O artigo analisa a obra de Frei Vellozo (1741-1811) intitulada “Flora Fluminensis”, com interpretações dos campos disciplinares da botânica e da história. No período de 1783 a 1790, a equipe liderada por Frei Vellozo
percorreu o território do Rio de Janeiro com objetivo de produzir um levantamento detalhado das plantas. Passados 39 anos, o trabalho de Vellozo foi publicado com 1.639 descrições de plantas em latim e 11 volumes infolio de ilustrações botânicas. Trata-se de uma obra que tem relevância científica, sobretudo se comparada com outros livros e compêndios produzidos na mesma época na Europa. Com o fim de esclarecer as principais
características de tal processo de produção e qualidade científica da obra, é feita uma interpretação com foco no modo de como a botânica era realizada no final do século XVIII.

81222015000100085> Acessado em: 13 jul. 2022).
Procuramos estudar a ação do homem que, institutos na burocracia de Portugal tentaram divulgar obras que ampliassem a exploração útil dos produtos coloniais, fossem estes nativos exóticos. Vamos ressaltar as dificuldades desta empreita e as limitações na implantação das ideias defendidas nas obras publicadas pela Casa Literária do Arco do Cego. Da calcografia do Arco do Cego: divulgação e uso das ciências brasileira e portuguesa no século XVIII. (SANTOS, 2010, p. 93). Conforme foto acima essa máquina/e ou impressão na época era o meio de catálogo das espécies, também a fauna e flora fluminense (Rio de Janeiro) no século XVIII, na visão do Frei José Mariano da Conceição Vellozo (1742-1811).

Coroa, no século XVIII, para manter-se forte e unida. (SANTOS, 2010, p. 96).
A partir do século XVIII começaram a circular na América Portuguesa manuais sobre práticas agrícolas, mineralógicas e têxteis, bem como surgiram as primeiras iniciativas no que se refere à organização de sociedades e instituições engajadas no estudo do mundo natural com a finalidade de explorálo de modo mais racional. Nesse contexto a Calcografia do Arco do Cego se destacou como a grande iniciativa luso-brasileira para divulgação dos saberes acerca do mundo natural, um centro de divulgação que, apesar do curto período de existência, foi uma das mais importantes instituições da história das ciências brasileira e portuguesa. Com a tentativa de abarcar o Reino e manterse unida, a Coroa portuguesa mostrava que não queria só explorar as
Colônias, como se convencionou a explicar. Analise qual a metodologia utilizada pelos autores do capítulo para elucidar (explicar, resolver e esclarecer) e a nova compreensão acerca das relações de poder entre Metrópole e
Colônia. O primeiro passo de uma nação para aproveitar as suas vantagens é conhecer perfeitamente as terras que habita, o que em si encerram, o que de si produzem, o de que são capazes. A história natural é a única das ciências que tais luzes pode dar; e sem um conhecimento sólido nesta parte, tudo se ficará devendo aos acasos, que raras vezes bastam para fazer a fortuna e a riqueza de um povo (DOMINGUES, 2001). O homem só com a força de sua imaginação não podia comer, nem se vestir, nem executar os seus desejos; enfim nada podia fazer sem auxílio das produções naturais, que são a base de todas as artes, de que dependem, principalmente os cômodos e prazeres da vida. Pois, que o conhecimento delas contribui à felicidade humana (VANDELLI, 1786: 5).
Como podemos observar nos trechos acima de DOMINGUES (2001) e VANDELLI (1786), explicaram como a Coroa portuguesa, não queria só explorar as Colônias, mas uma relação de poder entre Metrópole e Colônia, principalmente nas inovações tecnológicas sob a aplicação das técnicas de produção. „O conhecimento de novas técnicas era um instrumento essencial na disputa pelo controle geopolítico do globo e para Portugal manter seu domínio, com a população, era preciso que novos conhecimentos fossem difundidos para os súditos da Coroa‟. (DIAMOND, 2001).
Os autores DOMINGUES (2001) e VANDELLI (1786), elucidaram (v.t. Esclarecer, explicar e resolver: elucidar uma questão – dicio.com.br. Acessado em 13/07/2022) sobre a aplicação de novas técnicas de produção através dos saberes (luz do conhecimento) da ciência. Através das suas colônias, Portugal abastecia a Europa com produtos naturais e minerais (no caso do Brasil temos, principalmente, o pau-brasil, a cana-de-açúcar, tabaco, o ouro e alguns produtos de mineração, além das drogas do sertão), enquanto que a venda de bens manufaturados ficava limitada quase exclusivamente à própria Metrópole; restrição esta que se tornou uma proibição em 1785 depois que Maria I se tornou rainha (1777).
Portanto, o contexto político do reino português (a relação de poder entre Metrópole e Colônia), em fins do século XVIII, obrigou a Coroa a tomar medidas com o intuito de reconquistar o lugar de potência mundial. Todavia, as ações de difusão dos saberes teóricos e práticos oferecidos pela Coroa, principalmente da Calcografia do Arco do Cego, não foram movidas apenas pela ânsia de restabelecer o poder e prestígio. As tentativas de colocar o Reino novamente à frente das decisões mundiais tinham por objetivo mantê-lo atualizado, correndo ao lado das potências do momento e não só buscando o Portugal das epopeias. Entretanto, a relação de poder entre Metrópole e Colônia na América Portuguesa, trouxe ao homem da Colônia a oportunidade de ser educado, e ter uma mentalidade nos moldes da burguesia portuguesa. Por outro lado, as especiarias produzidas e/ou manufaturadas na Europa, eram consideradas superiores às regionais (colônia). Com as aspirações da Metrópole da Coroa burguesa, a Colônia relacionou junto a ela o poder, política, cultura e economia. Contudo, adorando uma mentalidade onde a Colônia junto com a Metrópole, mesmo após a disseminação das ideias Iluministas, tal traço ainda permanecia com certo grau de intensidade. Do ponto de vista histórico desses autores, a Metrópole junto com a Colônia, puderam ajuntar-se para o benefício científico e histórico da época (século XVIII). Podemos observar que, a contribuição Europeia, junto com a Colônia Portuguesa foi em desenvolver uma parceria para os estudos científicos. A Casa Literária do Arco do Cego criada por D. Rodrigo de Sousa Coutinho (1755-1812), desempenhou diversas funções políticas no reinado de D. Maria I. À época da criação da Casa Literária, D. Rodrigo era secretário da Marinha e Ultramar. A criação da oficina do Arco do Cego inseria-se numa política colonial que privilegiava o Brasil, fonte primordial da prosperidade comercial da metrópole. (CIENCIA EM PORTUGAL, acessado em 13/07/2022).
D. Rodrigo importava difundir as luzes da ciência, sobretudo na agricultura, e as obras impressas no Arco do Cego revelam bem esse propósito de divulgação, concretizando um modelo de cultura característico do Iluminismo. A história natural era considerada numa perspectiva utilitarista, tendo como fim a sua contribuição para o desenvolvimento da economia do país. Através dos livros e das gravuras seria possível difundir conhecimentos que ao serem aplicados, contribuiriam para o aumento e diversificação da produção agrícola. O conhecimento científico permitia ao mesmo tempo, concretizar os anseios de uma elite desejosa de acompanhar os modelos franceses e ingleses de gosto pelo colecionismo, pela criação de jardins botânicos e pela constituição de gabinetes ou museus. (CIENCIA EM PORTUGAL, acessado em 13/07/2022).

