Seguir Jesus Cristo, pobre, humilde, crucificado é fazer a profunda experiência da reconciliação. O maravilhoso testemunho de vida fraterna, introduzida de maneira sólida por Francisco de Assis, nos remete a ouvir a Palavra da sagrada escritura, neste mês dedicado à Bíblia, sobre a correção fraterna: “Todos os irmãos, por costume, observavam isto infalivelmente: se algum deles algum dia proferisse diretamente uma palavra que causasse perturbação ao outro, prostrado por terra (cf. 2Mc 10,4), acariciava com beatos ósculos o pé do (irmão) ofendido, mesmo contra a vontade (deste). O santo exultava em tais coisas, quando ouvia dizer que seus filhos davam por si mesmos exemplo de santidade, cumulando aqueles irmãos das bênçãos mais dignas de toda aceitação (cf. 1Tm 1,15), os quais por palavras ou por obra (cf. Cl 3,17) levavam os pecadores ao amor de Cristo” (Compilação de Assis: 41,7-8).
A humanidade fragilizada tem a tendência de perder o sentido da convivência humana, a coragem do perdão, a liberdade da correção fraterna.
“Não fiques devendo nada a ninguém, a não ser o amor mútuo, pois quem ama o próximo está cumprindo a Lei” (Rm 13,8). O exercício das práticas evangélicas, nos colocam na dinâmica do encontro com os nossos semelhantes. Encontramos as mais diversas situações, sensibilidades, jeitos próprios. É preciso saber conviver, aceitar, superar, suportar. E Paulo continua nos alertando: “O amor não faz nenhum mal contra o próximo” (Rm 13,10).
Os rumos da humanidade nos tempos atuais exigem nova e profunda reflexão sobre os comportamentos humanos. Nos últimos tempos tem agravado a fragilidade comportamental, alimentada pelo ódio, pela truculência, pela violência, “quem não pensa como eu, deve ser eliminado”.
A Palavra de Deus nos chama para a reconciliação, cortar a corrente da maldade, eliminar o elo do mal entre nós. A paz não se constrói com a violência, truculência, extermínio. A inteligência humana nos conduz para a capacidade de reconquistar, construir novas relações, ser capaz de converter e acolher. “Se teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo! Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão” (Mt 18,15).
A mística da comunidade de fé é o espaço para crescermos na experiência da oração que nos conduz ao exercício da correção fraterna. Sem o espírito da oração, não conseguiremos sensibilizar o coração das pessoas violentas. A presença do Senhor nos ilumina e enche de fervor, o coração se abrasa, cresce em nós a capacidade do bom relacionamento, a força de perdoar, de reconciliar, de ajudar fazer a devida correção fraterna.
Fechar-se a este exercício, é permanecer nas trevas o erro, que destrói a vida na família, na comunidade, na sociedade.
É sublime o gesto que chama para o diálogo, para acolher, entrar no mundo subumano tomado de pecado pelo ódio destruidor, para encontrar o princípio da misericórdia, descobrir que Deus está escondido na alma de todo o ser humano.
Temas como: quem é o maior, o escândalo, a procura da ovelha perdida, a correção fraterna, o perdão, a oração individual e comunitária, seja na família e na comunidade eclesial são encontrados no capítulo 18 de São Mateus para nos indicar o caminho da reconciliação, a capacidade de oferecer e receber perdão. Essa atitude enobrece o ser humano, e o conduz no caminho do grande e verdadeiro amor.
As instituições, sejam civis e eclesiais, devem somar esforços para acolher as pessoas desestruturas, violentas, e apontar, mesmo com mais vigor, processos de recuperação. Peçamos a Deus o dom da arte de conviver com humildade e simplicidade, que gera a capacidade de provocar a correção fraterna na família e na co