Arcadismo no Brasil

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No Brasil, o Arcadismo teve como marco inicial a publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa em 1768 e, ademais, a fundação da Arcádia Ultramarina, em Vila Rica. Vale lembrar que o nome dessa escola literária provém das Arcádias, ou seja, das sociedades literárias da época. Os principais escritores brasileiros desse período são: Cláudio Manuel da Costa, Santa Rita Durão, Basílio da Gama e Tomás Antônio Gonzaga.

Características do Arcadismo

Autores Brasileiros do Arcadismo

Cláudio Manuel da Costa (1729-1789)

Poeta, advogado e jurista brasileiro, Cláudio Manuel da Costa é considerado o precursor do Arcadismo no Brasil e destacou -se por sua obra literária, mais precisamente, a poesia. O poeta mineiro em seus textos aborda elementos locais, descrevendo paisagens, temática pastoril e expressando um forte sentimento nacionalista. Acusado de participar da Inconfidência Mineira junto com Tiradentes, foi preso em 1789 e suicidou-se na cadeia. Suas obras que merecem destaque: Obras Poéticas (1768) e Villa Rica (1773).

José de Santa Rita Durão (1722-1784)

Autor do poema épico Caramuru (1781), Freire Santa Rita Durão foi poeta e orador, considerado um dos precursores do indianismo no Brasil. Influenciado por Camões, o poema Caramuru, com subtítulo “Poema épico do Descobrimento da Bahia”, é baseado no modelo da epopeia tradicional: proposição, invocação, dedicatória, narração e epílogo. É composto de dez cantos e versos decassílabos em oitava rima. O texto conta a história de um português, o Caramuru, que após ter naufragado em terras brasileiras, começa a viver com os índios Tupinambás. Suas principais obras: Pro anmia studiorum instauratione oratio (1778) e Caramuru (1781).

José Basílio da Gama (1741-1795)

Poeta mineiro e autor do poema épico O Uraguai (1769), Basílio da Gama, nesse texto, aborda as disputas entre os europeus, os jesuítas e os índios sendo considerado um marco na literatura brasileira. Diferente do poema épico clássico, O Uraguai é composto de cinco cantos, com ausência de rima (rima branca) e estrofação. Participou da Arcádia Romana na Itália e foi preso em Portugal em 1768, acusado de manter relações de amizades com os jesuítas. Suas Principais obras são: O Uraguai (1769), Epitalâmio às Núpcias da Senhora Dona Maria Amália (1769), A Declamação Trágica (1772) e Quitúbia (1791).

Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810)

Jurista, Político e Poeta luso-brasileiro, Tomás Antônio Gonzaga é um dos grandes poetas árcades de pseudônimo Dirceu. A obra que merece destaque é Marília de Dirceu (1792) carregada de lirismo e baseada no seu romance com a brasileira Maria Doroteia Joaquina de Seixas. Com fortes impulsos afetivos, Dirceu declara-se para sua pastora idealizada: Marília. Suas principais obras: Marília de Dirceu e Cartas Chilenas (1863).

Curiosidades

Contexto histórico do Arcadismo

No período do Arcadismo, século XVIII, as ideias do Iluminismo se tornaram populares. O Iluminismo foi um movimento intelectual que retomou as ideias do século XVII do movimento cultural, econômico e político chamado Renascimento. Tanto o Iluminismo como o Renascimento defendiam o uso da razão em detrimento do uso da fé. Assim, a escola literária recebeu, por exemplo, as influências de um momento em que a visão religiosa dava lugar à visão racional do conhecimento. É dessa época, a Revolução Francesa – que teve início no dia 17 de junho de 1789 – e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, assinada no dia 26 de agosto de 1789. Em Portugal, ocorria a reforma pombalina, que propunha uma série de transformações na sociedade portuguesa. Foi nesse momento da história que os jesuítas foram expulsos de Portugal e de suas colônias, e o ensino religioso foi abandonado. No Brasil, as ideias iluministas que apregoavam a liberdade influenciaram a Inconfidência Mineira e a Independência do Brasil. Assim, o Arcadismo é anterior ao Romantismo, sendo a última escola literária da era colonial. As escolas da era colonial são: Quinhentismo, Barroco e Arcadismo.  O Romantismo, por sua vez, surge no nosso país quatorze anos depois da Independência do País, dando início às escolas literárias da era nacional. As escolas da era nacional são: Romantismo, Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Pré-modernismo, Modernismo e Pós-modernismo.

Diferenças entre Barroco e Arcadismo

As características do Arcadismo mostra sua oposição ao Barroco, que o antecede:

Barroco
Arcadismo
religiosidade e fé
racionalismo
cristianismo
paganismo
complexidade na exposição de ideias
simplicidade na exposição de ideias
escrita complexa (vocabulário culto e construção de frases na ordem indireta)
escrita simples (vocabulário simples e construção de frases na ordem direta)
uso frequente de figuras de linguagem
uso de figuras de linguagem quase ausente

Abaixo, trechos de obras do Barroco e do Arcadismo em que se fala em morte. Neles, é possível verificar as diferenças especialmente na linguagem utilizada:

Troca em cinza voraz lustrosa prata,
Brota em pranto cruel púrpura viva,
Profana em turvo pez prata nativa,
Muda em luto infeliz tersa escarlata. (Exemplo de poema do Barroco: trecho de A morte de F., de Francisco de Vasconcelos)

Depois que nos ferir a mão da morte,
Ou seja neste monte, ou noutra serra,
Nossos corpos terão, terão a sorte
De consumir os dois a mesma terra.
Na campa, rodeada de ciprestes,
Lerão estas palavras os pastores:
“Quem quiser ser feliz nos seus amores,
Siga os exemplos que nos deram estes.”(Exemplo de poema do Arcadismo: trecho de Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga)

Principais obras do Arcadismo

Cláudio Manuel da Costa

Cláudio Manuel da Costa (1729-1789), pseudônimo Glauceste Satúrnio, inaugurou o Arcadismo no Brasil com a publicação de Obras Poéticas, em 1768. Além disso, criou a Arcádia Ultramarina, que era uma academia literária brasileira. As obras de Cláudio Manuel da Costa se caracterizam pela presença de pastores e outras referências à vida no campo. Além disso, seus poemas indicam as influências do Classicismo de Camões.

