IMPRESSO
Maringá
  • HomeM
  • Maringá
  • Notícias Região
    • Floresta
    • Itambé
    • Mandaguaçu
    • Mandaguari
    • Marialva
    • Paiçandu
    • Santa Fé
    • Sarandi
    • Umuarama
  • Esportes
    • No Pé Delas
    • Na Área do Esporte
    • Na Raiz Do Esporte
  • Colunas
  • Saúde
  • Obituário
  • Publicações Legais
Maringá
No Result
View All Result

‘Cidade Partida 30 Anos Depois’ revisita crítica ao apartheid carioca

Por Erick Matias
12 de julho de 2025

Três décadas se passaram, e o famoso livro Cidade Partida, de Zuenir Ventura, continua a mobilizar o debate sobre a desigualdade social no Rio de Janeiro. Publicado em um momento dramático, após as chacinas da Candelária e de Vigário Geral, o clássico incluiu a expressão “cidade partida” no vocabulário daqueles que denunciam as diferenças entre morro e asfalto na cidade até hoje ─ um apartheid social, nas palavras de Zuenir. Nesta semana, o lançamento de Cidade Partida 30 anos depois revisita essa crítica social com pensadores de peso e de diferentes áreas, em artigos e entrevistas.

O livro, lançado pela editora Pallas, é composto por sete artigos, sete entrevistas com pessoas que protagonizaram capítulos da obra original, mais uma entrevista inédita com Zuenir Ventura e um artigo dos organizadores. Ao final, há uma conversa com o fotógrafo João Roberto Ripper, que criou a Escola de Fotógrafos Populares/Imagens do Povo, no Complexo da Maré.

Os articulistas convidados a escrever os artigos são: Eliana Sousa Silva, Itamar Silva, Luciana Bezerra, Luiz Eduardo Soares, Silvia Ramos, Tainá de Paula e Viviane Costa. Já os entrevistados que retornam para contar as mudanças na cidade são Caio Ferraz, José Júnior, Manoel Ribeiro, Rubem César Fernandes, DJ Marlboro, Juju Rude e Anderson Sá.

‘Segurança é maior fissura’

Coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, a cientista social Silvia Ramos assina o artigo Violência Policial: onde a cidade é mais partida. Em entrevista à Agência Brasil, ela explica o título de seu texto: “Do ponto de vista da segurança pública, o Rio é uma cidade mais partida. Temos Comando Vermelho, Terceiro Comando, milícias e temos a própria polícia, que tem um grau de corrupção altíssimo. A segurança pública é o aspecto que mais desagrega o Rio de Janeiro”, diz.


Silvia Ramos, especialista do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes
Silvia Ramos, especialista do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes

Silvia Ramos, especialista do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania Tânia Rêgo/Agência Brasil

Silvia acrescenta que as políticas dos governos pioraram muito a situação da segurança pública, que está muito mais dramática. E, para ela, o que está por trás disso é o racismo.

“Hoje, você tem todas as favelas do Rio com grupos armados disputando com milícias, que foram grupos formados dentro das polícias. Os cavalos corredores [grupos de extermínio formado por PMs] são a origem do que hoje são as milícias. Trinta anos atrás, isso poderia ter sido controlado, e não foi. Acho que a questão da segurança tem jeito se a gente trocar o tiroteio e o confronto, que é feito exclusivamente na favela, que é onde se pode atirar e matar impunemente, por inteligência. Os comandos não estão nas favelas”, afirma.                                                             

Por outro lado, para Silvia Ramos, o livro de Zuenir aborda o surgimento da organização não governamental Viva Rio, que representa a crescente participação da sociedade civil nos temas ligados à cidade. “Hoje, a gente tem dezenas de coletivos de favela, que têm muita importância, visibilidade e muito diálogo. Acho que a sociedade fluminense respondeu muito bem. Hoje, os ativistas negros estão à frente da maioria dos movimentos, inclusive de diálogos e de cobranças com os governos”, afirma a cientista social.

‘Chacinas foram banalizadas’

O jornalista e escritor Mauro Ventura, organizador do livro com Elisa Ventura e Isabella Rosado Nunes, explica que a ideia da nova obra era tentar entender, nesses 30 anos, o que aconteceu no Rio, como estão as coisas hoje, em comparação com 1994.

“A desigualdade social que meu pai aponta no livro continua indecente. Na área de segurança pública, o território subjugado por traficantes e milicianos se ampliou. Por parte do tráfico, a situação também se complicou, porque o antigo traficante que era cria da favela e fazia o estilo benfeitor e mantinha, até certo ponto, uma relação respeitosa com a comunidade, como era o caso do Flávio Negão, de Vigário Geral, retratado no livro Cidade Partida, foi substituído por criminosos de fora que se impõem pelo terror”, diz Mauro.

Na avaliação do escritor, o que também piorou é que o aparato bélico das facções e da polícia ficou mais poderoso, com as mortes se tornando mais frequentes, em especial de inocentes.


Brasília (DF), 11/07/2025 - O jornalista e escritor Mauro Ventura. Foto: Leo Martins/Divulgação
Brasília (DF), 11/07/2025 - O jornalista e escritor Mauro Ventura. Foto: Leo Martins/Divulgação

O jornalista e escritor Mauro Ventura. Leo Martins/Divulgação

“Os massacres e as chacinas se banalizaram, e isso tudo mostra o fracasso da guerra às drogas e das políticas de segurança pública que apostam mais nas soluções simplistas, bélicas e pirotécnicas do que na inteligência”

Ele acrescenta que as políticas públicas voltadas para os moradores das favelas continuam a pecar pela descontinuidade e pela falta de escuta do que eles consideram que devem ser prioridades.

