Extinto em 1971, o Galo do Norte ficou na história como o clube mais vitorioso do interior do Paraná, amado e respeitado meio século depois
O presidente do Museu Esportivo de Maringá (MEM), jornalista Antonio Roberto de Paula, já conta com apoio de lideranças do esporte e da política na campanha que iniciou para que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) reconheça oficialmente os dois títulos nacionais conquistados pelo histórico Grêmio Esportivo Maringá na década de 1960, o Torneio Centro-Sul de Futebol de 1968, competição inter-regional brasileira, e o Torneio dos Campeões da CBD, disputado em 1969.
A mobilização está sendo feita em nome do Museu, que iniciou o processo criando uma comissão especial composta por De Paula, pelo ex-atleta e ex-secretário municipal de Esportes Walter Guerlles e pelo pesquisador Ortílio Carlos Vieira, referência no estudo do futebol profissional maringaense.
O grupo está reunindo documentos, registros jornalísticos e materiais históricos sobre o clube, fundado em 1961 e extinto em 1971 — o mais vitorioso da história da cidade. O acervo do Museu inclui álbuns fotográficos, recortes de jornais, revistas, correspondências oficiais e peças doadas por ex-jogadores do Grêmio e familiares.
No último sábado, 25, a comissão se reuniu com o deputado estadual Soldado Adriano José (PP), que em 2021 concedeu uma Menção Honrosa ao Museu Esportivo na Assembleia Legislativa do Paraná, em reconhecimento ao trabalho de preservação da memória esportiva. O parlamentar manifestou apoio à iniciativa, se comprometeu a buscar o engajamento de outros deputados estaduais e colocou sua assessoria para auxiliar a comissão na elaboração do documento.

“Esta é uma reivindicação não apenas de Maringá, mas de todo o Paraná. O reconhecimento desses títulos é uma questão de justiça histórica. Parabenizo o Museu Esportivo pela iniciativa e vamos nos empenhar para reunir lideranças políticas e esportivas em torno dessa causa”, afirmou Adriano José.
O movimento também conta com o apoio do Secretário Municipal de Esportes e Lazer de Maringá, Paulo Henrique Biazon. Na segunda-feira, 27, os membros da comissão se reuniram com Biazon na Secretaria de Esportes e Lazer. “Podem contar com o meu apoio e da nossa secretaria. Estamos juntos neste objetivo para oficializar essa história vitoriosa do Grêmio Esportivo Maringá, enfatizou o secretário. Em nível estadual, a causa será encampada pela Secretaria do Esporte do Paraná, comandada por Hélio Wirbiski.
Parceiro do Museu Esportivo de Maringá há mais de sete anos, o advogado Reginaldo Cleon Aracheski, de Curitiba, diretor do Memorial de Futebol da Casa Aracheski, na cidade da Lapa-PR, que desenvolve um importante trabalho de pesquisa de clubes de futebol e jogadores paranaenses, se colocou à disposição para colaborar com a comissão como consultor.
Outro nome representativo do esporte paranaense que participa dessa mobilização é o jornalista e escritor Dias Lopes, cearense da cidade de Sobral que se radicou em Curitiba em 1969. Lopes trabalhou nos principais jornais da Capital, em emissoras de rádio e TV, presidiu a Federação Paranaense de Futsal e é um entusiasta do trabalho de resgate e preservação da memória realizado pelo Museu Esportivo de Maringá.
Segundo De Paula, o processo está no início, mas as perspectivas são animadoras. “Estamos concluindo a etapa de pesquisa e levantamento de provas. Agora, nossa prioridade é agendar uma reunião com o presidente da Federação Paranaense de Futebol, Hélio Cury Filho, para solicitar seu apoio e a assinatura do documento que será encaminhado à CBF. Também teremos um encontro com o secretário estadual Hélio Wirbiski. Nossa meta é entregar o dossiê completo, em mãos, uma comitiva formada por esses apoiadores, ao presidente da CBF, Samir Xaud, ainda em novembro.”
1968
Torneio Centro Sul, o Robertinho, primeiro título nacional do GEM
Fundado em 1961, não demorou para que o Grêmio Esportivo Maringá conquistasse um título. Em 1963, foi campeão do Norte do Paraná e campeão estadual, repetindo o feito no ano seguinte. Em 1965 e 1967 chegou às finais do Paranaense, mas ficou com o vice-campeonato. Para chegar à sua primeira conquista nacional, o clube maringaense passou por uma fase classificatória.

