Projeto da Semana – Mannaia

Bar e Forneria

Foto: Jefferson Ohara

Ambientes com experiências diversas ao usuário. Esse deveria ser o mantra da arquitetura, e é também o conceito que norteia o projeto do bar e forneria Mannaia, em Maringá. Realizado há quase quatro anos, foi feito pelo escritório Studio Na:escala, fundado em 2014 pela arquiteta Juliana Rodelli, hoje associada à arquiteta Nádia Borlina, e na época do projeto também à arquiteta Camila Farias. A mistura de estilos arquitetônicos no espaço é o grande destaque do projeto, “[…] em projetos assim [comerciais] costumamos dizer que podemos “pirar” um pouquinho mais na concepção, a liberdade é gigantesca e precisamos de freio e foco.” pontuam as arquitetas sobre os desafios do projeto.

É perceptível em todo o ambiente a mistura de elementos do street art, da sofisticação de um bar e de itens da arquitetura industrial. “Em projetos que nos permitem fazer este tipo de concepção, onde em cada pedacinho você consegue identificar um elemento marcado por uma determinada estética, nunca vira monotonia […]” dizem as arquitetas Juliana e Nádia. Utilizando referências de diversas fontes como viagens, filmes, internet e utilizando a estética industrial como base, o escritório conseguiu realizar um projeto que fornece experiências visuais e táteis ao usuário. “Acredito que queríamos justamente isso do usuário, provocar sensações com as diversas texturas e cores, provocar curiosidade e interesse mesmo.” Confira a seguir a entrevista completa com as arquitetas Juliana e Nádia. 

Foto: Jefferson Ohara

Igor Mendes – Conte um pouco sobre o Studio Na:escala. Há quanto tempo atuam na arquitetura e em quais segmentos?

Juliana e Nádia – O Studio Na:escala foi criado em 2014 pela arquiteta Juliana Rodelli, que manteve o escritório até 2016, quando entrou a Camila Farias e eu Nádia Borlina como associadas.  Esta formação com as três arquitetas  durou até o início de 2020. Neste período vários projetos foram concebidos, dentre eles, o Mannaia Bar e Forneria

Hoje somos eu e a Jú, que além de sócias somos amigas desde 2003, quando fazíamos a faculdade de arquitetura e urbanismo. Nos formamos em 2007 pela Universidade Estadual de Maringá. Hoje atuamos concebendo projetos comerciais e residenciais.

IM – Qual foi o maior desafio ao projetar o restaurante?

JN – Criar ambientes comerciais, claro que dependendo do segmento, nos dá uma liberdade estética muito grande, em projetos assim a gente costuma dizer que podemos “pirar” um pouquinho mais na concepção, a liberdade é gigantesca e precisamos de freio e foco. Então, criar a personalidade de projetos como este já nos primeiros esboços sempre é um grande desafio para nós arquitetos.

Foto: Jefferson Ohara

IM – No projeto, há uma mescla de estilos arquitetônicos que juntam elementos do street art, estilo industrial e estilos sofisticados também. Qual a intenção por trás dessa integração de estilos?

JN – Acreditamos que a mistura de estilos traz riqueza de detalhes, o que provoca percepções diversas dentro do ambiente. Em projetos que nos permitem fazer este tipo de concepção, onde em cada pedacinho você consegue identificar um elemento marcado por uma determinada estética, nunca vira monotonia, e isso prolonga a durabilidade do projeto. O Mannaia está aí como prova, um projeto de quase 4 anos e ainda nos surpreendemos muito com os elogios. 

IM – De onde vieram as principais referências do projeto?

JN – Vivências, viagens, memórias, filmes, internet. Somos bombardeados com imagens e referências o tempo todo, uma hora isso ajuda!

Foto: Jefferson Ohara

IM – As instalações aparentes, principalmente de iluminação, e a aplicação abundante de elementos metálicos têm grande destaque no projeto. Qual foi o motivo dessas escolhas?

JN – As instalações elétricas aparentes e os elementos metálicos foram consequência direta do estilo base do projeto, que é o industrial. A analogia aos galpões industriais antigos e depredados permeou as nossas ideias desde os primeiros esboços do projeto.

Foto: Jefferson Ohara

IM – As percepções do usuário dentro do restaurante são diversas devido aos vastos elementos da decoração e ambientação. Como foi, dentro do processo de projeto, a concepção dessa experiência do usuário?

JN – É engraçado isso, mas o arquiteto sempre entra nos espaços e fica olhando tudo, tocando em tudo, tamborilando os dedos nas paredes e móveis, justamente para entender o espaço e de que ele é feito. Acredito que queríamos justamente isso do usuário, provocar sensações com as diversas texturas e cores, provocar curiosidade e interesse mesmo. Um exemplo dessa provocação sensorial é a sensação agradável ao toque do veludo do sofá que se contrapõe diretamente com o visual agressivo da pedra no gabião do balcão. É de se pensar não é? 

As arquitetas Nádia e Juliana
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