“Robson”, o primeiro livro publicado em Maringá e por um morador da cidade, em 1959, teve seus originais tombados pelo município devido à sua relevância histórica para a cultura maringaense. O tombamento foi assinado pelo prefeito Ulisses Maia (PSD) após a análise realizada pela Comissão Especial de Preservação ao Patrimônio Histótico, Artístico e Cultura (Cepphac).
“Robson” é um livro de poemas, crônicas e micro-contos do jornalista e escritor Antonio Augusto de Assis, que tinha 25 anos na época da publicação. A capa foi desenhada por Edgar Osterroth, jovem engenheiro da Companhia Melhoramentos, um alemão apaixinado por Maringá, que possivelmente seja o primeiro artista plástico da cidade.
Os originais foram doados por Assis ao acervo da Secretaria de Cultura já há algum tempo e o secretário Victor Simião decidiu pela análise da Cepphac para coincidir com o ano em que o escritor completa 90 anos. A assinatura aconteceu durante uma solenidade na Câmara Municipal para a entrega da Comenda Dom Jaime Luiz Coelho, a mais elevada do município, a Antonio Augusto de Assis.
“A.A. de Assis é parte da história da nossa Maringá. Esse é um ato de reconhecimento por ter levado o nome da nossa cidade a tantos lugares. O trabalho da Cepphac tem todo respaldo da nossa gestão para valorizarmos, cada vez mais, quem ajudou a construir a história e a cultura do nosso município”, afirmou o prefeito.
Para o secretário de Cultura Victor Simião, os originais tombados são o “Robson” no seu estado mais puro. São os escritos de Assis tais quais como ele enviou para a tipografia, datilografados em sulfite e com correções à mão. “Estou muito honrado em colocar essa grande obra, marcante para a cultura da nossa cidade, como um bem tombado. Muito justa a homenagem a A.A. de Assis, o poeta mais importante de Maringá”, afirmou.
Quem é o tal de Robson?
Deve ter muita gente perguntando quem é Robson e por que ele é tão importante a ponto de ser assunto de um livro. Mas, em 1959, quando Maringá vivia seus primeiros anos de barro, poeira e centenas de novos moradores chegavam a cada dia na estação ferroviária e na rodoviária – que na época ficava na Praça Napoleão Moreira da Silva, em frente à Casas Pernambucanas -, ninguém precisava perguntar quem é Robson.
Robson era lido em Maringá desde os primeiros jornais e revistas da cidade, mas ninguém sabia se era um jovem, idoso, louro ou moreno, rico ou pobre. A Maringá pioneira também tinha gente com identidade secreta.
Robson era identidade secreta de Antonio Augusto de Assis, um jornalista de 25 anos que dominava a escrita como ninguém e por isso era quem escrevia as notícias da cidade em todas as publicações. Para não misturar noticiário com trovas e crônicas, ele usou um pseudônimo Robson para o poeta. E foi com o pseudônimo que Assis assinou seu primeiro livro.
Robson voltou
No momento em que volta a ser comentado e até procurado, “Robson” não é apenas um pacotinho de sulfite datilografado nos arquivos do Patrimônio Histórico de Maringá. Ele está por aí, pelas ruas, bibliotecas, nas casas, sendo novamente lido – talvez até mais do que em 1959.
Em 2019, quando “Robson” completou 60 anos, a escritora e editora Angela Ramalho republicou o livro de Assis, exatamente como ele era antes, só que agora com impressão em off-set. Segundo ela, “a poesia de Assis é fonte de inspiração inesgotável” e espera que a segunda edição “proporcione aos jovens poetas maringaenses o desejo de beber dessa fonte, buscando pesquisar e conhecer mais profundamente a obra de um dos maiores nomes da poesia”.
Quem quiser um exemplar pode visitar o site da editora: editoraarpublisher.com.br