Estamos encerrando o Ano “Família Amoris Laetitia”. A carta apostólica pós-sinodal do Papa Francisco traz ricas orientações para a beleza e a importância da família para os dias de hoje.
O Papa Francisco adota o estilo sinodal, caminhar juntos, no intuito de reaquecer os corações das famílias a buscarem juntas as soluções para os conflitos e desgastes nos relacionamentos familiares e sociais. Diz o Papa: “O caminho sinodal permitiu analisar a situação das famílias no mundo atual, alargar a nossa perspectiva e reavivar a nossa consciência sobre a importância do matrimônio e da família” (AL, n.7).
A Sagrada Escritura revela inúmeras páginas e situações familiares que são conduzidas por profetas, inspirados pelo Senhor ao longa da história. O Senhor chama, entra no cotidiano das pessoas e confere uma missão: “Elias: vai e unge a Eliseu, filho de Safat, de Abel-Meula como profeta em teu lugar” (1Rs 19,16). Deixar-se conduzir pela inspiração divina é lançar-se à sorte de algo novo, desconhecido, surpreendente, exige liberdade, determinação, prontidão. Eliseu, proprietário, aceita o convite, mas antes pede para se despedir da família, desfazer dos bois, oferece festa de despedida. É muito comum a festa de despedida, como a festa do encontro familiar. “Deixa-me primeiro ir beijar meu pai e minha mãe, depois te seguirei” (v.20). Despede-se quando se reconhece o valor da família.
A arte de seguir implica ruptura total que o Evangelho confere em Lucas, quando Jesus vai a Jerusalém: “Eu te seguirei para onde quer que fores”. Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. Jesus disse a outro: “Segue-me”. Ele respondeu: “Deixa-me primeiro ir enterrar meu pai”. Um outro ainda lhe disse: “Eu te segurei, Senhor, mas deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares” (v.57-61).
Homens e mulheres, em suas famílias fazem a experiência do seguimento mediante a conduta e dosagem de liberdade cultivada no seu dia a dia. O jeito de seguir é a maneira diferenciada como se vive as relações familiares e a conduta no trabalho, na relação empregado empregador, nos areópagos onde as pessoas vivem e se mobilizam. “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1).
A graça recebida pelo sacramento do matrimônio conduz para uma vida digna, que exige crescimento, reconhecimento permanente, busca constante do verdadeiro amor que liberta. É antropológico, toda a pessoa necessita amar e ser amada. O verdadeiro amor liberta, não escraviza. Posturas doentias, estilo dominador adoece relações e vidas tornam-se fragilizadas por acúmulo de posturas desajustadas na convivência familiar, no trabalho, nas relações sociais. A verdadeira liberdade está na justa medida que norteia a ética, equilíbrio do reconhecimento e valorização das pessoas que estão ao nosso redor.
O progresso da humanidade consiste na harmonia familiar, na segurança das boas relações no mundo do trabalho, da educação das comunicações que falam a verdade, protegem as pessoas, prezam pela moral, respeitam a dignidade de todo ser humano e convive com a natureza, como o maior dom que Deus nos deu.
Que tenhamos um coração simples regado de ternura, mente aberta para acolher e cuidar as pessoas, especialmente as mais vulneráveis, respeitando todas as pessoas que passam por nossas vidas. Na autêntica escola diária, aprendemos a fazer a coisa certa, ocupando-nos com a verdade, a escola do amor no seio da família.
Deixemos que o Espírito Santo conduza na arte de construir caminhos serenos para crescermos no amor familiar e deixar que Ele, o Senhor, nos chame para seguir com liberdade o seu Evangelho.