Bem-vindos, buscadores dos conhecimentos antigos. Eu sou Almir Soares e trago toda semana nesta coluna os ensinamentos dos Mestres ancestrais. No presente momento estou trazendo os conhecimentos recebidos por Helena Petrovna Blavatsky, fundadora da Teosofia:
– As “sete vogais” estão estritamente relacionadas com os “sete selos”; e o título místico Abraxas partilha tanto da composição de Shem ha-Mephosah, “a palavra sagrada” ou nome inefável, como era o nome chamado: A palavra de Deus, que “ninguém conhecia, exceto ele próprio”, como o expressa João. O APOCALIPSE CABALIASTICO. L. 3. pág. 133). Seria difícil escapar às provas indiscutíveis de que o Apocalipse é obra de um cabalista iniciado, visto que essa Revelação apresenta passagens inteiras tomadas do Livro de Enoch e Daniel, sendo o segundo uma imitação abreviada do primeiro; e visto que, além disso, os gnósticos ofitas, que rejeitavam por completo o Antigo Testamento, por “provir de um ser inferior” (Jeová), aceitavam os profetas mais antigos, tais como Enoch, baseando sua fé nos ensinamentos desse livro. Mostraremos mais adiante como todas essas doutrinas estão estritamente relacionadas.
Além disso, há a história das perseguições domicianas de mágicos e filósofos, que fornece uma prova tão boa como outra de que João era geralmente considerado um cabalista. Como o apóstolo havia sido incluído no rol dos cabalistas, sendo ademais de grande renome, o edito imperial o baniu não apenas de Roma, mas até do continente. Não eram os cristãos que – confundindo-os com os judeus, como o fazem vários historiadores – o imperador perseguiu, mas os astrólogos e cabalistas.
JESUS CONSIDERADO COMO UM ADEPTO. (L. 3. pág. 133).
As acusações feitas a Jesus de praticar a magia egípcia foram numerosas, e, a um certo momento, universais, nas cidades em que ele era conhecido. Os fariseus, como afirma a Bíblia, foram os primeiros a acusá-lo, embora o Rabino Wise seja da opinião de que o próprio Jesus era um fariseu. O Talmude assinala claramente que Tiago, o Justo, pertencia a essa seita, mas esses sectários são conhecidos por terem sempre lapidado todos os profetas que lhes denunciam as más ações, e não é sobre esse fato que assentamos nossa afirmação. Eles o acusaram de feitiçaria, e de expulsar os demônios por Belzebu, seu príncipe, e com mais razão do que o clero católico, que mais tarde lançou a mesma acusação sobre mais de um mártir inocente. Mas Justino, o Mártir, afirma, com base em melhores autoridades, que os homens de sua época que não eram judeus sustentavam que os milagres de Jesus foram realizados por arte mágica a mesma expressão utilizada pelos céticos daqueles dias para designar os atos de taumaturgia realizados nos templos pagãos. “Eles se arriscaram até a chamá-lo de mago e enganador do povo”, lamenta o mártir.
No Evangelho de Nicodemos (os Acta Pilati), os judeus apresentam a mesma acusação na presença de Pilatos. “Não te falamos que ele era um mago?” (Evangelho segundo Nicodemos, II, 3 (Hone e Grynaeus.). Celso admite a mesma acusação, e como um neoplatônico acredita nela. A literatura talmúdica está repleta de detalhes minuciosos, e sua maior acusação é de que “Jesus podia voar tão facilmente pelos ares como os outros podem caminhar”. (Talmud: Yôhânân.). Santo Agostinho afirmou que era crença geral de que ele havia sido iniciado no Egito, e de que escrevera livros a respeito da Magia, transmitidos a João. Havia uma obra intitulada Magia Jesu Christi que foi atribuída ao próprio Jesus. Nas Aprovações Clementinas lança-se a acusação a Jesus de não realizar seus milagres como um profeta judeu, mas como um mago, i.e., um iniciado dos templos “pagãos”. (Magia Jesu Christi I, LVIII.) Era então comum, como ainda o é hoje, entre o clero intolerante das religiões antagônicas, assim como entre as classes mais baixas da sociedade, e mesmo entre os patrícios que, por várias razões, haviam sido excluído de qualquer participação dos mistérios, acusar, às vezes, os mais altos hierofantes e adeptos de feitiçaria e magia negra.
Assim, Apuleio, que havia sido iniciado, foi igualmente acusado de bruxaria, e de trazer consigo a imagem de um esqueleto – um poderoso agente, como se afirma, nas operações da arte negra. Mas uma das melhores e mais inquestionáveis provas de nossa afirmação pode ser encontrada no chamado Museo Gregoriano. Sobre o sarcófago, que é adornado de baixos-relevos que representam os milagres de Cristo, pode-se ver a figura de Jesus, que, na ressurreição de Lázaro, aparece sem barba “e equipado com um bastão na atitude clássica de um necromante, ao passo que o cadáver de Lázaro está embalsamado exatamente como uma múmia egípcia”. (King The Gnostics, p. 145 (1º ed.); o autor situa esse sarcófago entre as primeiras produções dessa arte que mais tarde inundou o mundo com mosaico e estampas representando as cenas e os personagens do “Novo Testamento”.)
Continua na próxima semana. Até lá, caros leitores.