Ao longo de 2022, o Valor Bruto da Produção (VBP) no Paraná somou R$ 191,2 bilhões, valor 6% superior ao registrado em 2021 em termos nominais. É uma análise dos resultados preliminares, divulgados nesta quarta-feira, 21, pelo Departamento de Economia Rural da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Deral/Seab).
O VBP contempla aproximadamente 350 itens diversificados, incluindo grãos, proteínas animais, fruticultura, floricultura, silvicultura e uma ampla gama de produtos da agropecuária paranaense. Os dados são levantados pelos técnicos do Deral ao longo do ano com pesquisas de preços e das condições das lavouras nos municípios.
Segundo a consulta deste O Maringá, o destaque do levantamento é o setor pecuário, responsável pela participação de 51% ao somar sozinho R$ 96,7 bilhões “Embora a cifra tenha sido bastante elevada, o valor não cresceu em termos reais”, diz o documento do Deral/Seab.
Responsável por 44% do faturamento bruto, a agricultura teve uma retração em seu VBP em virtude da severa estiagem que ocasionou perdas expressivas, sobretudo na produção de grãos. “O valor de R$ 85,1 bilhões representou um decréscimo de 13% em termos reais. Os resultados positivos da olericultura e da fruticultura amenizaram as perdas”.
Com a valorização dos preços, o VBP das hortaliças ficou 22% superior ao registrado em 2021, e o VBP das frutas aumentou 7%, ambos em termos reais.
La Niña
Os efeitos do fenômeno La Niña impactaram significativamente na safra 21/22, principalmente as culturas de verão. Segundo o relatório, a expectativa inicial era que a produção de feijão (1ª e 2ª safras), milho (1ª e 2ª safras), soja e trigo poderia superar 46 milhões de toneladas.
“No entanto, dadas as adversidades, a colheita dessas culturas somou 33 milhões de toneladas. O impacto financeiro dessa perda é estimado em R$ 31,1 bilhões”.
Inflação
No mercado global, as taxas de inflação se mantiveram em níveis elevados mesmo após o arrefecimento da pandemia, pois a Guerra da Ucrânia representou um segundo choque sucessivo e negativo na oferta das commodities. O Índice de Preços de Alimentos da FAO teve seu ápice no mês de março de 2022 (159,7) e, no ano, acumulou uma alta de 14%.
“Nacionalmente, embora a alta de 5,79% do IPCA tenha sido menor do que o acumulado em 2021 (10,06%), o índice de alimentos e bebidas aumentou 11,64%. Com valores superiores a 50%, itens como a cebola (130,04%), o inhame (62,96%), a maçã (52,03%) e a batata inglesa (51,92%) apresentaram as maiores variações”, acrescenta o documento.
No Paraná, os preços recebidos pelos produtores dos itens pesquisados no VBP aumentaram, em média, 21% em 2022. Das 55 culturas mais expressivas, 39 tiveram variação positiva no período. Mesmo que o volume em toneladas das exportações tenha retraído 14% em 2022, sobretudo em virtude da quebra da safra de soja, o montante financeiro aumentou 11%, passando de 15,2 bilhões de dólares para 16,8 bilhões de dólares.
Esse resultado é explicado em maior medida pela valorização internacional dos preços, haja vista que houve uma valorização do real frente ao dólar no período.
Grãos
A soja permaneceu como a principal cultura da agropecuária paranaense. A produção de 12,6 milhões de toneladas da oleaginosa somou R$ 35,8 bilhões, o equivalente a 19% do total. Mas perdeu cerca de 8 milhões de toneladas, com um recuo real de 37% no VBP.
Já a produção de milho também registrou perdas no ciclo 21/22. A 1ª safra foi impactada pela estiagem e ficou 30% inferior ao inicialmente estimado. No caso da 2ª safra, também afetada por condições climáticas, a produção obtida foi 18% menor do esperado.
“Ainda assim, esse ciclo do cereal foi muito mais favorável que o anterior, cuja produtividade havia reduzido drasticamente. O VBP registrou um aumento real de 40% e ultrapassou a cifra de R$ 20,2 bilhões”, diz a análise do Deral/Seab.
E o trigo ficou abaixo do inicialmente esperado em função das condições climáticas. Apesar disso, a produção de 3,5 milhões de toneladas foi 9% superior à obtida na safra 20/21. “O VBP da cultura atingiu o montante de R$ 5,5 bilhões, o que corresponde a um crescimento real de 5%”.