Recuperar as relações humildes

Dom Frei Severino Clasen, OFM

A humanidade é mobilizada pela rapidez de informações e projeções de iniciativas de cunho pessoal. A lisura dos comportamentos nem sempre é honesta e prática para a construção da verdade e da comunhão geradora da unidade e da liberdade. Neste modo de comportamentos na sociedade, é importante apurar a postura da humildade, que é a essência da verdade e da educação que constrói a paz e a justiça na sociedade. As igrejas estão dentro desse mesmo modo de proceder se não estiverem atentas aos desvios da essência daquilo que Jesus nos ensina.

A fome pelo lucro, pelo poder, pelo domínio destrói comportamentos de fraternidade. Eis a ameaça constante no bom relacionamento numa família, numa empresa, numa entidade, sobretudo nas relações políticas na sociedade. “Filho, realiza teus trabalhos com mansidão e serás amado mais do que um homem generoso. Na medida em que fores grande, deverás praticar a humildade, e assim encontrarás graça diante do Senhor” (Eclo 3,19-20).

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A cultura cristã exige dos praticantes ou não praticantes de uma religião postura de boa convivência: ser humilde, fazer-se pequeno, não se dar demasiada importância. Quando fomenta a soberba, a necessidade de ter mais, alimenta o ego da vaidade e da prepotência, está longe da conduta cristã. A Bíblia diz que a boa conduta perpassa as mesmas posturas de vida. Os ensinamentos dados por Jesus colocam em evidência a simplicidade, a humildade, o respeito pelos semelhantes.

Nosso destino é o Reino de Deus. Enquanto neste mundo, vivemos construindo as boas relações ensinadas por Jesus, sinais de que o Reino de Deus já está no meio de nós (Lc 17,20-21). No céu, não existe quem se situe acima ou abaixo, pois todos são irmãos, iguais no serviço mútuo. Neste dia do Senhor, somos convidados a valorizar as pessoas simples que constroem a verdadeira educação na fé e compromisso de humildade que nos une e nos fortalece na convivência na família, na Igreja e na sociedade. O perigo está em desqualificar a harmonia, a educação desde a origem, a gestação de uma mãe, as crianças quando nascem, a sua primeira infância. Importante destacar a educação na formação da personalidade e dos bons costumes.

Na Pastoral da Criança, quando atendemos as gestantes e as famílias com crianças até os seis anos, orientamos os cuidados necessários para uma educação qualificada, ajudando na formação da personalidade, na educação cristã, para o crescimento harmonioso, solidário e humano. Percebemos muitas lacunas em tantas famílias quanto a esse ajuste educacional.

A mensagem de Jesus sobre a busca dos primeiros lugares num casamento (Lc 14,1.7-14) nos situa na nova forma de educar que privilegia o respeito, buscar o último lugar para ser privilegiado e não se colocar na frente, depois de ter que ser conduzido para os fundos do ambiente existencial.
A parábola do Evangelho de hoje, segundo “Diário Bíblico 2025”, mostra a regra de ouro do protocolo cristão: não se dar importância; convidar a quem não pode retribuir; dar preferência aos outros; convidar à mesa da vida os que foram excluídos pela sociedade. Para Jesus, honrado é quem não se exalta sobre os demais, mas se abaixa voluntariamente.

Recuperar as relações humildes reconstrói os bons hábitos e educamos as novas gerações sob o véu da humildade, da ternura, do respeito e da sensibilidade humana.

Os líderes de nossas comunidades eclesiais, como os catequistas, os coordenadores de pastorais, os que gerenciam o patrimônio e as finanças das comunidades, carregam em suas vidas a alegria de servir, de colocar-se em último lugar e solidificar os sinais do Reino de Deus já existente no meio de nós.

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