Projeto da Semana – Casa Tijolos

Foto: Lauro Rocha

Pela primeira vez na coluna, trago ao projeto da semana um projeto residencial, talvez porque este em questão me chamou muita atenção. Projetada e executada entre os anos de 2011 e 2015 pelo escritório Verri & Galvão, a chamada “Casa Tijolos” faz jus ao nome de uma ótima forma. Idealizada para ser uma casa tranquila, privada e com uma oficina dentro do programa de necessidades, a construção ocupa apenas 40% do lote em condomínio fechado, o que garantiu a ela dois jardins, um deles totalmente conectado ao interior. A privacidade dos moradores também foi um ponto importante para os arquitetos. “Como a rua está voltada para o oeste, onde o sol da tarde traz certo incômodo e muito calor, evitamos aberturas diretas, conferindo privacidade e minimizando a entrada de calor.” conta Aníbal Verri, arquiteto responsável pelo projeto, sobre as estratégias de conforto e privacidade. Mas o grande destaque do projeto são seus volumes revestidos em tijolos, o que dá nome à obra atemporal. “A constituição volumétrica da residência se expressa por uma forte linha inclinada do telhado, que se inicia no extremo norte do lote e desce a sul […] De certa maneira, esta é uma referência ao arquiteto finlandês Alvar Aalto.” conta Aníbal. Esses volumes recebem os tijolos fazendo uma referência à terra vermelha do norte do Paraná. “Além de remeter à cor do solo, esta é uma solução que demanda pouca manutenção.” relata o arquiteto. Para Aníbal, a maior intenção do projeto foi proporcionar uma atmosfera acolhedora, com forma e materiais que remetem à memória de um espaço vivo, não sendo a toa que até a hoje a casa se apresenta atual. Confira mais curiosidades sobre o projeto na entrevista com Aníbal! 

Foto: Lauro Rocha

Igor Mendes – É a primeira vez que trago um projeto residencial ao quadro Projeto da Semana, e sabemos que em residências o processo de projeto é diferente. Quais foram as principais necessidades dos clientes que nortearam o projeto?  

Aníbal Verri – A solicitação foi a de que a casa tivesse o maior jardim possível e, além dos espaços rotineiros de uma casa, uma oficina/marcenaria para as atividades de hobby do morador. Trata-se de uma casa unifamiliar, construída em condomínio, cujo processo de trabalho se desenvolveu de 2011 a 2015, em que nos responsabilizamos pelos projetos de arquitetura, de mobiliário e pelo acompanhamento de obra. 

Foto: Lauro Rocha

IM – Mesmo estando localizada em condomínio fechado, a privacidade em relação à rua é sempre um ponto de atenção em projetos residenciais. Quais foram as diretrizes escolhidas para solucionar essa questão? 

AV – Podemos dizer que a casa tem duas frentes principais, ou fachadas, como se diz: a “frente rua” e a “frente jardim”. Como a rua está voltada para o oeste, onde o sol da tarde traz certo incômodo e muito calor, evitamos aberturas diretas, conferindo privacidade e minimizando a entrada de calor. O escritório, que tem acesso direto à rua e independência do funcionamento da casa, se abre para um pátio lateral, novamente protegido do sol e da vista externa. 

Foto: Lauro Rocha

IM – Os jardins, frontal e posterior, são bem destacados e localizados no terreno de 1200m². Como foi o processo de distribuição e implantação da casa no lote? 

AV – A construção ocupou apenas 40% do lote no pavimento térreo, o que propiciou um belo jardim na frente e nos fundos, lugar para o qual a casa se abre totalmente no térreo, com panos envidraçados. Neste espaço, há pérgolas em concreto aparente para a proteção solar e para o acolhimento do orquidário e a oficina se encontra parcialmente enterrada, com um teto jardim que, de certa forma, se mimetiza ao verde.  

Foto: Lauro Rocha

IM – O volume da residência como unidade é o grande destaque do projeto. Como foi o processo de criação da volumetria? 

AV – A constituição volumétrica da residência se expressa por uma forte linha inclinada do telhado, que se inicia no extremo norte do lote e desce a sul, uma inclinação que está presente também nos ambientes internos, forrados em ripas de ipê. De certa maneira, esta é uma referência ao arquiteto finlandês Alvar Aalto.

Foto: Lauro Rocha

IM – O nome do projeto é “casa tijolos” e quem o observa percebe o revestimento externo em destaque. Por que a escolha desse nome e a escolha desse acabamento? 

AV – A casa é pouco aberta para a rua, assegurando a plena privacidade dos moradores, como já mencionei. Entretanto, ela é totalmente banhada por luz natural. Assim, os volumes receberam, externamente, revestimento de tijolos cerâmicos da região, que são feitos com a terra vermelha característica do norte do Paraná, como uma condição necessária para controlar a incidência e a reflexão da luz nas paredes externas, minimizando o calor. Além de remeter à cor do solo, esta é uma solução que demanda pouca manutenção.

Foto: Lauro Rocha

IM – Hoje, 10 anos depois do início do projeto, qual a sensação que o escritório tem ao vê-lo ainda vivo? Qual sensação vocês desejavam causar e entregar aos usuários dessa casa? 

AV – Sou suspeito para falar, mas a casa tem uma atmosfera acolhedora e a forma e os materiais utilizados remetem à memória de um espaço vivo. Parece-me que ficou pronta ontem.

Aníbal Verri e equipe. Foto: Reprodução
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