Vivemos em constantes controvérsias causadas pelas guerras em tantos lugares no mundo terremotos, tempestades, estiagens, violências domésticas e contratempos na sociedade.
As pessoas, em bom número, aumentam a descrença no Deus da paz e da justiça. A mensagem do Evangelho aparece na boca de tantos cristãos como arma ideológica, fomentando o ódio, a violência, guerras, armamento. Até parece que, nos últimos anos, a sociedade foi preparada para se armar, para criar confusão, rancor em vez da paz entre nós.
É tempo de advento, tempo de preparação para a festa da unidade, do amor, da reconciliação. Entramos no tempo de cuidar com mais vigor as nossas relações em que estivermos com quem convivemos. É tempo oportuno para relembrar a história do povo de Deus que se deixou conduzir pelos profetas que anunciavam a libertação da escravidão para preparar os caminhos do Senhor. Com o Senhor volta a paz, a segurança entre as nações. “Grita uma voz: ‘Preparai no deserto o caminho do Senhor, aplainai na solidão a estrada de nosso Deus. Nivelem-se todos os vales, rebaixem-se todos os montes e colinas; endireite-se o que é torto e alisem-se as asperezas: a glória do Senhor então se manifestará, e todos os homens verão juntamente o que a boca do Senhor falou’” (Is 40,3-5).
O profeta aplica no seu tempo o remédio que cura todas as adversidades e chama a responsabilidade perante os desígnios do Senhor. Nele está a fonte da paz e da harmonia. Em Deus encontramos o caminho que solidifica entre nós a boa conduta, a direção a ser tomada, a postura que devolve a justiça e a paz na humanidade.
Sigamos a vida com o ritmo da ternura de Deus: “para o Senhor, um dia é como mil anos e mil anos como um dia” (2Pd 3,8). O tempo é breve para nossa brevidade existencial neste mundo. Não sabemos a hora e nem como será o fim. A vigilância é a arte prudente que nos fortalece para cada instante do nosso existir. Estejamos, portanto, preparados, pois o Senhor domina o tempo e todo o tempo pertence ao Senhor.
João Batista teve a árdua missão de preparar os corações para a vinda do Senhor. Houve violentas rejeições, mas ele permaneceu fiel à missão de preparar a vinda de Jesus ao mundo. Somos chamados de cristãos, de fato o somos quando assumimos a graça do Batismo e nos configuramos ao Cristo, Filho de Deus que nasceu da Virgem Maria pela obra do Espírito Santo. Ele nos ensinou o caminho da prudência, da sensatez, da paz. “Eis que envio meu mensageiro à tua frente, para preparar o teu caminho. Esta é a voz daquele que grita no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas estradas!’” (Mc 1,2b-3).
Neste último mês do ano, antes de chegarmos nas festas natalinas, término do ano e início do novo ano, carreguemos nossas vidas com as promessas do Senhor, enquanto Ele se deixa encontrar. O que o Evangelho nos indica é o caminho do deserto, ou seja, do silêncio, da meditação, da prudência, da confiança no Senhor. Com Ele no coração, nossos pensamentos se voltam ao Deus da esperança e nos ilumina para todas as ações que se convertem na construção da paz, da harmonia, da alegria entre todas as criaturas. Assim restabelecemos o que está sendo destruído e a natureza humana experimenta a beleza da ternura que somente o Espírito Santo poderá nos impulsionar para uma nova ordem de vida.
Sejamos construtores da paz entre nós e preparemo-nos para o dia do Senhor.