O diagnóstico da Síndrome de Asperger é o mesmo do Transtorno Espectro Autista (TEA). É possível identificar quando o indivíduo tem uma deficiência na comunicação verbal ou não verbal, e também na interação, que é capaz de afetar nos relacionamentos. Dessa maneira, surgem outras dificuldades, como o discurso muito estereotipado, o modo de falar que é sempre diferente e repetitivo, além do apego pela rotina.
Ademar Ignácio de Moraes é neuropediatra há 18 anos e relata que existem crianças que quando vão para a escola, precisam ir pelo mesmo caminho, e que quando os pais trocam o trajeto, não aceitam. Ele revela que a maioria dos diagnosticados com síndrome de asperger tem problema com estímulos, como barulho alto, texturas.
Segundo o neuropediatra, para diferenciar o autismo leve dos outros é por meio do grau de acometimento. “Quanto menos a pessoa é acometida pelo autismo, ou seja, quanto menos isso afeta a vida dela e quanto menos precisa de apoio o tempo todo, mais leve é o quadro”, diz. Ainda de acordo com ele, um sujeito que tem o autismo do nível grave precisa de apoio constantemente, então, não pode ir desacompanhado para a escola, não pode ficar sozinho, precisa de ajuda na hora que for comer, auxílio para se vestir, tomar banho. Já os casos de autismo moderado necessitam de menos assistência, e o leve, de menos ainda, com terapias.
A.C, de 9 anos, foi diagnosticado com síndrome de asperger quando tinha quase três. A mãe, D.G, que preferiu não ser identificada, revelou que já sabia que o filho tinha o transtorno. “Era bem evidente alguns comportamentos”, afirma. De acordo com ela, a primeira psicopedagoga que acompanhou A.C declarou que não era para ter muita expectativa no desenvolvimento dele, que seria lento. “Percebemos falta de profissionais capacitados no início, demorou para acertarmos as pessoas que acompanhariam nosso filho. Trocamos de psicóloga três vezes. A primeira queria analisar a gente. Depois que achamos os profissionais certos, as coisas andaram e tivemos grandes avanços.”
Síndrome de Asperger x QI elevado
Engana-se quem acredita que pessoas que têm a Síndrome de Asperger ou Transtorno de Espectro Autista (TEA) muito leve são aqueles indivíduos extremamente inteligentes. Conforme o neuropediatra Ademar Ignácio de Moraes não há relação entre o TEA e a inteligência, pois existem sujeitos com a síndrome e que tem retardo mental, além daqueles com inteligência normal. Em algumas situações pode haver os com QI muito elevado. Para ele, existem inúmeras vantagens de ter um QI elevado. “Eles aprendem coisas que a gente tem muita dificuldade”, diz. É como o caso de A.C, que tem facilidade com números. Com cinco anos ele já conhecia algarismos em francês, latim e inglês.
Em 2018 A.C começou o curso de robótica na escola Happy Code, onde permaneceu por um ano. Lá ele tinha dois robôs pequenos, Dash e Doty. Nas aulas as crianças aprendiam a criar comandos para robôs por meio de tablets, usando a linguagem de programação. No ano passado ele começou aulas de programação de Minecraft, que tiveram que ser interrompidas por causa da pandemia.
A.C faz somente terapias ocupacionais desde que começou a onda do coronavírus.