Em carta enviada ao Fundo Monetário Internacional (FMI), o ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, defendeu a criação de um imposto global sobre os super-ricos para financiar o combate à crise climática e reduzir a desigualdade social, informou a Agência Brasil nesta quarta-feira.
A proposta foi apresentada durante a reunião anual conjunta do FMI e do Banco Mundial, realizada esta semana em Washington, em documento assinado por Haddad e entregue pela Secretária de Assuntos Internacionais, Tatiana Rosito.
O texto defende uma reforma tributária internacional progressiva e uma “nova globalização” pautada por critérios sociais e ambientais. Segundo o Ministério da Fazenda, a mensagem resume a visão do Brasil de que “chegou a hora de os super-ricos pagarem sua justa parcela de impostos”.
“O sistema tributário global continua inadequado, permitindo uma concentração de riqueza sem precedentes e facilitando a sonegação fiscal em larga escala”, afirma a carta, descrevendo a desigualdade como uma falha estrutural que ameaça a estabilidade econômica e a coesão social.
No âmbito interno, Haddad ressaltou que a política econômica brasileira busca consolidar as finanças públicas com justiça social e caminhar para uma tributação progressiva, em linha com o Plano de Transformação Ecológica promovido pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O ministro enfatizou que o ajuste fiscal deve ser realizado “sem sacrificar a equidade” e sem afetar o consumo popular ou os programas sociais.
No âmbito internacional, o documento expressa a preocupação do Brasil com o aumento de medidas protecionistas e unilaterais, que “alimentam a incerteza e ameaçam o crescimento global”.
Haddad instou o FMI e o Banco Mundial a liderarem uma transição para um sistema econômico mais estável, verde e inclusivo e pediu uma reforma na governança do fundo para ampliar a participação dos países em desenvolvimento.
“Fortalecer o multilateralismo, a equidade tributária e a sustentabilidade ambiental são condições essenciais para uma economia global mais verde, estável e inclusiva”, conclui a carta.