A mobilidade humana desperta a alegria do encontro entre as pessoas que se amam. O chamado à existência nos põe em movimento para buscar respostas, despertar solidariedade, fomentar o encanto da ternura e da hospitalidade humana.
A escassez da sensibilidade humana leva ao perigo da rigidez, destoando a convivência familiar e social. É preciso estar atento e rever constantemente os próprios limites para que não se esgote e nem se desgaste o comportamento humano, que é o segredo da boa convivência.
Jesus Cristo nos ensina a constância da amizade e do amor mútuo que exige disciplina e cuidado na vida cotidiana. Desde o seio materno, Jesus, feito homem, nasceu da Virgem Maria pela obra do Espírito Santo, cresceu no meio de uma família com suas tensões e angústias, teve que ser transportado para o Egito para não ser assassinado por Herodes, viveu nas angústias, tomado de pavor em defesa da vida. Tecido no seio humano, conviveu com as tensões árduas da humanidade pecadora e foi chamado para se encarnar e resgatar a humanidade pecadora.
Desde o início, a mãe é proclamada a bendita porque gerou dentro dela aquele que vem salvar toda a humanidade em pecado. É a estrela que faz nascer o Sol da justiça e que põe debaixo de seus pés os inimigos e, ainda, anunciou o projeto salvífico de Deus que nos oferece o Reino da paz, da justiça e do amor. “Com efeito, por um homem que vem a ressurreição dos mortos. Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos viverão” (1 Cor 15,21-22).
No mês de agosto, considerado o Mês Vocacional, a Igreja oferece belas reflexões sobre o sentido da vida, em que a vida é plenificada no tempo e no espaço, enquanto vivemos os limites existenciais deste mundo.
Neste domingo, a vida consagrada é lembrada como um grande dom do serviço, quando empregamos toda a existência para o exercício da caridade, do serviço e da convivência fraterna. A vida religiosa é um dom que, na experiência da consagração, remete à vida de Maria, a mãe de Jesus, pois ela consagrou sua vida para dar ao mundo o salvador de toda a humanidade.
Sua prima Isabel, grávida do precursor, deu testemunho sobre Maria, de uma vida perfeita e de íntima relação com Deus. Sua simplicidade e disponibilidade revela que sua vida estava totalmente entregue para fazer a vontade de Deus. Viver as tensões da família alimenta a espiritualidade na força de Deus. Maria caminha, se encontra com Isabel, é surpreendida com a mais bela saudação que uma criatura humana já recebera na face da terra: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?” (Lc 1,42-43).
Ao ser recebida e acolhida pela prima Isabel, já prestes a dar à luz a um menino, Maria teve a certeza de que toda a sua vida estava sendo consagrada a Deus e que seria o modelo de mulher a encorajar todas as mulheres e homens da terra para consagrarem sua vida em seu ambiente cotidiano a Deus.
Somos chamados, portanto, vocacionados à santidade levando uma vida digna, justa, santa na família e no trabalho, em todo o ambiente onde estivermos. Assim como Maria, carregamos o Deus que nos conduz, iluminados pelo Espírito Santo que mora em nós, vivemos a mensagem do Santo Evangelho.
Que na festa da Assunção de Maria nos purifiquemos de nossas faltas, construamos um ambiente saudável e santo onde vivemos e agimos e que nunca nos faltem as vidas consagradas, nos ensinando o caminho da pura simplicidade.