Bem-vindos, caros buscadores da luz. Eu sou Almir Soares e trago toda semana para vocês, conteúdos ligados a área mística espiritual e ocultista. No conteúdo desta semana, vamos dar continuidade aos ensinamentos da Madame Blavatsky que deram origem a Teosofia.
Na verdade, sendo alguns de seus discípulos galileu, como ele próprio, ficaram estes surpresos ao vê-lo empregar tal modo de expressão com o público. “Por que lhes falas por parábolas?”, perguntavam com frequência. “Porque a vós foi dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não”, foi a resposta, que era a de um iniciado. “É por isso que lhes falo por parábolas: porque veem sem ver, e ouvem sem ouvir, nem entender.” (Mateus, XII, 10-3). Além disso, vemos Jesus expressando ainda mais claramente seus pensamentos – e em sentenças que são puramente pitagóricas – quando, durante o Sermão da Montanha, diz: “Não deis o que é sagrado aos cães, Nem atireis as pérolas aos porcos; Pois os porcos as pisarão e os cães se voltarão e vos morderão”.
O Prof. A. Wilder, o editor de Eleusinian and Bacchic Mysteries, de Taylor, observa “uma idêntica disposição da parte de Jesus e Paulo para classificar suas doutrinas como esotéricas e exotéricas, ‘os mistérios do Reino de Deus para os apóstolos e ‘parábolas’ para a multidão. ‘Pregamos a sabedoria’, diz Paulo, ‘àqueles dentre eles que são perfeitos’ (ou iniciados)”.
Nos mistérios de Elêusis e em outros, os participantes eram sempre divididos em duas classes: os neófitos e os perfeitos. Os primeiros eram às vezes admitidos na iniciação preliminar: a representação dramática de Ceres, ou a alma, que desce ao Hades (Essa descida ao Hades significa a sina inevitável de toda alma que se une por algum tempo a um corpo terrestre. Essa união, ou essa sombria perspetiva para a alma de se ver aprisionada na sombria morada de um corpo, era vista por todos os filósofos antigos, e ainda hoje pelos budistas modernos, como uma punição). Mas só aos “perfeitos” era concedido desfrutar dos mistérios do divino Elysium, a morada celestial do abençoado, sendo o Elísio inquestionavelmente um correlato do “Reino dos Céus”. Contraditar ou rejeitar o que está acima seria apenas fechar os olhos à verdade. A narrativa do Apóstolo Paulo, em sua segunda Epístola aos Coríntios (XII,2-4), impressionou a vários eruditos, bem versados nas descrições dos ritos místicos da iniciação dados por alguns clássicos, e que fazem alusão, sem nenhuma dúvida, à Epopteia final. “Conheci um certo homem que foi arrebatado ao Paraíso – se em seu corpo, se fora do corpo, não sei: Deus o sabe – e que ouviu palavras inefáveis, que não é lícito ao homem repetir”. Essas palavras raramente foram consideradas pelos comentaristas, ao que saibamos, como uma alusão às visões beatíficas de um vidente “iniciado”. Mas a fraseologia é inequívoca. Essas coisas “que não é lícito ao homem repetir” são sugeridas pelas próprias palavras, e a razão que se dá para isso é a mesma que vemos repetida muitas vezes por Platão, Proclo, Jâmblico, Heródoto e outros clássicos. “Pregamos a SABEDORIA [apenas] àqueles que são PERFEITOS”, diz Paulo [I Coríntios, II, 6.), sendo a seguinte a tradução clara e inegável dessa frase: “pregamos as doutrinas esotéricas mais profundas (ou finais) dos mistérios (que foram denominados sabedoria) apenas àqueles que são iniciados”.
Por conseguinte, no que diz respeito ao “homem que foi arrebatado ao Paraíso” – e que era evidentemente o próprio Paulo -, a palavra cristã Paraíso substituiu o nome Elísio. Para completar a prova, podemos relembrar as palavras de Platão, dadas noutro lugar, que mostram que, antes de um iniciado poder ver os deuses em sua luz mais pura, ele deve libertar-se de seu corpo; i.e., separar sua alma astral. Apuleio também descreve sua iniciação nos mistérios da mesma maneira: “Aproximei-me dos confins da morte; e, tendo trilhado o limiar de Proserpina, retornei, após ter sido transportado por todos os elementos. Nas profundezas da meia-noite, vi o Sol faiscando com uma esplêndida luz, juntamente com os deuses infernais e supernos, e, ao me aproximar dessas divindades, paguei o tributo de uma devota adoração”.
Portanto, em comum com Pitágoras e outros reformadores hierofantes, Jesus dividiu seus ensinamentos em exotéricos e esotéricos. Seguindo fielmente os procedimentos pitagóricos-essênios, ele jamais se sentou à mesa antes de dizer “graças”. “O sacerdote reza antes de se pôr à mesa”, diz Josefo, descrevendo os essênios. Jesus também dividia seus seguidores em “neófitos”, “irmãos” e “perfeitos”, se podemos julgar pela diferença que fazia entre eles. Mas sua carreira, pelo menos como um rabino público, foi de duração curta demais para lhe permitir estabelecer uma escola regular própria; e com exceção, talvez, de João, não consta que ele tenha iniciado qualquer outro apóstolo. Os amuletos e talismã gnósticos são, antes de mais nada, emblemas das alegorias apocalípticas.
Continua…