Para o mundo cristão, a festa de Pentecostes é a conclusão do ciclo pascal e início da Igreja em missão. O sopro sobre os discípulos reunidos, é o sopro da vida em Deus para todo o sempre. Todo Antigo Testamento é renovado, reassumido, no sopro do Espírito Santo, em forma de língua de fogo, inaugura o novo tempo.
Pentecostes é o tempo da graça, tempo de Deus. Definitivamente a vida toma novo rumo, nova vitalidade, a justiça é anunciada, a humanidade acolhe a benevolência de Deus da misericórdia e todas as coisas se renovam.
A comunidade reunida é a fraternidade universal, o entendimento das línguas que une todas as nações num único objetivo: “A paz esteja convosco” (Jo 20,19).
A paz é fruto da justiça que emana atitude do seguidor de Jesus que veio trazer paz aos homens e mulheres de boa vontade, na noite de Natal; é a mesma paz anunciada na aparição do ressuscitado a seus discípulos que estavam trancados de medo dos judeus. O medo é a escuridão existencial que gera insegurança, conflito, angústia, depressão, morte.
“Ao anoitecer daquele primeiro dia, estando as portas fechadas, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles” (Jo 20,19), anuncia a superação do tempo do medo, das portas fechadas, bloqueadas pelo temor da morte, Jesus saúda os seus, encoraja-os para a missão. Além da saudação da paz, fruto da sensação do seguidor de Cristo, Ele mostra-lhes as mãos e o lado com feridas, amostras da cruz, marco dos pregos e da lança.
Pentecostes, vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos e hoje sobre os que aderem o Batismo, tem ações concretas de cunho universal, esperado por todas as pessoas de bem. O desejo da paz, forças para dar sequência a missão de defender e cuidar da vida, libertando de todo o pecado. “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos” (Jo 20,23). Este Espírito é um dom para todas as pessoas que lutam em defesa da vida. A vida é projetada na comunidade. A comunidade é mantenedora da unidade, da comunhão, da sintonia dos comportamentos. São Paulo compara a Igreja ao corpo humano, são diversos membros, mas todos estão unidos formando um corpo harmonioso e sadio. Para Paulo, a cabeça desse corpo é Cristo. Quem mantém o corpo unido é o Espírito Santo. Desfigurar este corpo é romper a unidade, destoar no cuidado da vida. Prejudicar a missão de unir os povos, desrespeitando sua língua, bloqueia a ética, moral. A tarefa vem na contramão, fomentar a justiça, inclui os excluídos, beneficia os desfavoráveis, educa os que destoam na construção de uma sociedade harmoniosa, justa. “De fato, todos nós, judeus ou gregos, escravos ou livres, fomos batizados num único Espírito, para formarmos um único corpo, e todos nós bebemos de um único Espírito” (1Cor 12,13).
Com a força do Espírito que une e dignifica a vida humana, somos convocados para construir um mundo que fala a mesma linguagem, a língua do amor.
A construção do Reino da paz e da justiça é tarefa que dá vigor e todo entendimento, a partir da festa de Pentecostes: “Todos nós os escutamos anunciarem as maravilhas de Deus na nossa própria língua” (At 2,11).
Que a festa de Pentecostes nos mostre o caminho da educação para a unidade, fraternidade, onde todas as coisas convergem para o bem e todas as línguas falem a linguagem do amor. O Espírito Santo conhece todas as coisas e une todas as línguas.