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Ruído Musical e Ruído Humano

Por André Drago
16 de outubro de 2025
Ruído Musical e Ruído Humano / Imagem: André Drago

Ruído Musical e Ruído Humano / Imagem: André Drago

O Desabrochar da Alma

Minha alma vem desabrochando conforme as dificuldades da vida se apresentam, e percebo que não tenho outra opção a não ser compor, criar, utilizar tudo o que o viver me proporciona para adubar minhas próximas experiências. Frente a uma desilusão, o antídoto é fantasia, e não ilusão. A fantasia pode se expressar em forma de canção, que funciona como um verdadeiro filme para as emoções, permitindo fantasiarmos aquilo que buscamos no íntimo como estado espiritual. O timbre do humor, o ritmo do amor e as dissonâncias da vida deságuam no vasto mar dos encontros humanos, eternizados como canção. O equinócio das desilusões permite transformar dor em beleza, oferecendo algo que transcende o instante e toca profundamente quem ouve.

 

Fazer Música Junto e o Compositor

Fazer música junto é eu junto do universo, não eu separado. Toda criação nasce do encontro, do descompasso, do ruído que nos impele a moldar algo novo. Para o compositor sério, cedo ou tarde, torna-se claro que ele não compõe apenas sons; compõe estados humanos: frustração, orgulho, dúvida, perda, desejo — energias ainda sem forma. O compositor escuta esses ruídos como matéria-prima; não é saudável a ninguém vê-los apenas como obstáculos. O que para muitos é grito, para o compositor pode ser tema. Onde há desentendimento, percebe-se tensão harmônica. Transmutar o informe em forma é, portanto, a essência da criação artística.

 

Desde 7 de outubro de 1948, celebramos o Dia do Compositor, instituído por Herivelto Martins, que fundou a União Brasileira dos Compositores (UBC) para proteger quem compõe e dar voz ao criador invisível. Esse legado nos lembra que compor é tanto responsabilidade quanto privilégio. Compor é serviço, forma de sacerdócio laico, transformando experiência humana em obra que acolhe e reconhece plenamente a condição humana de quem cria e de quem recebe a música.

 

Caos, Técnica e Transformação

A música não nasce do silêncio absoluto nem da harmonia imediata. Nasce do caos humano, da tensão entre notas, da dissonância das relações e das frustrações inevitáveis da vida coletiva e pessoal. Cada descompasso, conflito ou nota “fora do lugar” é oportunidade de aprendizado, convite à verdadeira alquimia da emoção. Enquanto o homem comum reage tentando silenciar o ruído, o compositor observa, percebe sua textura e transforma em ritmo, melodia e harmonia. Gritos, desentendimentos e frustrações tornam-se material para a obra, prontos para se converter em beleza sonora.

O conflito não é inimigo da arte, mas ferramenta essencial. Cada desarmonia ensina paciência, humildade e sensibilidade. Fazer música junto exige reconhecer o ruído humano: falhas técnicas, desencontros de palco, expectativas diferentes, silêncio diante da voz falha. O músico que aceita sua responsabilidade transforma ruído em música, não em distorção. Cada tensão é oportunidade de aprendizado, cada erro pode ser lapidado, e cada descompasso pode se tornar ponte entre emoção e técnica refinada.

Transformar o caos em música é observar o ruído sem reagir, capturar acordes e ritmos, refiná-los e estruturá-los com cuidado. A técnica é cadinho da emoção: sem ela, o ruído é descarga; com ela, torna-se linguagem. Raiva pode se tornar tensão rítmica, mágoa se transforma em timbre, amor sempre emerge como ritmo. A espiritualidade se manifesta através da técnica; rigor com alma. Compor é dar forma ao caos das relações, sabendo que a harmonia nem sempre surge primeiro, mas frequentemente emerge depois que se vivencia a dissonância.

Compor é serviço, alquimia, encontro profundo. O compositor atua como mediador, transformando experiências em obras que acolhem, educam e reconhecem a condição humana. Palco, estúdio e sala de ensaio são verdadeiros altares dessa prática. Humildade é afinação da interioridade; profissionalismo é harmonia entre técnica, sensibilidade e conduta. Mesmo em condições adversas, o compositor não deixa o ruído dominar, mas o transforma, oferecendo à audiência a chance de uma identificação profunda e verdadeira.

 

Transformar Dor em Beleza

Recebemos inquietações, desafios e sombras; em troca, oferecemos beleza, pacificação, música. Transformar dor em beleza exige abertura para o erro, disposição para aprender e enfrentar desconforto. Emoções cruas, dores e frustrações são o chumbo; o fogo é o desconforto, o tempo é silêncio, e a fé é acreditar no sentido. Surge o ouro: música que transcende o momento, permanecendo viva na experiência de quem ouve. Cada ciclo de criação é uma espiral de aprendizado contínuo, onde a obra reflete maturidade e sensibilidade do compositor.

Beethoven transformou frustração e solidão em sinfonias; Jobim, melancolia urbana em harmonias; Björk, experiências contemporâneas em paisagens sonoras. O ruído humano está nos bastidores, nos ensaios e nas expectativas conflitantes. O compositor aprende que cada dificuldade é ponto de recomeço, transformando amor, descompasso e perda em obra que reflete a vida, mostrando que o profissionalismo consiste em compreender, estruturar e transmutar o ruído em música. Que o Dia do Compositor nos lembre: compor é serviço, alquimia, encontro. Que o ruído humano seja matéria de música e, no compor, encontremos a harmonia que nos une.

 

 

 

Tags: André DragocaoscompositorFazer Música Junto e o CompositorO Desabrochar da AlmaRuído HumanoRuído MusicalRuído Musical e Ruído HumanoTécnica e TransformaçãoTransformar Dor em Beleza

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