque, muitas vezes, ele fica preso dentro do próprio ambiente que criou”, afirma Contreiras.

O problema atinge, principalmente, idosos, que representam a maior parte dos casos registrados. Mas os riscos não se limitam ao fogo. Acumuladores podem sofrer quedas, ficar soterrados sob pilhas de objetos e desenvolver doenças causadas por mofo, poeira e pragas urbanas, como ratos e baratas.

A Raiz Psicológica da Acumulação

O transtorno de acumulação vai muito além de um simples apego a objetos. Segundo o psicólogo José Maria Montiel, especialista em envelhecimento, essa compulsão pode estar ligada à ansiedade e ao isolamento social.

“Com o passar dos anos, algumas pessoas desenvolvem um apego extremo a coisas aparentemente sem valor. Para elas, esses objetos podem representar segurança, memória ou até mesmo companhia. O problema é que, com o tempo, isso foge do controle e compromete completamente a qualidade de vida”, explica Montiel.

Ao contrário dos colecionadores, que organizam e valorizam suas peças, os acumuladores guardam todo tipo de material—de roupas velhas a embalagens de supermercado—sem critérios ou controle. E, com o tempo, a casa se transforma em um ambiente insalubre e perigoso.

O isolamento social também agrava o problema. Muitos acumuladores deixam de receber visitas por vergonha ou pela impossibilidade física de abrir espaço para os outros em suas casas. Essa desconexão da realidade faz com que o transtorno se aprofunde ainda mais.

Quando a Acumulação se Torna Doença

O psiquiatra Leonardo Baldaçara, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), alerta que a acumulação compulsiva pode ser um sintoma de transtornos mais graves, como o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e até mesmo a demência.

“Há casos em que a pessoa tem plena consciência de que o acúmulo está prejudicando sua vida, mas não consegue parar. Outros, no entanto, perdem completamente o senso crítico e acreditam que seu comportamento é normal”, explica Baldaçara.

Para os casos mais extremos, o especialista recomenda a busca por assistência médica. Equipes de saúde da família podem ser acionadas para intervir de forma humanizada, ajudando o acumulador a entender a gravidade do problema e aceitar tratamento.

O Impacto na Família

O transtorno de acumulação não afeta apenas o portador da condição, mas também seus familiares. Ivana Portella, psicóloga e fundadora da empresa de organização “A Casa com Vida”, explica que lidar com um acumulador pode ser um grande desafio emocional.

“Muitos familiares se desesperam ao ver um pai, uma mãe ou um irmão vivendo em meio ao caos, mas a pessoa não enxerga aquilo como um problema. Para ela, aqueles objetos são parte da sua vida, e qualquer tentativa de interferência é vista como uma ameaça”, afirma.

Por isso, a abordagem deve ser cuidadosa. Em vez de simplesmente descartar os objetos acumulados, o ideal é incentivar a pessoa a buscar ajuda profissional. Psicoterapia e acompanhamento psiquiátrico podem ajudar a reverter o quadro e devolver qualidade de vida ao acumulador e à sua família.

Um Problema que Exige Atenção

Casos como o do incêndio em Realengo evidenciam os riscos do transtorno de acumulação e a importância de tratar essa condição com seriedade. Além de comprometer a segurança do próprio acumulador, a prática representa uma ameaça aos vizinhos e às equipes de resgate que precisam atuar em espaços tomados pelo excesso de materiais inflamáveis.

A conscientização e o suporte profissional são essenciais para evitar que situações como essa se repitam. Afinal, o perigo do fogo pode ser contido pelos bombeiros, mas o transtorno de acumulação exige um combate muito mais complexo—um resgate psicológico e emocional para aqueles que vivem aprisionados dentro de suas próprias casas.

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