Há mais de 60 anos, Mônica estreava no universo das tirinhas

Personagem Mônica é a criação mais famosa dos quadrinhos nacionais, sob o traço de Mauricio de Sousa

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Crédito: Reprodução

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Antes de ser a dona da rua, antes do protagonismo feminino, antes do traço arredondado e fofinho… antes de tudo isso, havia apenas uma menina com seu coelhinho. Mas que não levava desaforo para casa. Desde sempre, Mauricio de Sousa soube explorar a força de sua criação mais famosa.

Em 3 de março de 1963, Mônica estreou como coadjuvante em tirinha publicada no jornal Folha de S.Paulo. Foi uma participação sem ser identificada pelo nome.

Aliás, a tira de jornal que saiu na Folha, numa época em que esse tipo de publicação gráfica tinha mais popularidade, se chamava justamente “Cebolinha”, pois era protagonizada pelo garoto que troca “r’ por “l”. Engraçado é que esse menino do cabelo de cinco pontas também começou como secundário, mas isso é outra história…

O que importa dizer é que a Mônica chegou chegando. Há mais de 60 anos, Cebolinha aparecia caminhando em cima do meio-fio na tirinha, quando topou com uma menina segurando um coelhinho (que ainda não tinha nome). Ele diz, bravo: “Sai da ‘flente’, menina! Deixa um ‘equiliblista’ passar!”. Ela, simplesmente, responde com uma coelhada (só “estrelinhas”, sem onomatopeia). Problema resolvido! Depois de apanhar, o protagonista afirma desconsolado, no último quadrinho: “‘Agola’ sei como as ‘mulheles’ podem ‘desequiliblar’ um homem!”.

E outro detalhe: as criações do Mauricio, naquela época, tinham outro traçado, mais rude e menos fofinho. Combinava bem com o jeito enfezado da baixinha.

No entanto, a primeira aparição da Mônica ocorreu antes, como revelado pelo podcast “Confins do Universo”, em episódio especial sobre os 60 anos da personagem. Seria em 11 de fevereiro de 1963, no rodapé da Folha de S.Paulo.

Segundo pesquisa do Maringá, no acervo digital da Folha, trata-se de um anúncio (“Eles chegam hoje”) sobre a publicação das tirinhas no caderno “Ilustrada”. Na imagem promocional, aparece uma menina carregando um coelho, junto do Horácio, do Bidu, do Franjinha, do Cebolinha…

Primeira aparição na tira de jornal (Crédito: Reprodução)

Protagonismo
Com o passar do tempo, a pressão de leitoras e o desenrolar das tirinhas fizeram com que a Mônica tomasse o posto de protagonismo no universo criado por Mauricio, ganhando sua própria revista em bancas de jornal (em 1970).

Além, claro, de ficar com formas mais arredondadas e simpáticas. Houve uma fase em que a personagem estava com o rosto mais “bicudo”, pois o quadrinista desenhava tanto, em tão pouco tempo, que não conseguia mais fazer a curva da bochecha. Mas, em 1985, ele contratou mais desenhistas para ajudá-lo nas tirinhas. Assim, com mais tempo, a Mônica voltou a ter o rosto redondo e ficou menos carrancuda.

Até que nasceu o termo “Turma da Mônica” e a popularidade que não cabe nos gibis, com a proliferação de séries na TV, filmes no cinema, produtos variados (de bonecos a alimentos), internet (“Mônica Toy”), etc.

Antes da estreia na tirinha, Mônica apareceu pela primeira vez no rodapé da Capa (Crédito: Reprodução/Acervo Folha)

Curiosidades
Irmã ou vizinha? Já apareceu a informação de que, em suas primeiras aparições, a Mônica seria irmã de Zé Luís. Mas o roteirista Flavio Teixeira de Jesus descobriu que “o fato de Mônica e Zé Luís serem irmãos foi inserido depois, quando o pai da Turminha refez o texto da tira para uma nova publicação, em 6 de setembro de 1964, na Folhinha de S.Paulo!”, diz o material de Extras da edição “Mônica: Tesouros”. Na verdade, a dona da rua seria vizinha de Zé Luís, conforme publicação de 1o de março de 1963;

Azul ou amarelo? Utilizado pela Mônica para resolver seus problemas com os meninos da rua, o coelhinho Sansão não era de pelúcia e tampouco da cor azul em seus primórdios. Ele nasceu de palha, portanto de consistência mais dura, e amarelo! O coelho acabou ficando azul e seu nome, Sansão, foi escolhido por meio de um concurso em 1983, conforme informações do jornal O Estado de S.Paulo (de 2 de março de 2013).

Mônica é a dona da rua (Crédito: Reprodução)

Selo
A “baixinha dentucinha” também foi reimaginada para o selo Graphic MSP, que publica versões únicas dos personagens do Mauricio de Sousa há mais de dez anos.

Coube à quadrinista do Paraná Bianca Pinheiro produzir a trilogia estrelada pela personagem. Em “Mônica: Força” (2017, ed. Panini Comics), a menina precisa encarar um problema que não pode ser resolvido apenas com sua força física. Ela vai precisar de outro tipo de habilidade, que envolve o lado forte de sua personalidade.

Na segunda aventura no selo, “Mônica: Tesouros”, Mônica viaja com os pais para um hotel fazenda e o Sansão sofre um “acidente”. Mas o que ela achava que seria um passeio entediante vira uma jornada cheia de descobertas e aventuras. É uma história que valoriza os pequenos tesouros da vida.

E, em 2023, está para ser lançado “Mônica: Coragem”, fechando a trilogia produzida por Bianca Pinheiro.

Bianca Pinheiro é uma das autoras mais prolíferas dos quadrinhos nacionais. Além das três Graphics MSP da Mônica, assina obras como “Dora”, “Meu pai é um homem da montanha”, “Alho-Poró”, “Eles estão por aí” e “Sob o Solo”. Sempre com estilos de temática e traço diferentes, demonstrando toda sua versatilidade.

Cena da inédita HQ “Mônica – Coragem” Crédito: Reprodução

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