Os eternos viajantes Jesse e Shurastey

Jesse e Shurastey 1

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Na última segunda-feira (23) recebemos a triste notícia da morte acidental do curitibano Jesse e do seu melhor amigo e inseparável cão da raça Golden, chamado Shurastey (sim, uma analogia para a expressão “Should I Stay [Devo ficar]”, popularizada na canção “Should I Stay or Should I go? [Devo ficar ou devo ir?]” da banda britânica The Clash). Ambos sofreram um acidente com seu amável fusquinha branco no estado do Oregon nos Estados Unidos. No entanto, antes disso, muitas história e reflexões esses dois amigos puderam nos passar.

Poucos dias antes do acidente Jesse esteve no programa “Mais que 8 minutos” do humorista Rafinha Bastos que tem sede em Nova York. Segue-se então um resumo da história que Jesse contou para Rafinha Bastos: embora curitibano, era morador de Balneário Camboriú, trabalhou por sete anos num shopping até decidir que queria viajar o mundo com seu fusca e seu cachorro. A coisa toda foi sem muita reflexão. Jesse simplesmente estava de saco cheio do seu trabalho e decidiu vender tudo e entregar-se ao destino. Juntos eles cruzaram toda América, indo do extremo sul ao extremo norte, passando por mais de 17 países e centenas de perrengues, tanto mecânicos como alfandegários. O objetivo era chegar até o Alasca no Canadá, o que infelizmente não foi possível.

Vale dizer que nos anos 60 e 70 um livro fez grande sucesso principalmente nos Estados Unidos e influenciou toda uma geração: trata-se de On the Road [Pé na estrada] de Jack Kerouac, um escritor revolucionário que basicamente narrou a história de suas aventuras sobre como largou tudo e viajou de carona pelos Estados Unidos e por parte da América Central. Sem dinheiro, sem horários, sem compromissos e disposto a viver o que a vida lhe trouxesse.

A mensagem de Kerouac era sobre como era fácil elevar a liberdade ao seu grau máximo e gastando quase nada: bastava coragem para entregar-se ao destino e jogar-se na estrada. Esse espírito ecoou em grandes personalidades da música norte-americana, tais como Jimi Hendrix, Jim Morrison, Janis Joplin, etc. – e isso foi também suficiente para influenciar aquilo que ficou conhecimento como movimento cultural beatnik, que desembocou também no movimento hippie, ou seja, um montão de jovens drogadões, rockeiros, cabeludos e revoltados com as mortes injustificadas de inocentes na Guerra do Vietnã (da qual na época os Estados Unidos participava). É claro, este é apenas o resumo da coisa, e “se você quiser saber mais, então você vai ter que ler” – é o que sem dúvidas diria o genial Eduardo Bueno, que foi o primeiro a traduzir a obra On the Road de Jack Kerouac no Brasil.

Jesse e Shurastey (embora não fossem hippies) mostraram que o espírito de On the Road continua a ecoar. Pudemos aprender com Jesse e Shurastey uma lição de coragem e determinação. É claro, pouca gente está disposto a vender tudo, comprar um fusca e sair viajando por aí, mas a atitude dos dois amigos serve para nos mostrar outras coisas.

Em primeiro lugar, que é preciso e possível acreditar nos sonhos mais estranhos e improváveis, ainda que muita gente duvide ou queira te fazer desistir (o Jesse disse para o Rafinha Bastos que seus amigos duvidaram que não seria possível chegar nem em Florianópolis, mas ele foi muito mais longe). Em segundo lugar, mesmo quando tudo parece mal, há ainda a esperança de que se pode acreditar que melhore, principalmente se você tiver um cão e um pouco de capacidade de olhar as coisas simples – que foi o que Jesse sempre fez.

 

 

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