Não bastasse a preocupação com a pandemia, os idosos do grupo de risco para a covid-19 são cada vez mais vítimas de maus tratos. Todos os dias, a Promotoria de Defesa do Idoso de Maringá recebe ao menos uma denúncia. A atenção é para um tipo de violação constante: o abandono.
O idoso é internado para um tratamento qualquer e, ao receber alta hospitalar, não aparece o responsável para buscá-lo, nem mesmo o filho ou a filha. A informação é da promotora Michele Nader.
A promotoria não tem os cálculos exatos, mas informa que, na pandemia do novo coronavírus, tem aumentado muito as denúncias ao Ministério Público (MP). O que, aliás, não é exclusividade de Maringá. Parte dessa situação decorre do fechamento de unidades como os centros-dia. Em casa, os idosos ficam mais expostos às agressões. “A maioria das agressões é causada no ambiente familiar”, explica a promotora.
As violações física, patrimonial e psicológica são as mais investigadas pelo MP, com predominância para as duas últimas. É sabido que os idosos não raro sustentam o lar com a aposentadoria, que, muitas vezes, é a única renda da família. O MP vem sendo alertado que filhos e filhas estão se apropriando do provento do idoso ou idosa. A isso se dá o nome de violência patrimonial.
A promotora tenta resolver situação apenas orientando e oferecendo amparo às famílias. Porém, há casos nos quais o MP oferece denúncia, cabendo à justiça tomar a decisão.
Infraestrutura
A coluna perguntou a Michele Nader se os locais de acolhimento como as Instituições de Longa Permanência para Idosos (asilos), casas de repouso, centros-dia e clínicas geriátricas estão preparadas para proteger este público da contaminação pelo coronavírus.
Em certa medida sim, segundo ela, porque tanto o MP quanto entidades públicas municipais fiscalizam os abrigos, exigindo a adoção de um plano de contingência. Mesmo assim, vários deles tiveram casos de idosos com a covid-19, com algumas mortes.
Para a promotora, o vírus pode entrar pelos profissionais de saúde em trânsito constante nesses locais ou, ainda, por meio de um idoso ao retornar do atendimento ambulatorial fora do abrigo.