Pelo menos 64 pessoas morreram – 4 delas policiais – e 81 foram presas nesta terça-feira em uma megaoperação contra o crime organizado nos complexos de favelas do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, causando caos na maior parte da cidade.
Esta é a operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, a segunda maior cidade do Brasil, e teve como objetivo cumprir 100 mandados de prisão contra membros do Comando Vermelho, o principal grupo criminoso que atua no estado. Entre os presos está um suposto líder do Comando Vermelho, identificado como responsável pela violência no complexo de favelas do Chapadão.
A operação mobilizou helicópteros, drones, 32 veículos blindados, 12 unidades de demolição e ambulâncias. Participaram agentes da Coordenação de Recursos Especiais (Core), delegações especializadas, a Polícia Militar e o Comando de Operações Especiais, envolvendo mais de 2.500 policiais civis e militares.
Dois dos agentes mortos eram da Polícia Civil e os outros do Batalhão de Operações Especiais Militares (BOPE). Nove policiais ficaram feridos.
Segundo informações oficiais, foram apreendidos quase 100 fuzis, além de drogas e outras armas.
Em represália à operação, os criminosos bloquearam diversas partes do Rio de Janeiro com barricadas, incêndios e usando 71 ônibus sequestrados, causando longos congestionamentos e fazendo a população viver horas de tensão em um cenário de guerra.
De acordo com o governo estadual, os criminosos também utilizaram drones para lançar explosivos contra tropas e a população no Complexo da Penha, numa tentativa de deter o avanço policial.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, descreveu a operação como a resposta do estado ao que chamou de “narcoterrorismo” e afirmou que o objetivo é conter a expansão territorial da organização criminosa, que aumentou sua presença em diversos bairros da capital e municípios vizinhos. “O Rio de Janeiro está sozinho; essa situação ultrapassa nossas capacidades. Já deveria haver integração com as forças federais”, disse ele.
Em resposta, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou à imprensa que não foi consultado sobre a operação. “Não recebi nenhum pedido do governador do Rio de Janeiro, enquanto ministro da Justiça, para esta operação. Nem ontem, nem hoje. Absolutamente nada.”






