O sobrenome Pepato é sinônimo de música em Marialva, município localizado na Região Metropolitana de Maringá (RMM). Hoje dois compositores/produtores marialvenses se destacam no cenário nacional, principalmente no sertanejo: Junior Pepato e Eduardo Pepato (este com trabalhos para Marília Mendonça, por exemplo).
Mas antes deles, havia seu pai: Antônio Pepato (1949-2017), multi-instrumentista e maestro da Orquestra Raiz Sertaneja de Marialva. Em 2017, a Capital da Uva Fina ficou sem seu regente maior. Mas ficou o legado.
E a memória, homenageada pela Câmara de Vereadores do município, a partir da iniciativa da vereadora Sheila Gabarron. Esta legisladora apresentou o Projeto de Lei Ordinária nº 40/2022, que denomina o auditório da Casa da Cultura Hélio Depieri de “Auditório Maestro Antônio Pepato”. A matéria foi aprovada em 1ª, 2ª e 3ª discussões por unanimidade na Casa de Leis, durante tramitação nas últimas semanas.
Em entrevista ao jornal O Maringá, Gabarron explica que a homenagem ao maestro se deve à contribuição dele para a cultura marialvense. “A nossa história tem de ser perpetuada e a gente consegue perpetuar nessas homenagens. E nada mais justo do que na Casa da Cultura, onde era o berço da Orquestra”, detalhando que era o local de ensaios e criação do projeto sertanejo.
A vereadora destaca que o espaço mantém o nome Hélio Depieri (outra figura marcante nas artes locais); mas o auditório passará a ser Antônio Pepato.
JUSTIFICATIVA
Na justificativa, a proposta utiliza um texto do escritor e cronista de Marialva José Luiz Boromelo para contar a trajetória de Pepato, multi-instrumentista nascido em 5 de junho de 1949.
“Agricultor, exímio músico multi-instrumentista, servidor público municipal, esposo, pai, avô, amigo de todas as horas e para orgulho de seus incontáveis admiradores, maestro da Orquestra Raiz Sertaneja de Marialva. O menino franzino que aos oito anos de idade pegou escondido o acordeom no quarto do pai, foi imediatamente abduzido pela sonoridade incomparável daquele fole mágico. Aprendeu a tocar o instrumento sozinho, uma mostra de que o dom musical florescido na mais tenra idade se tornaria seu companheiro fiel até o último ato. O artista se foi para sempre, mas imortalizou seu nome em dois profissionais reconhecidos no cenário artístico nacional”, diz o texto.
Em 2009, a Casa da Cultura se tornou palco de ensaios e apresentações. A convite da então diretora de Cultura de Marialva, Antônia Celeste, a Tuca, o maestro Pepato participou de uma iniciativa inédita no município. “Por mais de oito inesquecíveis anos, seu inseparável Scandalli Super Seis italiano de dupla ressonância ditou o tom das melodias, que encantaram uma multidão de pessoas, de todas as faixas etárias. Com sua habilidade natural no trato com seu semelhante, conseguiu a proeza ímpar de reunir músicos voluntários de idades e personalidades completamente distintas, o tempero perfeito para a receita do sucesso. Assim surgiu e se consolidou a Orquestra Raiz Sertaneja de Marialva, emissária da alegria e da descontração. Os criadores viram enfim, a criatura tomar forma e ganhar a mídia, com a agenda ocupada por sucessivos compromissos em todas as regiões do Paraná”.
Mas, em novembro de 2017, a cidade perdeu o maestro. “O artista maior deixou o palco. Saiu de fininho, sem dizer uma palavra, um sorriso, sequer um abraço nos familiares e nos amigos mais chegados. Encerrou precocemente sua participação nesse plano terreno de maneira simples e discreta como sempre foi, durante sua abençoada vida”, segundo o relato de Boromelo.