Autor do clássico da literatura brasileira “Crônica da casa assassinada” (1959), o mineiro Lúcio Cardoso é um dos principais escritores da literatura brasileira. A editora Companhia das Letras está em curso com um grande projeto de reeditar sua obra.
Dessa forma, no próximo dia 26 de junho chega às livrarias uma edição especial em dois volumes de “Todos os diários”, organizado por Ésio Macedo Ribeiro. Valores: R$ 139,90 | E-book: R$: 49,90.
No prefácio, Ribeiro destaca o fato de Cardoso estar sendo redescoberto pelas novas gerações, com várias pesquisas acadêmicas sendo realizadas sobre sua obra. Ribeiro ressalta a relevância dos diários de Lúcio Cardoso, nos quais o autor revela aspectos íntimos de sua personalidade, viagens, encontros com amigos e suas preferências artísticas. Além disso, os diários também abordam temas como literatura, cinema, teatro, religião, ciência e suas relações afetivas.
A edição inclui diários já publicados em vida e póstumos, além de textos dispersos que foram coletados em periódicos e livros. Traz também notas do organizador, índice remissivo e uma rica cronologia de vida e obra de Lúcio Cardoso.
Um
O primeiro volume traz os diários do autor até 1951, repletos de citações literárias e de investigações bíblicas, uma obsessão de Cardoso.
“Penso nos outros, nos amigos que nunca tive, naqueles a quem eu gostaria de contar estas coisas como quem faz confidências no fundo de um bar”, escreve Lúcio Cardoso em seu diário, comungando com o leitor a escolha imposta da escrita. É “esse diabólico e raro prazer da confidência”, para muitos “a própria suma de suas inspirações e pensamentos”, que ele partilha conosco.
Aqui acompanhamos o percurso intelectual e psicológico, artístico e filosófico do autor que produziu, entre 1934 (“Maleita”) e 1959 (“Crônica da casa assassinada”), uma obra intimista e única em seu tempo. Escritos para ser publicados em vida, estes diários são palco de elucubrações candentes sobre literatura e cinema, música e teatro, Deus e moral, a filosofia niilista e os desejos mais recônditos da carne e do espírito. Acima de tudo, Lúcio descreve a confluência inadiável entre vida e literatura.
Dois
O segundo volume traz textos inéditos do escritor, além de uma coluna de jornal que Cardoso manteve e que recebeu o adequado título de “Diário não íntimo”.
De Dostoiévski à Bíblia, de Guimarães Rosa a Freud, as leituras e citações feitas por Lúcio Cardoso nos seus diários e textos recolhidos iluminam seu próprio processo criativo, sua angústia diante do papel, sua trajetória de pensamento, o abismo entre a ideia e a escrita. Para Manuel Bandeira, “aqui temos Lúcio contando na sua própria voz o seu próprio romance” — mais até que em sua esmerada ficção, “vemos nestas páginas um homem em luta consigo mesmo, com o seu destino, com o seu Deus”.