Caminhando com o mestre

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Um Mestre chamado Lao, vendo que seu jovem discípulo avançava bem no caminho da sabedoria, era aplicado e estudioso, fazia as tarefas do templo com assiduidade, possuía um coração generoso, e ajudava a todos com boa vontade, concluiu que ele estava maduro para sair numa jornada de aprendizagem pelo mundo.

Chamou seu discípulo e lhe disse- Nientim, já aprendeste o que era necessário aqui no templo, chegou o momento de aprender com a realidade da vida, você está aqui desde os 8 anos, e já se passaram 7 anos, assim como foi comigo e meu mestre, assim será com você, arruma suas coisas e partiremos.

Saíram então Mestre e discípulo, numa jornada de aprendizagem.

Chegaram em um vilarejo, e aquela multidão de gente andando pra lá e pra cá, chamavam a atenção do jovem Nientim, que entusiasmado tudo observava com atenção, enquanto seu mestre apenas fazia anotações em seu caderno…

Muitos mendigavam, e isso fazia o coração do jovem doer de piedade, ele carregava os mantimentos para a viagem, junto com alguns trocados. Por vezes sentia vontade de dar o que possuíam, olhava então para seu Mestre, mas este não demonstrava nenhuma piedade, ficava apenas anotando.

Este era um hábito que Mestre Lao tinha, Nientim acreditava que o Mestre fazia anotações sobre ele, e não olhava para a realidade à sua volta.

Isso começou a incomodar o jovem discípulo, que não ousava chamar a atenção de seu Mestre.

Mestre Lao, notando a gama de emoções que iam tomando conta da mente do discípulo, chamou-lhe a atenção e disse: Jovem, não permitas que a identificação com o mundo, e as coisas do mundo, lhe perturbem o coração, mantenha a paz e o equilíbrio interior.

Apesar de respeitar seu mestre, Nientim achou-o insensível, mas mesmo assim procurou usar a técnica do “caminhante desperto” que consistia em se auto observar, sem precisar parar.

Por fim saíram da cidade e tomaram a estrada, depois de muito caminharem, já estava anoitecendo, quando avistaram uma casinha no alto duma colina.

Resolveram pedir abrigo lá, pois estavam fatigados da caminhada.

À medida que iam se aproximando, iam percebendo que se tratava de uma casinha bem paupérrima, feita de madeiras velhas cheias de frestas, por onde entravam o vento frio da noite.

Ao chegarem no casebre, foram recebidos pelo dono, um senhor com roupas bem pobres, remendadas e sujas. Ele os convidou a entrar e apresentou sua esposa e seus três filhos.

Ficamos honrados que monges santos, escolheram nossa casa para pernoitar, com certeza Deus nos abençoará, e vocês nos trarão boa sorte.

A esposa então pegou os poucos mantimentos que tinham e preparou uma sopa para todos.

Durante o jantar, o discípulo percebeu que a comida era escassa até mesmo para somente quatro membros da família e ficou penalizado com aquela situação de pobreza.

Olhando para aqueles rostos cansados e subnutridos, perguntou ao dono como eles se sustentam, enquanto seu Mestre quieto tudo observava e anotava em seu caderno.

O senhor respondeu, você está vendo aquela cabritinha lá fora?

Dela tiramos o leite que consumimos e fazemos queijo.

O pouco de leite que sobra, trocamos por outras mercadorias na cidade.

Ela é nossa fonte de renda e de vida. Conseguimos viver com o que ela nos fornece, não dá muito, mas pelo menos, graças ao grande Buda, não morremos de fome!

– O discípulo olhou para o mestre, num misto de piedade e comiseração, mas este jantava de cabeça baixa e mantendo silêncio, terminou de jantar.

Continua na próxima semana.

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