O caso de uma fazenda à beira da falência, deteriorada, de solo improdutivo, cheia de erosões e atolada em dívidas e que em poucos anos tornou-se um modelo de empresa rural foi um dos principais assuntos do 3° Fórum Brasileiro sobre Intregração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), que a Cocamar Cooperativa Agroindustrial e a Sociedade Rural de Maringá (SRM) realizaram na tarde desta quarta-feira (11), no auditório central do Parque Internacional de Exposições Francisco Feio Ribeiro, como destaque da Expoingá 2022.
O fórum é parte do esforço da Cocamar e da SRM para que mais e mais propriedades rurais adotem a tecnologia ILPF como alternativa de diversificação, alcançando maior rentabilidade e ainda praticando uma produção auto sustentável. Várias propriedades deixaram de trabalhar com produção solteira para diversificar, ocupando o mesmo espaço com pasto, reflorestamento, fazendo o manejo do gado e plantando soja, ou milho ou outra cultura sazonal.
O presidente da Cocamar, Luiz Lourenço, e o ex-presidente da John Deere e fundador da Rede ILPF, Paulo Hermann, são entusiastas do sistema e se baseiam nas informações da Embrapa que mostram que quando o produtor rural sai do sistema tradicional e passa para o consórcio lavoura, pecuária e floresta tem aumento de sua rentabilidade. Há produtores que dizem ter conseguido triplicar a produção bovina da fazenda.
De quase falência a vitrine do agronegócio
A Fazenda Santa Brígida, em Ipameri, no Estado de Goiás, é hoje uma das propriedades rurais mais conhecidas do Brasil por conta da revolução que sua proprietária, Marize Porto, fez em um momento desesperador, quando corria o risco de perder a propriedade, alguns anos atrás. Para muitos, o que ela fez na época foi visto como loucura, mas hoje até os críticos de antes utilizam o mesmo sistema para melhorar suas propriedades e ganharem mais.
Ao participar do Fórum Brasileiro sobre ILPF, nesta quarta-feira na Expoingá, Marize Porto contou que o que diziam ser loucura levou a Fazenda Santa Brígida a tornar-se modelo de sustentabilidade da Rede ILPF.
Segundo ela, o trabalho de reconstrução da fazenda feia, improdutiva e endividada começou em 2006. A jovem viúva, com três filhos pequenos, que morava em Campinas (SP), era ortodontista e professora da disciplina nas faculdades da área, se viu dona de um haras a 676 quilômetros de sua casa. E o pior: não entendia nada dos negócios do campo.
Mas, tudo mudou quando aceitou uma parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para inaugurar um novo sistema de produção. E aí começou o que os outros achavam ser loucura, que não daria certo. Deixou as culturas tradicionais, que não davam nada, e seguiu a orientação de diversificar as culturas em sua fazenda. Plantou floresta, pasto e lavoura a mesma área.
No primeiro ano, plantou arroz, soja e milho em cerca de 200 hectares. Vendeu o arroz muito bem e no fim da primeira safra ganhou dinheiro e o pasto saiu de graça.
Hoje, a fazenda de 3 mil hectares cria 4 mil cabeças de gado, planta soja milho, sorgo, girassol e uva, além do eucalípto. A propriedade tem certificação de Modelo da Rede ILPF, auditada pela TrustScore do Agro.