O corpo do médico Renan Tortajada está sendo velado na Capela Prever da Zona 2, em Maringá, durante esta segunda-feira, 20, e será sepultado às 16 horas no Cemitério Municipal. Familiares, amigos da família e profissionais de Saúde participam do velório em clima de grande comoção.
Renan dos Santos Tortajada, de 35 anos, saiu de Toledo, onde é médico da Secretaria da Saúde, no final da tarde de sexta-feira, 17, para passar o feriado de Carnaval com a família em Maringá. Mas, acabou assassinado em Umuarama e o corpo foi enterrado em uma vala rasa no interior de um bosque, enquanto o assassino se apoderou de seu carro, computador, cartões de crédidos e outros objetos.
O assassino foi preso na tarde deste domingo e confessou o crime. Disse que matou o médico com uma pedrada na nuca e no mesmo local matou também um travesti que, sem querer, testemunhou a morte de Renan.
Relembre o caso
Com base nas informações das polícias Civil e Militar de Umuarama é possível traçar uma breve reconstituição do assassinato do médico Renan Tortajada e do trabalho da polícia para desvendar o caso, localizar o corpo e prender o assassino.
A história começa na tarde de sexta-feira, quando o médico telefona de Toledo para sua mãe, em Maringá, informando que estava finalizando o expediente como médico da Secretaria de Saúde e viajaria para Maringá para passar o feriadão de Carnaval com a família.
Porém, ao viajar para Maringá, ele parou em Umuarama e marcou, por telefone, um encontro com Guilherme da Costa Alves, jovem marginal de 25 anos que mora em Goioerê e pratica crimes em vários municípios do interior do Paraná. Os dois já se conheciam há pelo menos um ano e teriam um relacionamento.
O encontro aconteceu ao lado do Bosque Uirapuru, uma pequena reserva de mata nativa praticamente no Centro de Umuarama, que serve de local para encontros furtivos com prostitutas e travestis. Guilherme contou à polícia que os dois se desentenderam por causa de dinheiro, algo em torno de R$ 200, e houve agressão física. Guilherme bateu na cabeça de Renan com uma pedra pontiaguda e um golpe na nunca matou-o.
Testemunha na hora errada
Com frieza, o rapaz arrastou o corpo do médico para o interior do bosque, em um local em que a reserva é separada do Estádio Municipal Lúcio Pipino por um muro. Neste momento, um travesti que fazia ponto nas proximidades viu o homem arrastando o corpo, se assustou e saiu correndo. Porém, o assassino percebeu, correu atrás e o alcançou, matando-o com golpes com um pedaço de madeira. Em seguida, colocou o corpo do travesti no porta-malas do carro do médico e voltou para ocultar o corpo de Renan.
Uma pequena vala foi aberta próximo ao muro e ali foi colocado o corpo de Renan. Depois o rapaz levou o corpo do travesti para desovar em uma estrada de pouco movimento no município de Maria Helena, vizinho a Umuarama.
O travesti, de cerca de 40 anos, ainda não teve a identidade confirmada pela polícia.
Telefonema dá início às buscas
Uma mulher, que trabalha como diarista, estranhou quando passava ao lado do Lago Aratimbó, na manhã de sábado, e ouviu um celular tocando. Procurou e achou um aparelho todo danificado, jogado ao lado da pista. Atendeu e era alguém de Maringá que queria falar com Renan.
A mulher não entendeu nada, mas a polícia, que foi comunicada em seguida, entendeu tudo. Familiares em Maringá, estranhando que o médico não chegou à noite, como prometera, ligaram para saber a razão do atraso e se surpreenderam quando a ligação foi atendida por uma mulher. Se preocuparam quando ela disse que não conhecia o doutor Renan e se apavoraram quando ela disse que o celular estava jogado ao lado de um lago em Umuarama. E todo danificado, como se alguém tivesse tentado destruí-lo.
Minutos depois, a polícia já estava no caso. A Civil iniciou investigações e a Polícia Militar iniciou rondas em todos os bairros de Umuarama na busca de informações sobre o carro do médico, um Honda Civic de cor de chumbo.
Uma busca no sistema de monitoramento por câmeras, mostrou o Civic em uma avenida central e as imagens mostravam que não era Renan que o dirigia. A pessoa era bem morena e tinha um cigarro na mão.
Com essas informações, as polícias concentraram as buscas em Umuarama. Os sites e blogs de notícias de todo o Paraná começam a divulgar o fato, com fotos do médico e do carro e uma pessoa entrou em contato com a polícia para informar que viu o Civic na madrugada de sexta-feira para sábado em uma estrada de Maria Helena. Segundo o informante, a certa altura, o carro parou, o motorista tirou alguma coisa pesada do porta-malas e levou para um mato na beira da estrada. A polícia compareceu ao local e encontrou o corpo de uma pessoa.
Era um travesti de cerca de 40 anos. Isso causou certa confusão para a polícia, pois o carro era o de Renan, mas o corpo não.
Assassino fazendo festa
Com a ampla divulgação pelos sites de notícias, a polícia passou a receber muitas informações de pessoas que diziam ter visto o Honda Civic e que as pessoas que estavam nele faziam festa, possivelmente com música alta, bebidas e, possivelmente, drogas. As informações era de que pelo menos quatro pessoas rodavam pela cidade no carro, mas as descrições não batiam com as de Renan Tortajada.
A polícia encontrou também novas imagens do carro nas câmeras de monitoramento e ainda na manhã de domingo a Polícia Militar localizou o Honda Civic de Renan na Avenida Duque de Caxias, próximo ao Tiro de Guerra de Umuarama. Dois rapazes foram presos e um deles confessou ter assassinado o médico. Ele levou a equipe ao local onde se encontrava o corpo.
Guilherme foi preso pelos crimes de latrocínio (roubo seguido de morte), homicídio e ocultação de cadáver. Além do carro do médico, ele também se apossou de seu computador e de um cartão de crédito, entregues a uma pessoa na cidade de Quarto Centenário, região de Goioerê, em troca de dinheiro para abastecer o veículo de Tortajada.
Guilherme da Costa Alves, de 25 anos, já é velho conhecido da polícia. Inclusive, no momento da prisão a PM foi informada que havia um mandado de prisão em aberto contra ele.
O delegado Gabriel Menezes, da Polícia Civil em Umuarama, considerou que as polícias Civil e Militar foram muito eficientes e rápidas para desvendar o caso, prender o assassino e localizar o corpo do médico Renan Tortajada. Segundo ele, foram também muito importantes a ampla divulgação feita por sites de notícias de todo o Paraná e o envolvimento da população dando informações que levaram a polícia ao assassino.
Para o delegado, faltam poucos detalhes para serem esclarecidos. Um deles é com relação a uma pessoa que mora no município de Quarto Centenário, que ficou com o computador, cartões de crédito e outros objetos que estavam no carro do doutor Renan. Essa pessoa teria ‘comprado’ tudo por alguns reais que o assassino Guilherme da Costa Alves queria para abastecer o carro que estava em seu poder. A polícia quer saber se trata-se de um receptador que sempre fica com objetos roubados por Guilherme.
Notas de Pesar
A prefeitura de Toledo, onde Renan trabalhava há três anos como médico da Secretaria Municipal de Saúde, publicou em seu portal uma Nota de Pesar pela morte do médico.
Também a prefeitura de Guaíra, cidade em que nos últimos cinco anos o médico Renan Tortajada passou por diversas unidades básicas de saúde, CAPS (Centro de Atenção Pisicossocial) e ultimamente atendia na Unidade de Saúde da Família Vila Alta, publicou em seu portal uma Nota de Pesar.