O objetivo desta matéria é abordar as manifestações do catolicismo voltado à figura, “Santinhos de Cemitério” (Santo Popular), na questão da religião, como produto das ações humanas, que revela uma realidade social, econômica e cultural da História das Religiões e Religiosidades. Sobre essa temática, vou falar sobre Clodimar Pedrosa Lô o Santinho de Cemitério.
A antropóloga Alba Zaluar no Livro: Os homens de Deus, um estudo dos santos e festas no catolicismo popular, aborda o seguinte relato: “O catolicismo popular é uma religião voltada para a vida aqui na Terra. Nesse sentido é uma religião prática e é sua prática que pretendermos estudar. Considerei, portando, a prática religiosa local, baseada principalmente na execução de promessas e na realização de festas aos santos”. Esse assunto aborda primeiramente sobre o Assassinato de Clodimar Predrosa Lô, que após a sua morte trágica em Maringá no ano de 1967, pode-se configurar através dos estudos, as analises científicas, e a configuração deste, como figura de “Santinho de Cemitério” (Santo Popular). ZALUAR (1983, p.13 e p.14).
Nessa perspectiva analisa-se o comentário do Mestrando em Sociologia, pela FDUSP (Faculdade de Direito – Universidade de São Paulo), Rafael A. F. Zanatta, membro do blog: blogspot.com.br, onde ele aborda a em síntese o assassinato de Clodimar Predrosa Lô, na visão Miguel Fernando Perez Silva, autor maringaense, do livro Sala dos Suplícios: Dossiê do caso Clodimar Pedrosa Lô. Nessa abordagem, Rafael A. F. Zanatta, estabelece o que levou à morte de Clodimar Predrosa Lô, da seguinte forma: Mas há casos no passado sombrio de Maringá que passaram despercebidos pela opinião pública e que não são tão populares assim.
Um deles é o assassinato de Clodimar Pedrosa Lô, torturado e assinado pela polícia em novembro de 1967, após ser acusado injustamente de furtar um cliente no Palace Hotel, em Maringá. O esclarecimento deste caso paradigmático de tortura e morte (que desencadeou uma série de investigações sobre o abuso de força exercido pela polícia local) é fruto de uma pesquisa bem elaborada do historiador Miguel Fernando Perez Silva, que lançou em 22/11/2010, o livro Sala dos Suplícios: Dossiê do caso Clodimar Pedrosa Lô. O livro conta em detalhes como se deu o assassinato de Clodimar Lô (que tinha apenas 15 anos de idade na época) e como seu pai, vindo do Ceará, vingou a morte do filho ao assassinar o homem que o acusou injustamente, o gerente Atílio Farris. O livro descreve também o julgamento do caso e a absolvição do pai de Clodimar. Em razão da extensão do processo de investigação histórica, Miguel Fernando decidiu fazer um filme/documentário sobre o caso Clodimar, que está em fase final de produção. O filme, narrado a partir da perspectiva do jovem Clodimar, traz o depoimento de treze pessoas: Oésio de Araújo Pedrosa (tio de Clodimar), o advogado Eli Diniz, Olinda Rosa dos Santos (prima de Clodimar), os jornalistas Messias Mendes e Walter Popp, o historiador João Laercio Lopes Leal, o coronel Antonio Tadeu Rodrigues, Manoel Ramos Toscano de Brito, Amilkar Souza Pedrosa (primo de Clodimar), Shirley Pedrosa Moscardi, Silvio Gonzaga de Souza (funcionário do Pálace Hotel) e Oscar Bastista de Oliveira (testemunha do assassinato de Atílio Farris). (O ASSASSINATO DE CLODIMAR PEDROSA LÔ – RAFAZANATTA.BLOGSPOT.COM.BR. Acessado em: 10/08/2022).
Nessa abordagem, verifica-se o sofrimento de Clodimar Pedrosa Lô, visto que ele foi uma pessoa boa e honesta (menino pobre e migrante nordestino), contudo, foi injustamente torturado e assassinado. Após a sua morte e até os dias de hoje, o seu túmulo é um dos mais visitados em Maringá. O segundo argumento é que, muitas pessoas ao visitá-lo em seu túmulo acreditam que, de um modo ou outro, receberam “bênção” de Clodimar, através dos seus pedidos e orações. Visto que muitas pessoas passaram a professar ter recebido mais bênçãos de Clodimar, a mídia (rádio, TV, jornal, revistas etc.), passou a abordar a santidade dele.
Em suma, as pessoas que foram abençoadas por Clodimar eram de várias profissões e grau de instrução. Entretanto, percebe-se que dependente da profissão e grau de instrução a religiosidade católica através dos santos é muito forte e deve ser respeitada. Nesse contexto, fica claro que, a história das religiões e religiosidade, no caso de Clodimar, trouxe vários fiéis, que prestam a ele homenagem através de velas, flores, e orações onde muitos que passam no seu túmulo dizem que Clodimar concede o pedido (saúde, emprego, ajuda
financeira, etc.), ou seja, a graça é concedida. O caráter desse assunto foi em, estabelecer uma relação do estudo científico da história das religiões e religiosidades no âmbito local. Percebe-se que em muitas cidades as pessoas vão aos cemitérios, seja em dias comum ou nos finados, tendo a crença de receber, de alguma forma, a benção dos mortos, principalmente os “Santinhos de Cemitério”. Em muitas pesquisas o catolicismo trás o culto aos santos (santificados), no caso de Clodimar, a sua imagem é considerada como “Santo Popular”, onde a população de católicos em Maringá e cidades da região, adeptos de Clodimar, prestam-lhe homenagens e culto, como forma de respeito pela forma trágica que ele morreu. Conclui-se que a figura do Santinho de Cemitério (Santo Popular), Clodimar Pedrosa Lô, foi construída pela comunidade popular católica maringaense, como forma de reverência, culto, fé e bênçãos, dessa forma, sendo de grande valia e fonte de estudos e pesquisas científicas, da História das Religiões e Religiosidades, para os historiadores, antropólogos, sociólogos e filósofos.
Referências Bibliográficas
O ROSTO DE CLODIMAR: Disponível em: <https://www.maringahistorica.com.br/publicacoes/2809/o-rosto-de-clodimar-1967>. Acessado em: 10 ago. 2022. RAFAZANATTA.BLOGSPOT.COM.BR. O assassinato de Clodimar Pedrosa Lô. Disponível em:< https://rafazanatta.blogspot.com/2010/11/o-assassinato-de-clodimar-pedrosa-lo.html >. Acessado em: 10 ago. 2022.
SILVA, Miguel Fernando Perez. Sala dos Suplícios. O dossiê do caso Clodimar Pedrosa Lô. Editora Clichetec, Maringá, PR: 2010.
ZALUAR, Alba. Os homens de Deus, um estudo dos santos e festas no catolicismo popular. Zahar, RJ: 1983.
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