Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo (Recife, 19 de agosto de 1849 – Washington, 17 de janeiro de 1910) foi um político, diplomata, historiador, jurista, orador e jornalista brasileiro formado pela Faculdade de Direito do Recife. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Na data de seu nascimento, 19 de agosto, comemora-se o Dia Nacional do Historiador. Foi um dos grandes diplomatas do Império do Brasil (1822-1889), além de orador, poeta e memorialista. Além de O Abolicionismo, Minha Formação figura como uma importante obra de memórias, onde se percebe o paradoxo de quem foi educado por uma família escravocrata, mas optou pela luta em favor dos escravos. Nabuco diz sentir “saudade do escravo” pela generosidade deles, num contraponto ao egoísmo do senhor. “A escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil”, sentenciou. (Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Joaquim_Nabuco. Acessado: 02/11/2022). O movimento abolicionista brasileiro no cenário internacional: revisitando as correspondências de Joaquim Nabuco, de autoria da professora de História do Brasil do Departamento de História da Universidade Estadual de Maringá (UEM) Ivone Bertonha, ressalta a correspondência entre Joaquim Nabuco e membros da British and Foreign Anti-Slavery, de Londres (1880 a 1889) durante a ultima década do Império, constitui um valioso documental do momento em que o abolicionismo brasileiro alcançou patamares de instituições internacionais (BERTONHA, 2013, p. 125). Podemos entender que a trajetória abolicionista de Joaquim Nabuco levanta alguns pontos principais dos argumentos abolicionistas na esfera internacional em consideração. O primeiro diz respeito à literatura sobre abolicionismo no Brasil. Ao contrário da explicação convencional, o caso de Nabuco mostra antes os vínculos do que a separação entre um ativismo abolicionista parlamentar e a mobilização da sociedade civil. Isso tem a ver com um segundo ponto, que diz respeito ao modo pelo qual uma liderança. Podemos entender que a liderança de Nabuco se construiu a partir de sua habilidade para mediar à relação entre a rede abolicionista internacional e o movimento no Brasil e entre mobilização social abolicionista e Parlamento. O terceiro ponto foi à estratégia de Nabuco era a do abolicionismo britânico, conforme ele mesmo escreveu à British and Foreign Anti-Slavery Society, sendo o contato estabelecido (Joaquim Nabuco e abolicionistas britânicos) onde enviaria petições ao parlamento até construir coalizão forte o bastante para abolir a escravidão (sendo pontos principais dos argumentos abolicionistas de Joaquim Nabuco nos fóruns internacionais). Entretanto, a luta contra escravidão no Brasil é a relação estabelecida entre Joaquim Nabuco e a Sociedade Britânica e Estrangeira (anti-escravidão), sediada em Londres. A correspondência (criteriosa edição bilíngue das 110 cartas) entre Nabuco e Charles Harris Allen, secretário da Sociedade (British and Foreign Anti-Slavery), e outros abolicionistas britânicos, ao longo da década de 1880 e posteriormente, revela uma parceria conscientemente buscada por Nabuco para levar a luta ao plano internacional. As cartas fornecem uma nítida visão das dificuldades encontradas por Nabuco no Brasil e da poderosa ajuda que encontrou em Londres. Uma de suas principais dificuldades foi à acusação a ele feita de falta de patriotismo a que ele respondeu afirmando a estreita relação que via entre pátria e civilização. Ao analisarmos a obra: O Abolicionismo (2000), de Joaquim Nabuco, enfatiza nos anos finais da escravidão a maturidade do autor em destacar a formação nacional, à qual os escravos não eram assimilados, ou seja, estavam vinculados aos proprietários de fazendas, não sendo, portanto, livres. Nessa obra Joaquim Nabuco ressalta que as mudanças ocorridas no Brasil nos anos que antecederam o abolicionismo, representou a oposição ao sistema escravista, propondo um programa de incorporação dos ex-escravos à sociedade como homens livres, acesso a educação universal e á representação política de acordo com as diretrizes internacionais (British and Foreign Anti-Slavery). De fato, além de ser marcado por uma invejável erudição, em O Abolicionismo (2000) estão contidos elementos de fundamental importância para a compreensão do Império, sobretudo da segunda metade do século XIX, bem como apontamentos fundamentais referentes à constituição da população brasileira, a qual o autor distingue como descendente dos escravos. Assumidamente escrito como uma propaganda abolicionista, no livro está contida uma série de denúncias, sobretudo contra políticos e a Igreja católica, que ao contrário de outros países, acabou por legitimar e contribuir para a manutenção do cativeiro. Joaquim Nabuco inova ao colocar a escravidão como o aspecto central a ser resolvido. Para tanto, evidencia ser essa uma nódoa que degrada toda a nação, na medida em que está entranhada em toda a sociedade brasileira, que foi essencialmente estruturada tendo como base a escravidão. Nabuco vai mais longe e aponta como algo terrível a herança deixada pelos portugueses, trazendo consigo o atraso para o país e a visão negativa frente o trabalho. A escravidão, a princípio apareceria como algo positivo, mas com o passar dos anos ela traria prejuízos para o país, levando à bancarrota milhares de fazendeiros, que seriam empurrados para o funcionalismo público. Contudo, podemos entender que, os principais argumentos abolicionistas de Joaquim Nabuco nos fóruns internacionais, relacionam-se as cartas (criteriosa edição bilíngue das 110 cartas à British and Foreign Anti-Slavery), revelam importantes questões debatidas entre o abolicionismo brasileiro e as autoridades estrangeiras principalmente a britânica. Dessa forma, Joaquim Nabuco, conseguiu extrapolar a resistência do parlamento brasileiro e encontrou caminhos juntos a outros fóruns abolicionistas (fóruns internacionais).
Referências Bibliográficas:
BERTONHA, Ivone. Organizadora. História do Brasil IV: Capítulo 05 – O movimento abolicionista brasileiro no cenário internacional: revisitando as correspondências de Joaquim Nabuco. História e Conhecimento – Maringá: Eduem, 2013.
JOAQUIM NABUCO. Disponível em:< . Acesso: 02 nov. 2022.
NABUCO, Joaquim. O Abolicionismo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; São Paulo: Publifolha, 2000. (Grandes nomes do pensamento brasileiro).
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Alexandre de Oliveira, criador e responsável pelo projeto – História em Pauta.