Ela já foi tema de livros, personagem de filme de sucesso, incontáveis documentários e nem sabia quantas reportagens especiais em jornais, revistas e TV. Jane Goodall, conhecida como Amiga dos Chipanzés, morreu na manhã desta quarta-feira, 18, aos 91 anos. E morreu trabalhando, como fez a vida inteira.
Apesar da idade, Jane fazia cerca de 300 palestras por ano em diferentes países e continentes. Ontem ela estava na Califórnia, em meio a uma turnê de palestras pelos Estados Unidos, foi dormir e morreu.
A cientista e ativista global, Jane Goodall é reconhecida por transformar a paixão de infância pelos animais em uma vida dedicada à ciência e à proteção ambiental, Jane revolucionou a primatologia e inspirou gerações. Ela ficou mundialmente conhecida como “amiga dos chimpanzés”.
Em um dos filmes que contam a trajetória da Jane Morris Goodall; nascida Valerie Jane Morris-Goodall, “A Jornada de Jane” (2010), dirigido por Lorenz Knaue, ela foi interpretada por Angelina Jolie.

Nascida em Londres em 1934, cresceu em Bournemouth, no sul da Inglaterra, alimentando desde cedo o sonho de viver entre animais selvagens. Trabalhou como secretária até viajar para o Quênia em 1957, onde conheceu o antropólogo Louis Leakey, que a orientou na pesquisa com chimpanzés.
Nos anos 1960, em Gombe, na Tanzânia, ela foi a primeira a mostrar que chimpanzés tinham comportamentos semelhantes aos humanos: eram capazes de usar ferramentas, caçar em grupo, manter laços familiares e demonstrar emoções. Ao dar nomes em vez de números aos animais e registrar suas personalidades, quebrou padrões da ciência da época.
Ao longo da carreira, ampliou a atuação para a defesa do clima e do meio ambiente, após presenciar a devastação de habitats. Fundou em 1977 o Instituto Jane Goodall, que mantém centros de pesquisa e programas de conservação pelo mundo, além do projeto Roots & Shoots, voltado à educação ambiental de crianças e jovens.
No Congo, um dos santuários apoiados por Jane ficou marcado pela história de Wounda, uma chimpanzé fêmea resgatada do tráfico de animais. Ela chegou ao local ainda filhote, ferida pelo mesmo tiro que matou a mãe. Foi tratada e reabilitada até poder voltar à natureza já adulta. A despedida entre Jane e Wounda emocionou o mundo.
Suas descobertas mudaram a compreensão sobre os primatas e a relação dos humanos com o mundo natural. “Não existe uma linha rígida separando os humanos do restante do reino animal”, afirmou em uma palestra em 2002.
Goodall se tornou referência mundial também por seu engajamento político. Em 2003, recebeu o título de Dama do Império Britânico, e neste ano foi agraciada com a Medalha Presidencial da Liberdade nos Estados Unidos.
Nos últimos anos, Jane viajava em média 300 dias por ano, reunindo-se com líderes locais, escolas e comunidades para defender ações urgentes contra as mudanças climáticas. Mesmo na casa dos 90 anos, seguia em atividade.
Em 2023, Jane fez sua primeira imersão na floresta amazônica. A viagem foi acompanhada pelo Fantástico, da TV Globo.
Jane publicou mais de 30 livros com seus estudos, entre eles o best-seller Reason for Hope: A Spiritual Journey (1999), além de uma dúzia de títulos voltados para crianças.
Ela sempre afirmou acreditar na resiliência do planeta e na capacidade humana de enfrentar os desafios ambientais.
“Sim, há esperança… Está em nossas mãos, nas minhas e nas suas, e nas de nossos filhos. Cabe realmente a nós”, disse.
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