14 Anos de Planejamento: Como Hajime Isayama Criou Essa Obra-Prima?

Maringá

Hajime Isayama, o criador de Attack on Titan, dedicou 14 anos de sua vida para transformar sua ideia inicial em uma das franquias de anime e mangá mais impactantes e complexas da história. Sua jornada criativa é marcada por desafios, reviravoltas inesperadas e uma dedicação incansável à construção de um mundo profundamente imersivo. Como ele conseguiu criar uma obra tão grandiosa e intrincada? Aqui está uma análise de como o planejamento de Isayama moldou Attack on Titan.


1. A Ideia Inicial: O Mundo Pós-Apocalíptico e os Titãs

O conceito inicial de Attack on Titan nasceu de um desejo de explorar um mundo fechado e apocalíptico. Isayama queria criar uma narrativa de sobrevivência em um cenário onde a humanidade está à beira da extinção, cercada por monstros monstruosos e imponentes. O conceito dos Titãs surgiu quando o autor pensou sobre o que representaria uma ameaça existencial, algo que realmente pudesse colocar a humanidade em risco. O primeiro esboço de um Titã foi, na verdade, inspirado por uma lembrança de infância, quando Isayama se deparou com uma figura de um monstro que parecia ameaçador e imponente.


2. Influências e Referências Culturais

Isayama se inspirou em várias fontes para criar Attack on Titan. A obra tem uma forte influência de suas experiências pessoais e de outros grandes trabalhos de ficção, como Neon Genesis Evangelion e as obras de H. P. Lovecraft. A ideia de um mundo distópico e a exploração do horror cósmico foram fundamentais para a construção dos Titãs como seres imensos e desconhecidos, cujas intenções e origens são enigmáticas e aterradoras.

Além disso, a história também reflete aspectos da história real, como a guerra, a opressão e o nacionalismo. Isayama abordou questões políticas e sociais de forma indireta, usando as diferentes facções e culturas dentro de Attack on Titan para comentar sobre a natureza humana e os conflitos históricos.


3. A Criação das Muralhas e a Expansão do Mundo

Uma das escolhas mais geniais de Isayama foi criar as muralhas que cercam a humanidade. Essas muralhas não servem apenas como um elemento de defesa, mas também simbolizam a separação entre o mundo exterior e a segurança de um lugar controlado. A ideia de um mundo limitado, onde a maioria das pessoas nunca verá o que há além das muralhas, foi uma maneira de Isayama construir uma metáfora sobre o medo do desconhecido e as limitações impostas pela sociedade.

Isayama também planejou a expansão do mundo de forma gradual. Inicialmente, as muralhas parecem ser tudo o que existe, mas à medida que a trama avança, novos territórios e verdades são revelados, levando o público a entender que há muito mais em jogo do que simples batalhas contra os Titãs. Esse aprofundamento do mundo foi feito com cuidado e paciência, revelando camadas de história e complexidade conforme a série avançava.


4. O Desenvolvimento dos Personagens: Complexidade e Crescimento

Isayama sempre teve um foco muito claro no desenvolvimento de seus personagens. Cada um dos membros do 104º Corpo de Exploração, especialmente Eren, Mikasa e Armin, passa por um arco de desenvolvimento pessoal que é fundamental para a narrativa. Isayama planejou cuidadosamente como cada personagem reagiria aos eventos e como suas motivações seriam moldadas pelos traumas e pela constante ameaça dos Titãs.

Um dos aspectos mais notáveis da criação de Isayama foi a capacidade de transformar personagens inicialmente simples em figuras complexas e multifacetadas. Eren, por exemplo, começa como um jovem determinado a destruir todos os Titãs, mas sua jornada o transforma em um personagem mais sombrio e conflitante, com motivações que se tornam mais difíceis de entender à medida que ele cresce. Essa transformação foi cuidadosamente planejada para desafiar a percepção do público sobre o que é certo e errado, subvertendo as expectativas ao longo da série.


5. As Reviravoltas e o Planejamento a Longo Prazo

O que distingue Attack on Titan de muitas outras obras é o seu planejamento meticuloso. Isayama pensou na trama desde o início de forma que as reviravoltas e os segredos fossem revelados de maneira gradual, com muito cuidado para que nada parecesse forçado ou abrupto. Por exemplo, a revelação de que os próprios membros do Corpo de Exploração tinham sido infiltrados por Titãs foi uma das maiores surpresas da série, e esse segredo foi plantado desde as primeiras temporadas, mas só se tornou claro quando Isayama decidiu que era o momento certo para revelá-lo.

Outro exemplo de planejamento a longo prazo foi a maneira como Isayama abordou a mitologia dos Titãs e o segredo por trás de sua origem. O público só começa a entender a verdadeira história por trás dos Titãs muito tempo depois, quando os detalhes sobre Marley, a história dos Eldianos e as intenções de Eren se tornam o centro da narrativa. Cada nova revelação foi cuidadosamente construída ao longo dos anos, mantendo o mistério e a tensão.


6. O Impacto do Final e a Conclusão Planejada

Ao longo dos 14 anos de Attack on Titan, Isayama manteve um compromisso com a conclusão da obra. Ele sempre teve uma visão clara de como a história deveria terminar, e embora tenha enfrentado pressão de fãs e editores, ele se manteve firme em sua decisão de dar um desfecho que fosse fiel à visão original. O final, que foi tanto controverso quanto aclamado, não foi uma solução fácil, mas sim uma culminação lógica e emocional de todos os conflitos e temas explorados na série.

Isayama revelou que, desde o início, ele sabia onde a história estava indo, e a maneira como ele foi capaz de amarrar todos os elementos da trama em um final coeso é um testemunho de seu planejamento cuidadoso. Ele nunca se desviou de suas ideias centrais, mesmo quando isso significava desafiar as expectativas dos fãs.


Conclusão

A criação de Attack on Titan é uma verdadeira obra-prima de planejamento e dedicação. Hajime Isayama não apenas construiu um mundo complexo e fascinante, mas também desenvolveu personagens memoráveis e uma narrativa que desafia os limites do gênero de ficção. Seu planejamento de 14 anos permitiu que ele controlasse cuidadosamente cada revelação, mantendo o público sempre ansioso por mais. Ao longo dessa jornada, Isayama demonstrou uma habilidade rara de equilibrar ação, drama e filosofia, criando uma série que se tornaria um marco na história dos animes.

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