“Tudo o que foi feito, de 30 anos para cá, em termos de iniciativas para as favelas, foram ações paliativas, que não resolveram estruturalmente o problema”, afirma Mauro Ventura, que também destaca o surgimento dos traficantes evangélicos. “A religião evangélica se espalhou bastante no morro. Hoje, Vigário Geral faz parte do Complexo de Israel, dominado por um traficante chamado Peixão, que é evangélico. Lá, ele impõe uma intolerância religiosa, principalmente contra as religiões de matriz africana”.

‘Desafios estão mais complexos’

Os desafios que meu pai retrata no livro se aprofundaram e se tornaram mais complexos, diz Mauro. “O que falta é uma política pública que permita o acesso aos direitos básicos de uma grande parte da cidade que está alijada. A cidade é muito fragmentada. Essa parte da cidade tão importante, as favelas, não foi ainda completamente contemplada pelas políticas públicas da forma que deve”.

Mauro faz coro com a cientista social Silvia Ramos de que foi positivo o fortalecimento dos movimentos negros nas favelas. “Hoje, você tem uma profusão de pesquisadores, de lideranças comunitárias, de ativistas, de fotógrafos, de comunicadores, de intelectuais, de influenciadores, de militantes e acadêmicos oriundos da periferia. Existem ONGs e instituições sérias que surgiram de lá para cá que ajudam a suprir as muitas lacunas do Estado”.

Ativista dos movimentos de favela do Rio de Janeiro e morador do Morro Santa Marta, Itamar Silva acredita que a cidade, 30 anos depois, está esfacelada e multipartida.

“Quando o Zuenir escreve Cidade Partida, ele revela para a sociedade carioca que existiam outros mundos nessa cidade, outras vidas e possibilidades. Agora, estão tão escancaradas as diferenças nessa cidade, e a gente não está conseguindo construir pontes necessárias para torná-la uma cidade digna de carregar esse selo de maravilhosa. As desigualdades se aprofundaram e elas começaram a bater cotidianamente na casa de cada um”, diz Itamar, autor do artigo “Para Reler a Cidade Partida”.

 


Zuenir Ventura foi eleito o novo ocupante da Cadeira 32, vaga após a morte de Ariano Suassuna, em julho (Tomaz Silva/Agência Brasil)
Zuenir Ventura foi eleito o novo ocupante da Cadeira 32, vaga após a morte de Ariano Suassuna, em julho (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Imortal da ABL, Zuenir Ventura marcou o debate sobre a desigualdade social no Rio de Janeiro com o livro Cidade Partida Tomaz Silva/Arquivo/Agência Brasil

Crédito arquivo Nacional EBC

Leia Mais em: O Maringá

Tags: anosapartheidCariocaCidadecríticadepoispartidarevisita

IMPRESSO

Outros Posts

Ataques a jornalistas na Câmara de Maringá foram repudiados por entidades de profissionais de Imprensa
Maringá

Entidades reagem a ataques sofridos por jornalistas na Câmara de Maringá

21 de setembro de 2025
sky
Maringá

Clima em Maringá, PR – 21 de setembro de 2025 – Domingo

21 de setembro de 2025
Morre o pioneiro Oésio Araújo Pedrosa, tio de Clodimar Pedrosa Lô
Obituário

Morre o pioneiro Oésio Araújo Pedrosa, tio do garoto Clodimar Pedrosa Lô

20 de setembro de 2025
No Dia Mundial da Limpeza, Maringá limpou fundos de vale a fez o plantio de mudas em diferentes pontos da cidade Foto: Rafael Macri
Maringá

Mais de 600 pessoas participaram do Dia Mundial da Limpeza em Maringá

20 de setembro de 2025
Iniciativa da prefeitura permitirá que servidores aposentados façam empréstimos consignados com recursos próprios da Maringá Previdência
Maringá

Maringá entre as primeiras cidades do Sul a criar consignado com recursos da Previdência

20 de setembro de 2025
Plataforma online permite que mulheres solicitem medidas protetivas sem ir na Delegacia
Maringá

Plataforma online do Ampara permite que mulheres solicitem medidas protetivas sem ir na Delegacia

19 de setembro de 2025
  • Impresso
  • Fale Conosco
  • Política de Privacidade
  • Publicações Legais
  • Quem Somos

Editora Dia a Dia – O Maringá

CNPJ: 31.722.654/0001-52
ENDEREÇO: Estácio de Sá, 1251,
Zona 2 CEP: 87005-120
(44) 3305-5461

© 2025 O Maringá - O Jornal a serviço de Maringá e região.

No Result
View All Result
  • Home
  • Maringá
  • Região em Destaque
    • Floresta
    • Itambé
    • Mandaguaçu
    • Mandaguari
    • Marialva
    • Paiçandu
    • Santa Fé
    • Sarandi
    • Umuarama
  • Policial
  • Economia
  • Esportes
    • Na Área do Esporte
    • Na Raiz do Esporte
  • Geral
  • Colunas
  • Saúde
  • Obituário
  • Jornal Impresso
  • Outros
    • Publicações Legais
    • Fale Conosco
    • Quem Somos

© 2024 O Maringá - Todos Os Direitos Reservados.

Esse website utiliza cookies. Ao continuar a utilizar este website está a dar consentimento à utilização de cookies. Visite nossa Política de Privacidade e Cookies.