IMPRESSO
Maringá
  • HomeM
  • Maringá
  • Notícias Região
    • Floresta
    • Itambé
    • Mandaguaçu
    • Mandaguari
    • Marialva
    • Paiçandu
    • Santa Fé
    • Sarandi
    • Umuarama
  • Esportes
    • No Pé Delas
    • Na Área do Esporte
    • Na Raiz Do Esporte
  • Colunas
  • Saúde
  • Obituário
  • Publicações Legais
Maringá
No Result
View All Result

A engrenagem emperrada que o país insiste em fingir que funciona

Por Redação O Maringá
28 de julho de 2025
Foto: Arquivo Pessoal

Foto: Arquivo Pessoal

Por Pedro Ernesto Macedo

O Brasil alimenta o mundo. Essa frase é repetida à exaustão em congressos do agronegócio, painéis governamentais e nas campanhas de marketing institucional que buscam romantizar a potência agrícola brasileira. Mas raramente se diz com a mesma ênfase que quem alimenta o Brasil muitas vezes não consegue alimentar sua própria autonomia financeira. Porque o crédito rural — que deveria ser um instrumento de empoderamento e estratégia — tornou-se, em muitos casos, um mecanismo de dependência, opacidade e sufocamento silencioso do produtor rural.
É hora de tocar na ferida. Com profundidade, com honestidade, com inteligência.
O crédito rural não é favor — é dever estratégico do Estado
A agricultura brasileira é uma indústria pesada com aparência bucólica. Movimenta trilhões, sustenta a balança comercial, gera milhões de empregos diretos e indiretos, responde por cerca de 25% do PIB nacional. Nenhum país que leva seu projeto de nação a sério pode tratar o crédito ao setor agropecuário como uma simples política de safra ou como um gesto de bondade governamental.
No entanto, é exatamente isso o que temos feito. O crédito rural no Brasil ainda é tratado como uma política reativa, mal distribuída e frequentemente capturada por interesses que nada têm a ver com a produção em si.
Não basta anunciar bilhões em linhas de crédito se o dinheiro não chega com agilidade, se chega com burocracia infernal, ou pior: se chega às mãos erradas.
O produtor como refém da má política e da desinformação
O pequeno e médio produtor brasileiro — que deveria ser a alma do nosso campo — muitas vezes depende de atravessadores bancários, de técnicos despreparados, e de informações desencontradas. Sem educação financeira rural sólida, sem assessoria técnica confiável e sem linguagem acessível nos contratos, milhares de produtores assinam empréstimos que não entendem, pagam juros que não calcularam e assumem riscos que não lhes foram explicados.
E o problema não é só o produtor. O sistema inteiro opera com vícios antigos: bancos que exigem garantias incompatíveis com a realidade rural, créditos travados em cartórios e órgãos ambientais, modelos de análise de risco baseados na lógica urbana, instituições de fomento sucateadas. Tudo isso contribui para a asfixia.
Enquanto isso, o discurso público insiste em mostrar que o Brasil rural está em festa. Só que a festa não é para todos. É para quem já tem capital, escala e lobby.
Precisamos de um pacto nacional por um crédito rural inteligente
É hora de propor, não apenas denunciar. Um crédito rural inteligente no Brasil precisa urgentemente passar por um redesenho estratégico e estrutural. Algumas ideias que poderiam — e deveriam — estar na mesa de qualquer ministro da Fazenda ou da Agricultura:
Educação financeira e técnica rural obrigatória: O produtor precisa entender o que está contratando. Bancos e cooperativas deveriam ser obrigados a oferecer consultoria educativa antes da contratação, com material audiovisual, presencial e acessível.
Desburocratização real com digitalização eficiente: Cartórios, registros, exigências ambientais e comprovantes que emperram o processo de crédito precisam ser integrados num sistema digital único, transparente, com inteligência artificial capaz de analisar riscos com lógica rural, não urbana.
Securitização da dívida agrícola com base em produção futura: O crédito pode — e deve — ser estruturado com garantias mais modernas, lastreadas em estoques, contratos de venda e uso de blockchain no monitoramento da safra.
Crédito verde como prioridade e incentivo à regeneração do solo: O futuro do agro passa pela sustentabilidade. Linhas de crédito verdes deveriam ter juros simbólicos para quem investe em práticas regenerativas, bioinsumos, reflorestamento e tecnologia limpa.
Criação de uma Agência Nacional de Inteligência do Crédito Rural (ANICR): Um órgão técnico, autônomo, composto por especialistas, produtores, economistas e representantes do setor que monitore, fiscalize e proponha diretrizes com base em dados, e não em favores políticos.
Plano Nacional de Crédito para Mulheres do Campo: Elas estão nas lavouras, nos pastos, nas administrações — mas são invisíveis nas linhas de crédito. Um projeto específico com garantias adaptadas e reconhecimento real da liderança feminina no campo é urgente.
Crédito é soberania. E soberania não se negocia, se constrói
A crise do crédito rural não é só uma questão técnica. É uma questão moral, estratégica e civilizatória. Enquanto o Brasil continuar tratando o crédito rural como moeda de troca política ou instrumento eleitoral, vamos continuar vendo produtores abandonando suas terras, endividados, deprimidos, invisibilizados — enquanto os números oficiais contam uma história de prosperidade que, na vida real, não se sustenta.
Precisamos parar de tratar o campo como cenário. O campo é o motor do Brasil. Mas até mesmo o melhor motor precisa de combustível limpo, estável e bem direcionado. Crédito, nesse contexto, é combustível. Mas não se abastece um trator com promessas.
Se o Brasil quiser de fato ser grande, precisa começar a honrar quem sustenta essa grandeza: o produtor rural. E isso começa com um crédito que respeite, que eduque, que liberte. Não que prenda.

