Podemos dizer que a escolha da profissão é um dos momentos mais importantes para nós, pois é ela que constitui a primeira condição para que ocorra a ressonância simbólica, e esta é entendida como uma “condição necessária para que o sujeito encontre uma articulação bem-sucedida entre aquilo que foi construindo ao longo de sua vida, o encontro saudável com o trabalho e, finalmente, a possibilidade de uma sincronia com a realidade social. Além da escolha, é necessário considerar o encontro do sujeito com a situação de trabalho, o reconhecimento de seus pares, e depois o reconhecimento social” (TEIXEIRA; HASHIMOTO, 2005).
Diante disso, o trabalho de Orientação Profissional (OP) pressupõe um debruçar-se sobre questões intimamente ligadas às demandas surgidas no contexto do trabalho, levando em consideração as pressões e exigências por qualificação constantes, bem como as dificuldades de entrar e se manter no mercado de trabalho e as jornadas de trabalho extenuantes, características que compõe o quadro da atual relação de e com o trabalho e provocam sofrimento nos trabalhadores, que muitas vezes são mal ou não compreendidos. O processo de OP pode ser compreendido como um auxílio na escolha de uma profissão, e ademais, como parcela do processo de busca de identidade pessoal pelo qual o orientando vem passando. É uma atividade de orientação psicossocial que tenta compreender os problemas e dificuldades provenientes da relação entre sujeito-trabalho. Tal processo visa uma relação menos alienadora com o trabalho e seu entorno, de modo que o trabalhador tenha mais qualidade de vida e sinta satisfação em sua futura carreira. A OP requer a implicação ativa do orientando no trabalho porque objetiva o autoconhecimento e a integração de todos os aspectos da vida do sujeito, e um destes aspectos é o da vida profissional. O processo possui início, meio e fim, tendo como foco questões inerentes à vida profissional do sujeito, bem como os âmbitos emocionais e pessoais.
O processo de Orientação Profissional tenta promover no sujeito a reflexão de um projeto de escolha de uma atividade profissional, considerando o autoconhecimento, a consciência da realidade ocupacional e das profissões para que se realize uma escolha o mais consciente possível. O processo de escolha de uma profissão é, dentre outras coisas, resultado de decisões tomadas durante boa parte da vida do sujeito. Os principais objetivos da orientação profissional são: entender a relação entre a vida pessoal e a vida profissional do orientando; favorecer a construção de um projeto de vida que leve em consideração os interesses e possibilidades do sujeito e ampliar ou complementar o conhecimento do orientando relacionado a cursos oferecidos e profissões do mercado de trabalho.
Assim, pode-se dizer que o objeto de estudo e de intervenção em OP consiste na identidade profissional, o que não leva em consideração apenas o “o que fazer”, como um conjunto de tarefas ocupacionais determinadas previamente, mas também o trabalho do orientador está ligado ao “quem ser e quem deixar de ser”, o que integra-o à identidade do orientando de maneira mais ampla. Por fim, a identidade profissional consiste em uma posição subjetiva diante da vida, do mundo e de seu papel neste mundo. Destaca-se então que o orientador (seja psicólogo ou não) ocupará o lugar de instrumentalizador da aprendizagem da escolha de profissão e das transformações pessoais nas relações do sujeito consigo e com seus ideais, e com o mundo que o cerca. A referência citada no primeiro parágrafo é do artigo “Família e escolha profissional: a questão espacial, temporal e o significado dos nomes”, publicado na Pulsional: Revista de Psicanálise, em 2005.