Quais histórias contam a sola gasta de um calçado? Seria essa sola um mapa que traça os devaneios da trajetória de alguém? E o que seriam esses devaneios: nossa insistência em seguir a rota de destinos sempre inalcançáveis, ou nossa ânsia por andar fora dos caminhos habituais e criar saltos, danças e vôos?
Partindo dessas reflexões, a peça Devaneios Inexequíveis coloca em questão as noções valorizadas na sociedade contemporânea que insistem na importância de ser alguém e de chegar a algum lugar. Contra isso, afirma os percursos, as trajetórias, as derivas e as experimentações. A peça é atravessada por dois fios. Um deles é feito de instruções, normas, regras e direções que tentam capturar a vida na direção de um objetivo. O outro é feito de devaneios que extrapolam as regras, implodem chegadas a favor do fluxo, do movimento e da criação. Entre um e outro, os pés seguem, desviam, tropeçam e dançam.
A dramaturgia foi composta a partir da leitura do livro “O Fio das Miçangas”, do escritor moçambicano Mia Couto, e de textos de Karl Valentin e outros autores, onde se encontraram os motes que deram origem a composição da peça. Esses motes dispararam um processo de revisitação por parte do grupo de vinhetas da memória que serviram para a construção das cenas.
A peça estréia na sexta feira, 24, às 20 horas em um novo espaço artístico na cena maringaense, o Espaço Solagasta, na Rua professor Itamar orlando soares, 181, ao lado do campus da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Serão realizadas oito apresentações ao longo da semana, todas com entrada gratuita e público limitado a 50 lugares. Dias 25 e 26 tem sessão extra às 21h30.
A produção foi contemplada pelo prêmio Aniceto Matti de incentivo a cultura em 2019, tem direção de Mateus Moscheta, e coloca em cena Mariela Lamberti, Pedro Henrique Daniel, Elison Pereira, Mateus Moscheta, Danielli Pasquini, Isabela Bocchi. Operadores técnicos Joyce Midori e Guilherme Veneral.