O voto de cabresto representou uma forma eleitoral impositiva e arbitrária imposta pelos coronéis.
Definição
Voto de cabresto é uma expressão dada pela superposição de duas palavras. Assim, temos Voto, que é o exercício pleno da democracia; e a palavra Cabresto, do latim capistrum, que significa “mordaça ou freio”. Dessa maneira, temos um conceito quase paradoxal, na medida em que representa a democracia amordaçada e guiada como um animal de carga.
Voto de Cabresto na República Velha
Nas regiões mais carentes do Brasil, especialmente no nordeste, esse clientelismo é uma prática recorrente desde os tempos do Império. Fora lugar comum durante a República Velha e talvez perdure até os dias de hoje. Isso acontecia porque nosso sistema eleitoral era frágil e fácil de ser adulterado e manipulado segundo os interesses escusos das elites agrárias. Nesse caso, o eleitor só necessitava entregar pessoalmente um pedaço de papel com o nome do seu candidato. Note que ele poderia ser escrito pelo próprio coronel, já que a maioria desses eleitores nem mesmo sabia ler, e depositá-lo numa urna, num saco de pano. É notável, nesse contexto, a troca de favores que constituiu o sistema de “voto em aberto”, o qual ficara então conhecido como “voto de cabresto”,
Voto de Cabresto e Coronelismo
Não é possível pensar em voto de cabresto sem considerar o Coronelismo ou a violência deste regime. É conhecido o fato de o coronel ser um fazendeiro muito rico. Ele lançava mão de seu poder econômico e militar para garantir a eleição dos seus apadrinhados políticos. Não raramente, esses coronéis obrigavam sua clientela, até mesmo com violência física, em casos extremos, podiam chegar à morte. Esse domínio político sobre uma região é denominado “curral eleitoral” os quais elegem os candidatos apoiados pelo líder local. Já que o voto era aberto, ou seja, era possível identificar cada eleitor, os votantes eram pressionados e fiscalizados por jagunços do coronel. Esta situação só teve fim (ou foi reduzida), após a Revolução de 1930, quando Getúlio Vargas ascende ao poder, combatendo o coronelismo. Mais adiante, em 1932 entra em vigor o primeiro Código Eleitoral do Brasil, que garante o voto secreto e, com isso, golpeia duramente o poder das elites rurais.
Tipos de Voto de Cabresto
Para garantir o controle político de seu “curral eleitoral”, os coronéis manipulavam o poder político. Destacam-se o abuso de autoridade, a compra de votos ou a utilização da máquina pública. Não era raro também, a criação de “votos fantasmas”, troca de favores e fraudes eleitorais. Essas eram forjadas a partir de documentos falsificados para que menores e analfabetos pudessem votar. Outra maneira recorrente era a fraude da contagem de votos, quando os coronéis desapareciam com urnas para adulterar seu resultado. Contudo, a forma mais eficaz era a coerção pela violência física e psicológica. Atualmente, as práticas de “voto de cabresto” tornaram-se mais sofisticadas. Elas continuam a vigorar, inclusive nos centros urbanos, onde a figura paramilitar a exercer a violência são as milícias. Logo, a vontade do eleitor é violada por narcotraficantes, milícias, líderes religiosos e pela manipulação das massas. E, seus imaginários, são levados por meio do clientelismo gerado pelos programas assistenciais. Merece destaque, nos dias de hoje, o chamado “voto de cajado”, do qual pastores e líderes espirituais “impõem” aos fiéis certo candidato da igreja. O reflexo disso é o fortalecimento da bancada religiosa no Congresso e outras instâncias representativas brasileiras.
Referências Bibliográficas:
FOTO: VOTO DE CABRESTO. Disponível em: <http://www.arionaurocartuns.com.br/2021/08/>. Acesso em: 28 jul.. 2023.
VOTO DE CABRESTO E CORONELISMO. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/voto-de-cabresto/Acesso em: 28 jul. 2023
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Alexandre de Oliveira, criador e responsável pelo projeto – História em Pauta.