Principais obras:

Pastores, que levais ao monte o gado,
Vêde lá como andais por essa serra;
Que para dar contágio a toda a terra,
Basta ver se o meu rosto magoado:

Eu ando (vós me vêdes) tão pesado;
E a pastora infiel, que me faz guerra,
É a mesma, que em seu semblante encerra
A causa de um martírio tão cansado.

Se a quereis conhecer, vinde comigo,
Vereis a formosura, que eu adoro;
Mas não; tanto não sou vosso inimigo:

Deixai, não a vejais; eu vo-lo imploro;
Que se seguir quiserdes, o que eu sigo,
Chorareis, ó pastores, o que eu choro.

(Soneto de Cláudio Manuel da Costa)

José Basílio da Gama

José Basílio da Gama (1741-1795) é o autor de Uraguai (1769), poema épico que critica os jesuítas. O escritor, de pseudônimo Termindo Sipílio é um adepto das transformações portuguesas concretizadas pelo marquês de Pombal – as reformas pombalinas.

Depois de haver marchado muitos dias
Enfim junto a um ribeiro, que atravessa
Sereno e manso um curvo e fresco vale,
Acharam, os que o campo descobriram,
Um cavalo anelante, e o peito e as ancas
Coberto de suor e branca escuma.
Temos perto o inimigo: aos seus dizia
O esperto General: Sei que costumam Trazer os índios um volúvel laço,
Com o qual tomam no espaçoso campo
Os cavalos que encontram; e rendidos
Aqui e ali com o continuado

(Trecho do Canto Segundo de Uraguai, de Basílio da Gama)

Santa Rita Durão

Santa Rita Durão, ou Frei José de Santa Rita Durão (1722-1784), foi um religioso que escreveu Caramuru – Poema Épico do Descobrimento da Bahia (1781). Caramuru é um poema que conta a história de um náufrago português que passou a viver com índios Tupinambás, e mostra o choque da cultura indígena com a cultura portuguesa. As obras de Santa Rita Durão são caracterizadas pela valorização da natureza, pela presença de figuras mitológicas e pelo racionalismo. Obras de Santa Rita Durão: Pro anmia studiorum instauratione oratio (1778) e Caramuru – Poema Épico do Descobrimento da Bahia (1781).

De um varão em mil casos agitado,
Que as praias discorrendo do Ocidente
Descobriu o Recôncavo afamado
Da capital brasílica potente:
Do Filho do Trovão denominado,
Que o peito domar soube à fera gente;
O valor cantarei na adversa sorte,
Pois só conheço herói quem nela é forte.

(Trecho de Caramuru, de Santa Rita Durão)

Tomás Antônio Gonzaga

Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), com pseudônimo Dirceu, é o autor de Marília de Dirceu (1792), em que estão presentes características do Arcadismo, tais como bucolismo e simplicidade. Além desse poema lírico, escreveu apenas mais uma obra de forma anônima, Cartas Chilenas, que é uma sátira contra o governo de Minas Gerais. Obras de Tomás Antônio Gonzaga: Marília de Dirceu (1792) e Cartas Chilenas (1863).

Já disse, Doroteu, que o nosso chefe,
Apenas principia a governar-nos,
Nos pretende mostrar que tem um peito
Muito mais terno e brando, do que pedem
Os severos ofícios do seu cargo.

Agora, cuidarás, prezado amigo,
Que as chaves das cadeias já não abrem,
Comidas da ferrugem? Que as algemas,
Como trastes inúteis, se furtaram?
Que o torpe executor das graves penas

Liberdade ganhou? Que já não temos
Descalços guardiães, que à fonte levem,
Metidos nas correntes, os forçados?
Assim, prezado amigo, assim devia
Em Chile acontecer, se o nosso chefe

Tivesse, em governar, algum sistema.
Mas, meu bom Doroteu, os homens néscios
As folhas dos olmeiros se comparam:
São como o leve fumo, que se move
Para partes diversas, mal os ventos

(Trecho de Cartas Chilenas, de Tomás Antônio Gonzaga)

Referências Bibliográficas:

ARCADISMO.  Disponível em: < https://www.todamateria.com.br/escola-literaria-arcadismo/ >. Acesso em: 27 out. 2023.

ARCADISMO NO BRASIL. Disponível em: < https://www.todamateria.com.br/arcadismo-no-brasil/ >. Acesso em: 27 out. 2023.

FOTO PRINCIPAL: ARCADISMO NO BRASIL. Disponível em: < https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/lingua-portuguesa/arcadismo-no-brasil >. Acesso em: 27 out. 2023.

Muito obrigado pela leitura!

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Alexandre de Oliveira, Formado em História pela – Universidade Estadual de Maringá – UEM – Paraná/Brasil, criador e responsável pelo projeto – História em Pauta.

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