Tags: AgroAgronegócioConexão AgroDestaqueJornalista do AgroPdro Ernesto

IMPRESSO

Outros Posts

Pedro Ernesto / Arquivo Pessoal
Conexões Agro

Entre o laboratório e o templo

8 de setembro de 2025
Imagem: Assessoria Pedro Ernesto
Conexões Agro

PORTO RECEBE CONGRESSO INTERNACIONAL COM PRESENÇA DE GRANDES NOMES DO DIREITO BRASILEIRO E PORTUGUÊS

1 de agosto de 2025
Foto: Arquivo Pessoal
Conexões Agro

Trump anuncia tarifa de 50% ao Brasil: Vamos explicar esse jogo de xadrez?

10 de julho de 2025
Imagem: Arquivo Pessoal
Conexões Agro

Sonegação e seus paradigmas!

4 de julho de 2025
Foto: Arquivo Pessoal
Conexões Agro

Força Econômica do Campo

27 de junho de 2025
Foto: Arquivo Pessoal
Conexões Agro

A Ética que Brota

17 de junho de 2025
  • Impresso
  • Fale Conosco
  • Política de Privacidade
  • Publicações Legais
  • Quem Somos

Editora Dia a Dia – O Maringá

CNPJ: 31.722.654/0001-52
ENDEREÇO: Estácio de Sá, 1251,
Zona 2 CEP: 87005-120
(44) 3305-5461

© 2025 O Maringá - O Jornal a serviço de Maringá e região.

No Result
View All Result
  • Home
  • Maringá
  • Região em Destaque
    • Floresta
    • Itambé
    • Mandaguaçu
    • Mandaguari
    • Marialva
    • Paiçandu
    • Santa Fé
    • Sarandi
    • Umuarama
  • Policial
  • Economia
  • Esportes
    • Na Área do Esporte
    • Na Raiz do Esporte
  • Geral
  • Colunas
  • Saúde
  • Obituário
  • Jornal Impresso
  • Outros
    • Publicações Legais
    • Fale Conosco
    • Quem Somos

© 2024 O Maringá - Todos Os Direitos Reservados.

Esse website utiliza cookies. Ao continuar a utilizar este website está a dar consentimento à utilização de cookies. Visite nossa Política de Privacidade e Cookies.