Por sua vez, frei José Mariano da Conceição Vellozo (1742-1811) – (foi considerado concretizador do projeto), encarregado pelo vice-rei do Brasil, Luís de Vasconcelos e Sousa (1779-1790), em recolher as espécies exóticas para o Real Museu e Jardim Botânico (Rio de Janeiro). Mais tarde, foi chamado a chefiar este projeto editorial (Casa Literária do Arco do Cego) de difusão científica, cargo que desempenhou com invulgar dinamismo. (CIENCIA EM PORTUGAL, acessado em 13/07/2022). Dessa forma, a nova compreensão (cientifica e histórica) acerca das relações de poder entre Metrópole e Colônia, contribuiu nas áreas dos saberes mais tarde, ou seja, na História, Geografia, Matemática e Biologia.
Referências Bibliográficas:
CIENCIA EM PORTUGAL. Formato on-line. A Casa Literária do Arco do Cego
– “Sem livros não há instrução”. Disponível em: <http://cvc.institutocamoes.pt/ciencia/e24.html>. Acesso em 13 jul. 2022.
DIAMIND, Jared. Armas Germes e Aço: os destinos das sociedades humanas. Rio de Janeiro: Rercord, 2001.
DICIONÁRIO ON-LINE DE PORTUGUÊS. Formato on-line. Elucidar. Disponível em: < http://www.dicio.com.br/elucidar/> Acesso em: 13 jul. 2022.
DOMINGUES, Ângela. Para um melhor conhecimento dos domínios coloniais: a constituição de redes de informações no Império português em finais do Setecentos. História, Ciência, Saúde – Manguinhos, vol. VIII (suplemento), 832-38, 2001.
SCIELO. Formato on-line. Disponível em: <https://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-
81222015000100085> Acesso em: 13 jul. 2022.
SANTOS, Christian Fausto de Moraes dos. Da calcografia do Arco do Cego: divulgação e uso das ciências brasileira e portuguesa no século XVIII In: SANTOS, Christian Fausto de Moraes dos. (org). História as Ideias: Viajantes, Naturalistas e Ciências na Modernidade. Coleção História e Conhecimento.
VANDELLI, D. Dicionário de história natural. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências de Lisboa, 1786.
Maringá: Eduem, 2010. p. 93; p.96.
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