Em 1968, o Presidente da Federação Paranaense, José Milani, esteve em Apucarana para definir um torneio para a disputa de duas vagas para o chamado Torneio Sul, que reuniria equipes do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Participaram desse torneio, Grêmio Esportivo Maringá, Londrinas Futebol e Regatas, Paraná Esporte Clube, de Londrina, União Bandeirante e Jandaia Esporte Clube.
Com duas vitórias e dois empates o time maringaense se classifica ao lado do União Bandeirante e vão disputar a chave Sul num triangular com o Clube Náutico Almirante Barroso, da cidade catarinense de Itajaí. O Grêmio fica em primeiro lugar, obtendo duas vitórias e um empate, e se habilita para a final do torneio com o Futebol Clube Santa Cruz, do Rio Grande do Sul. No primeiro jogo, dia 14 de dezembro de 1968, em Santa Cruz, o time da casa vence o confronto por 4 a 3. No estádio Willie Davids, em Maringá, dia 18, goleada do Grêmio por 7 a 0. Uma terceira partida estava agendada para janeiro de 1969, mas o Santa Cruz desistiu e o Grêmio foi à final do Torneio Centro-Sul contra o Villa Nova Atlético Clube, de Nova Lima, Minas Gerais, que ficou com a vaga na seletiva mineira, a chamada Centro, competição que acontecia paralelamente à do Sul.
O Grêmio Esportivo Maringá conquistou o título nacional vencendo as duas partidas da decisão: 2 a 0, dia 2 de fevereiro de 1969, no estádio Willie Davids, e comemorou o título no estádio Castor Cifuentes, em Nova Lima, vencendo por 2 a 1 o Vila Nova, no dia 8.
1969
Torneio dos Campeões, o segundo título nacional
Em 1969, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), que em 1979 passaria a ser CBF, organizou o Torneio dos Campões do Brasil, quando reuniu campeões nacionais de 1968: o Santos Futebol Clube, campeão do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, conhecido como Robertão; o Botafogo de Futebol e Regatas, campeão da Taça Brasil; Sport Club do Recife, campeão do Torneio Norte/Nordeste; e Grêmio Esportivo Maringá, campeão do Torneio Centro Sul. Ficou definido que o campeão representaria o país na Copa Libertadores da América. Por divergências da CBD com a Conmebol, o Brasil não teve representante na competição.
Iniciando as disputas do Torneio dos Campeões, o Grêmio vence o Sport Recife em Maringá por 3 a 0, dia 16 de março de 1969, e a segunda pelo mesmo placar, no dia 23, na Ilha do Retiro, em Recife. O próximo adversário do time maringaense foi o Santos, ambos os jogos realizados no estádio Willie Davids e ambos empatados.

No aniversário de Maringá, dia 10 de maio de 1965, 1 a 1, e no dia 4 de abril de 1970, 2 a 2. A terceira partida foi agendada para depois da Copa do Mundo, em julho, mas o Santos enviou ofício à CBD abrindo mão da competição.
Botafogo também abre mão
Com a desistência do Peixe, o Grêmio decidiria com o Botafogo, que, sabendo que o título não valeria vaga para a Libertadores, também optou por não disputar. Com isso, o Grêmio Esportivo Maringá, depois de duas vitórias sobre o Sport e dois empates com o Santos, foi proclamado campeão.
Na época, o título do Torneio dos Campões ficou conhecido como Robertinho, numa referência à segunda divisão do Robertão, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa.
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