Em Éfeso

Bem-vindos, caros leitores. Eu sou Almir Soares e trago para esta humilde coluna os ensinamentos ancestrais dos grandes mestres que passaram pela Terra. No presente momento estou trazendo os ensinamentos deixados pelo Mestre El Morya e Kut Humi a Madame Blavatsky:

Foi, portanto, a aceitação dessa doutrina que levou os gnósticos a firmarem que Jesus era um homem ensombrecido pelo Cristos, ou Mensageiro da Vida, e que seu lancinante grito na cruz, “Eloi, Eloi, lama shâbahthani”, lhe foi arrancado no instante em que sentiu que essa inspiradora Presença o havia finalmente abandonado, pois – como alguns o afirmaram – sua fé também o abandonara quando estava na cruz. Os primeiros nazarenos, que devem ser alinhados entre as seitas gnósticas, embora acreditando que Jesus era um profeta, sustentavam a seu respeito a mesma doutrina do “ensombrecimento” divino de certos “homens de Deus”, enviados para a salvação das nações, e para chamá-las ao caminho do bem. “A mente divina é eterna, e é para luz, disseminada através de esplêndido e imenso espaço (pleroma). É a Geradora dos Aeons. Mas um destes se transforma em Matéria [Caos] produzindo movimentos confusos (turbulentos); e por meio de uma parte da luz celeste ele a conformou numa boa constituição para o uso, mas foi o começo de todo o mal. O Demiurgo [da matéria] reclamou as honras divinas. Por conseguinte, Cristo (“o ungido”), o príncipe dos Aeôns [poderes] (expeditus), e, tomando a forma de um devoto judeu (Iesu), deveria conquistá-lo, mas, pondo-o [o corpo] de lado, partiu para as alturas”. (“Segundo os nazarenos e os gnósticos, o Demiurgo, o criador do mundo material, não é o Deus supremo”, (ver Dunlap, Sõd, tehn Son of the Man.) Explicaremos mais adiante o pleno significado do nome Cristos e o seu sentido místico.

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– O dogma dos gnósticos:

E agora, a fim de tornar tais passagens mais inteligíveis, tentaremos definir, da maneira mais breve possível, os dogmas em que, com diferenças insignificantes, quase todas as seitas gnósticas acreditavam. Foi em Éfeso que floresceu nessa época o colégio mais célebre, em que tanto as doutrinas abstratas do Oriente como a filosofia de Platão eram ensinadas. Ele era o foco das doutrinas “secretas” universais; o misterioso laboratório de onde nasceu, vazada na elegante fraseologia grega, a quintessência da filosofia budista, zoroastrista e caldaica. Ártemis, o gigantesco símbolo concreto das abstrações teosófico-panteístas, a grande mão Multimamma, andrógina e padroeira das “escrituras de Éfeso”, foi conquistada por Paulo; mas, embora os zelosos convertidos dos apóstolos tenham pretendido queimar todos os livros sobre as “artes curiosas”, muitos deles restaram, possibilitando-lhes o estudo assim que o seu zelo esfriou. Foi de Éfeso que se irradiou quase toda a Gnose, que antagonizava ferozmente com os dogmas de Irineu; e foi ainda Éfeso, com seu numerosos ramos colaterais do grande colégio dos essênios, que revelou ser o viveiro de todas as especulações cabalistas que os tannaim haviam trazido do cativeiro. “Em Éfeso”, diz J. Matter, “as noções da escola judaica-egípcia haviam então recentemente chegado para engrossar a vasta confluência de doutrinas gregas e asiáticas, de modo que não é de surpreender que os mestres aí se tenham desenvolvido para tentar a combinação da religião recentemente pregada pelo Apóstolo com as ideias há muito estabelecidas nesse local”.

Se os cristãos não se tivessem limitado às Revelações de uma pequena nação, aceitando o Jeová de Moisés, as ideias gnósticas jamais teriam sido acusadas de heresia; uma vez desembaraçado de seus exageros dogmáticos, o mundo teria possuído um sistema religioso baseado na pura filosofia platônica, e muito se teria ganho certamente com isso. Vejamos agora quais são as maiores heresias dos gnósticos. Escolheremos Basilides como o modelo para as nossas comparações, pois todos os fundadores das outras seitas gnósticas se agruparam ao seu redor, como um sistema planetário que toma luz de seu Sol. Basilides afirma que havia tomado todas as suas doutrinas do Apóstolo Mateus, e de Pedro, através de Gláucias, seu discípulo. De acordo com Eusébio, ele publicou vinte e quatro volumes de Interpretações dos Evangelhos, os quais todos foram queimados, fato que nos faz supor que continham mais verdades do que a escola de Irineu estava preparada para negar. Ele afirma que o Pai desconhecido, Eterno e Incriado, tendo dado nascimento em primeiro lugar ao Nous, à Mente, esta emanou de si mesma o Logos. O Logos (o “Verbo” de João) emanou por sua vez as Phronêsis, as Inteligências (espíritos divino-humanos). Das Phronêsis nasceu Sophia, a sabedoria feminina, e Dynamis – a força. Tais foram os atributos personificados da misteriosa divindade, o quintérnio gnóstico, que simboliza as cinco substâncias espirituais, mas inteligíveis, as virtudes pessoais ou os seres exteriores da divindade desconhecida. Essa é uma ideia eminentemente cabalística.

Continua na próxima semana, caros irmãos de caminhada.

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