“Johnny, Ganbare!”, ainda consigo ouvir a voz do meu pai dizendo isso para meu filho desde que ele começou a dar seus primeiros passos. Nas residências nipo brasileiras é muito comum crescermos com esse incentivo “Ganbare!”. O uso do verbo “Ganbaru” que retrata tão bem o espírito japonês se intensificou nos últimos anos desde que surgiu o Corona Vírus. Quando dizemos a alguém: “Ganbare!” estamos dizendo: “Faça o seu melhor!”, “Vá em frente!”, “Mantenha o foco!”, “Aguente!”, “De duro!”, “Forças!”, “Lute!”, “Não desista!”.
Poderíamos citar inúmeros exemplos de empreendedores nikkeis que levaram a sério a Filosofia do Gambaru e nunca se deixaram abater apesar das adversidades. Essa garra foi herdada dos nossos antepassados que atravessaram o oceano em condições precárias, dentro de um navio, durante mais de 30 dias, chegaram numa terra extremamente diferente, sem compreender o idioma local, tendo que se alimentar com comidas estranhas para o seu paladar e mesmo assim, trabalharam, lutaram, persistiram e venceram.
Os Koyamas são um exemplo de família que levou a sério a Filosofia do Gambaru e passou isso de geração a geração. Koichi e seu irmão Sonosuke, juntamente com as esposas Yoshi e Toshie vieram do outro lado do mundo em busca de um sonho. Mesmo com todas as adversidades constituíram uma família e tornaram-se empreendedores. Entre os seus descendentes estava Roberto Toshinobu Koyama, fundador do Pastel do Roberto. Quem vê hoje as franquias da Roberto’s Pastel em Maringá e região nem imagina o quanto eles tiveram que “Ganbaru”. Entre inúmeros altos e baixos, há um episódio eternizado na Biografia de Roberto onde ele conta um dos momentos mais difíceis da sua vida. Tendo perdido tudo o que tinham, ele precisava recomeçar, porém não conseguia enxergar uma luz no fim do túnel. Chegou ao ponto de não ter como alimentar os filhos e naquele momento somente pensamentos negativos começaram a invadir sua mente. Caminhou a esmo durante horas até chegar na famosa Praça do Peladão, em Maringá. Ali permaneceu por cerca de 4 horas tendo pensamentos sombrios e com uma profunda mágoa no coração. Foi ali que em seus devaneios ouviu a famosa estátua dizendo: “Você e eu estamos praticamente iguais. Sem nada de valor no bolso ou nas mãos. Mesmo assim, eu estou firme e forte no meu lugar, abençoando o povo de Maringá. E você só tem emoções negativas. Transforme esses sentimentos em energia para fazer o próximo ser feliz”. Esse se tornou um mantra na vida de Roberto que compartilhou esse legado a todos os seus descendentes. Ele dizia que se pensarmos em levar felicidade ao próximo e nos empenharmos para isso, mais cedo ou mais tarde, todos os empreendimentos serão bem-sucedidos. O fracasso não ocorre quando caímos, mas sim quando desistimos de nos levantar.
A pandemia foi cruel com inúmeros empresários. Muitos empreendimentos foram obrigados a encerrar suas atividades. Em Londrina, o segundo filho de Roberto, Cláudio Koyama, foi obrigado a fechar os três restaurantes da família. Mas, desistir nunca foi uma opção. A família mudou-se para um sobrado alugado onde fixaram residência na parte de cima e em baixo começaram as atividades do Matsuri To Go. O objetivo era levar felicidade às pessoas proporcionando a maior experiência de Delivery Japa que os londrinenses poderiam receber. O novo empreendimento marca uma nova fase, agora sob o comando do neto de Roberto, Raphael. Engenheiro Civil, trouxe uma visão racional ao negócio, porém sem perder a essência do legado deixado pelo avô.
Hoje, o Matsuri To Go conquistou o coração dos londrinenses e está nas cidades de Arapongas, Ibiporã, Apucarana e partir da próxima terça-feira quer levar o mesmo Amor em forma de Sushi para os lares dos maringaenses que seu Roberto tanto amou.
Todos os descendentes da Família Koyama parecem ouvir seu finado pai dizendo: Ganbare!
Com certeza, nossos antepassados também estão nos dizendo: Ganbare! Pense em levar felicidade às pessoas e é só uma questão de tempo para colhermos os frutos da semente de amor que estamos plantando.