O amor cantado em verso prosa parece fácil de ser entendido, sentido e vivido. Na vida real, o romantismo e a perfeição, vistos pelos dois seres que, por “obra e graça” do Universo, se encontraram para experienciar o mais nobre dos sentimentos, cede espaço para a percepção daqueles pontos que o encantamento inicial manteve encobertos. De repente, enfrentar o mundo, munidos da certeza e força daquele sentimento que parecia eterno e inabalável, já não parece tão simples. O que aconteceu?
Quem já viveu um pouco mais sabe que somos programados pela sociedade que vivemos, trazemos as doenças culturais dos nossos pais, carregamos arquétipos da nossa civilização a repressão religiosa e muitas outras cargas. Dentro de tudo isso, em algum
momento, projetamos um ser ideal. Aquela pessoa que no imaginário vai nos fazer total e completamente felizes.
Talvez, por termos aprendido a amar o ideal, não aprendemos a amar o real. E por esta mesma razão, a busca se torna cada vez mais difícil, as frustrações inevitáveis e o objetivo jamais será atingido. Amar o outro apesar de tudo e apesar nada seja uma missão pessoal que devemos descobrir durante esta jornada terrena.
Falar de amor e relacionamento é algo complexo. O primeiro é de difícil definição, ou seria de difícil exercício? O segundo é algo que para ter, precisamos olhar, conhecer e assumir a nossa história de vida para saber o que estamos carregando na mochila desde sempre. O que os sistemas familiar, religioso e social, deixaram marcados? Baseados em que fazemos nossas escolhas, sejam amorosas ou de amizades?
Nossos relacionamentos recriam o mundo dentro de nós. Procuramos nas outras pessoas algo que reflita nossas necessidades e preencha o eterno vazio que sentimos. Dentro de um relacionamento maduro e real os envolvidos crescem, sem modificam e permitem ao outro se tornar melhor, de fracassar, errar e acertar. Enfim, crescer. Deixar fluir