O cultivo de frutíferas é desenvolvido em todo o Estado, com maior destaque para municípios em que imperam as pequenas propriedades e pratica-se a produção familiar, como são os casos de Mandaguaçu e Marialva, ganha força no Arenito Caiuá, o que faz do noroeste do Estado uma região com grande vocação para a produção de frutas. Hoje a área destinada ao cultivo de frutas no Paraná passa de 60,5 mil hectares, gerando uma renda bruta superior a R$ 1,5 bilhão ou 1,7% do Valor Bruto de Produção (VBP) da agricultura paranaense. Em 10 anos, o segmento registrou crescimento de 3%. Isto deixa o Paraná entre os seis primeiros Estados produtores de frutas, mas com potencial para ser o primeiro.
Há muitos anos o pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) Sérgio Carvalho destaca que o Paraná pode assumir a liderança nacional na produção de frutas e apresenta os caminhos a ser seguidos para se tornar o maior produtor brasileiro.
Carvalho fala baseado na experiência de quem estuda a fruticultura no Estado há quase 50 anos e foi um dos responsáveis por importantes avanços em diversas culturas, como o zoneamento de citros, uva e banana.
“São Paulo lidera a produção nacional principalmente em decorrência da laranja. O Rio Grande Sul por causa da uva. Pernambuco e Bahia produzem muitas frutas tropicais. O Paraná está abaixo desses estados, mas tem ótimas condições geográficas, de clima e solo para liderar em nível nacional”, afirma Carvalho.
“Além de privilegiado em termos edafoclimáticos, estamos situados próximos de grandes mercados consumidores do Brasil e do exterior, o que facilita a comercialização e reduz custos”, explica.
O pesquisador dá como exemplo a proximidade da região Oeste do Paraná com Foz do Iguaçu, segundo maior destino turístico do país. “Muitas frutas consumidas pelos turistas em Foz são importadas de outros estados”, diz ele.
Morango ganha espaço em todas as regiões
Enquanto algumas frutas se dão melhor em certas regiões, como a laranja no Arenito Caiuá, o abacaxi em Paranavaí e a uva em Marialva, o morango não tem apego por região, produz bem em todas, já que, por ser normalmente cultivado em estufas, independe de condições climáticas e de solo.
Um caso que ganhou a imprensa é o de Rosana Aparecida Gabardo Pallu, que deixou de trabalhar como confeiteira para produzir morango , junto com a irmã e o marido em uma pequena propriedade em Mandirituba, na Região Metropolitana de Curitiba. O trio produz cerca de mil quilos de morango por mês.
Logo que começaram a se dedicar à produção de morangos chegou a pandemia do coronavírus e o consumo cresceu, forçando o trio a ampliar a produção. Construíram duas novas estufas na propriedade de três alqueires, que vão se somar a outras duas já ativadas. A expectativa é aumentar a renda e ofertar empregos.
A vantagem da agricultura familiar
Carvalho cita a predominância de pequenas propriedades no Paraná como um fator que pode contribuir para o Estado produzir mais frutas. “Fruta não é commoditie e exige muita mão de obra. Fruticultura é uma atividade econômica com riscos e peculiaridades que vem ao encontro da agricultura familiar”, explica o pesquisador.
Ele observa que o produtor de abacaxi, por exemplo, pode faturar em torno de R$ 50 mil por hectare em uma safra, muito mais que a soja. A mão de obra, no entanto, está faltando no campo e a cultura exige muito trabalho manual. “Se não for agricultura familiar, fica complicado”. Para alcançar melhores resultados na fruticultura, sugere, é fundamental que sejam criadas políticas públicas de incentivo à cadeia produtiva.