Foco, resiliência, organização e capacidade de lidar com diversos assuntos e assumir diferentes papéis são diferenciais que contribuíram para o avanço do reconhecimento da competência da mulher no agronegócio. Entretanto, há um longo caminho a ser percorrido, pois o preconceito ainda não foi totalmente superado. Essa avaliação foi unânime entre as participantes do encontro promovido no último dia 11 pela Alltech e Alltech Crop Science, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher Rural, celebrado em 15 de outubro. O evento em Maringá reuniu produtoras rurais, técnicas, pesquisadoras, docentes e outras profissionais em cargos de liderança no setor, do campo à cidade.
No debate, dividido em dois painéis – “Liderança e sucessão da mulher no campo” e “Oportunidades na indústria e no campo para as mulheres” -, elas compartilharam suas jornadas e como superaram barreiras para conquistar espaços antes predominantemente ocupados por homens. “As mulheres sempre se envolveram na produção agrícola, são parceiras, trabalham lado a lado com o homem no campo e, cada vez mais, assumem papéis de destaque e liderança. O papel delas é tão importante quanto o dos homens, mas mesmo assim, ainda é comum eles terem mais protagonismo”, destaca Helena Estiveira, gerente global de marketing e comunicação da Alltech Crop Science.
O peso da responsabilidade
Para a produtora rural Isabela Batalini, que há oito anos trabalha nas propriedades da família em Marialva (PR) e em Mato Grosso do Sul, as palavras duras de desencorajamento que recebeu de pessoas próximas serviram de “combustível” para superar os obstáculos que continuam surgindo, tendo já conquistado o respeito de quem a subestimou. “Trabalho com meu pai, que é também meu mentor. Ele me deu responsabilidades, confiou muito em mim, viu potencial em mim. Isso foi extremamente importante porque eu escutava um não do meu lado, mas tinha o sim dele me encorajando. Em meio a tantas dificuldades, tantos medos, temos que estar sempre nos aperfeiçoando, buscando conhecimento, usando a tecnologia a nosso favor”, comenta.
Miqueli Sesco trabalha na Cooperativa Agropecuária e Industrial (Cocari) há dois anos e meio. Começou como estagiária quando cursava a faculdade de Zootecnia e, aos poucos, ganhou confiança para assumir cargos mais altos. No setor de controle de qualidade, onde atua como assistente técnica, antes 50% dos colaboradores eram mulheres, hoje o quadro é 100% feminino. “Isso se deve ao reconhecimento do trabalho da mulher na indústria, no campo, porque ela tem capacidade, conhecimento e sabe aquilo que está fazendo”, diz.
Ao longo da carreira, a veterinária sanitarista da Somave Alimentos, Ellen Rovaris, teve a oportunidade de trabalhar em várias áreas do setor avícola, em diferentes estados brasileiros, e relata que a presença da mulher em cargos de chefia não é percebida da mesma forma em todas as regiões do país. “O conhecimento é o carro-chefe para avançar, porque vai mostrar o que você sabe, o que você pode, além de te dar resiliência para crescer e repassar o conhecimento”, afirma.
Espaços a conquistar
A diretora do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Estadual de Maringá (CCA/UEM), Adriana Aparecida Pinto, e a chefe do Departamento de Zootecnia (DZO) da UEM, Simara Márcia Marcato, foram as primeiras mulheres a assumir esses cargos na instituição. Para Adriana, as mulheres não devem se contentar em apenas estar no mercado de trabalho, mas são capazes e precisam buscar cargos de liderança, o que exige coragem para enfrentar desafios e assumir responsabilidades sem medo.
Adriana confirma que a presença feminina está cada vez maior nos cursos de Ciências Agrárias. Ver esse movimento deixa Simara orgulhosa. “A maior parte dos nossos discentes são mulheres, o que significa que o mercado de trabalho está recebendo mais mulheres. Tenho ex-alunas em cargos de destaque em grandes empresas, e é o que desejamos. É uma satisfação encontrá-las e ver o sucesso delas”, comemora.
Avanços
Responsáveis por ministrar treinamentos a produtores rurais, as engenheiras agrônomas da Alltech Crop Science Mayara Soares e Rayssa Santos, relatam que olhares desconfiados e desacreditados são comuns nessas palestras, mas o conhecimento adquirido com muito estudo, aliado ao respaldo da empresa, dá segurança para ignorarem qualquer resistência e transmitirem o conteúdo com assertividade. “Olhares preconceituosos não me abalam, nem mesmo em uma sala com 20 ou 30 homens. Entrego o conteúdo e eles me agradecem pelo conhecimento apresentado”. Mayra considera que o trabalho focado é um grande diferencial das mulheres. “Quando a gente se propõe a fazer uma coisa, faz muito bem feito”, destaca.
Para Rayssa, o ambiente saudável da empresa, que proporciona oportunidades iguais para homens e mulheres, priorizando a competência e não o gênero, gera segurança nas profissionais para desenvolverem todo seu potencial. Na avaliação de Adriana Nascimento, gerente técnica da América Latina da Alltech, eventos desse tipo reforçam a energia das mulheres que atuam em diferentes frentes do setor, o que motiva umas às outras. “Precisamos de mais eventos como esse, porque isso inspira muito, principalmente, quem está começando”, concorda Rafaela Bueno, graduanda de Agronomia.
As conversas foram mediadas pela jornalista e apresentadora Rose Machado, com 28 anos de experiência no agronegócio. “Nós estamos no caminho certo. A mulher tem que correr atrás, se especializar, estudar cada vez mais para estar à frente dos negócios e ter coragem para poder assumir essas funções”, avalia. Para Rose, eventos assim “ajudam muito porque você vê a experiência da outra pessoa e aí você espelha nela, então tem vontade de fazer”.
Mentoria
O encontro faz parte de uma série de iniciativas da Alltech para valorizar a participação feminina no agronegócio. Há três anos, a empresa apoia o Programa de Mentoria Mulheres na Alimentação e Agronegócio (WFA), voltado a promover lideranças femininas. Em três anos, já uniu mais de 300 representantes do setor. Mentoras e mentoradas se conectam remotamente de qualquer lugar do mundo. “Uma colega do Brasil mentorada no programa deu um salto para uma carreira internacional”, exemplifica a gerente de marketing e comunicação da Alltech Crop Science. As participantes do evento foram convidadas a participar do programa, que vai abrir vagas para a próxima turma em janeiro de 2024. Interessadas podem se inscrever pelo https://wfa-initiative.com/mentorship-program/.
Sobre a Alltech
Fundada em 1980 pelo empresário e cientista irlandês Dr. Pearse Lyons, a Alltech oferece tecnologias inteligentes e sustentáveis para o agronegócio. Nossas soluções melhoram a saúde e a nutrição de plantas e animais, oferecendo como resultado produtos mais nutritivos para as pessoas, assim como um menor impacto ao meio ambiente.
Sobre a Alltech Crop Science
A Alltech Crop Science, divisão agrícola da Alltech, desenvolve soluções naturais para os desafios da agricultura nos principais mercados do mundo. Por meio de produtos com alto valor agregado e tecnologia exclusiva nas linhas de fertilizantes sólidos, nutrição, solo, proteção e performance, auxiliando na sustentabilidade e lucratividade do produtor rural. A Alltech Crop Science do Brasil é formada pela maior fábrica de leveduras do mundo, localizada em São Pedro do Ivaí (PR), pela sede em Maringá (PR) e pela unidade em Uberlândia (MG).