A VERDADEIRA ALMA DO FESTIVAL NIPO-BRASILEIRO

Por Sandra Katayama

Como explicar a paixão que o Festival Nipo-Brasileiro desperta nos milhares de voluntários que se dedicam de corpo e alma para o sucesso desse evento?

Enquanto muitas pessoas aguardam suas férias para descansar, muitos desses voluntários pedem a “folga” justamente nos dias de festival para poderem trabalhar no evento.

Há muitos anos, eu também procuro reservar os 10 dias de festival para poder estar disponível para tudo o que for preciso. Mas na prática, mal termina um festival, já começamos a pensar no próximo. É um tipo de lealdade invisível que temos para com o sucesso do evento. Um compromisso moral de garantir que tudo saia com a máxima perfeição, como se o evento fosse responsabilidade nossa, pois é uma forma de reconhecer e valorizar os sacrifícios e esforços dos nossos antepassados. É um desejo de preservar a cultura e os valores que nos foram passados de geração a geração pelos primeiros imigrantes que aqui chegaram.

Se você já participou de alguma das edições, deve ter notado a organização do evento, a preocupação com os detalhes e a união dos voluntários. Essa é a parte intangível do evento que proporciona aos visitantes uma experiência única, encantadora e indescritível. Muitos relatam que sentem algo mágico nesse festival, mas não sabem explicar o que exatamente os agradou, pois é uma coisa que está no ar e que faz as pessoas se sentirem bem nesse ambiente. No entanto, se ao participar como visitante as pessoas já sentem isso, não há nada mais revigorante do que conhecer os bastidores dessa festa.

Você vai ver pessoas trabalhando dia e noite, levantando às 5h da manhã para organizar os pré-preparos e trabalhando até praticamente meia noite, com um sorriso nos lábios e uma disposição que faz idosos com mais de 80 anos parecerem jovens de 30.

Todos os anos, há uma preocupação em relação ao número de voluntários, porém, é só começar o festival que eles aparecem com uma disposição de deixar qualquer RH de queixo caído. Cada um vem integrar a equipe e doa o máximo do seu talento para garantir o sucesso do evento. Você pode até se sentir um pouco cansado fisicamente, mas quanto tudo termina você sai de alma lavada. Há uma troca de energia tão grande que faz com que os laços que unem os voluntários se fortaleçam e dali surgem amizades para toda vida.

Você verá pais e filhos trabalhando juntos. Irmãos ajudando-se mutuamente. Casais desenvolvendo alguma atividade em conjunto, unidos em prol de um mesmo objetivo.

Para exemplificar, escolhi uma família que representa a Alma do Festival Nipo-brasileiro. Sob o comando do patriarca, Sr. Taijiro, a família Sekiyama participa desde a edição menos 1, ou seja, desde o primeiro protótipo do festival realizado em 1988. Sua esposa, Elizabeth, o acompanha e o casal passou esse costume aos filhos que cresceram vendo os pais realizando trabalho voluntário. Depois vieram os genros e noras e os netos que também já contribuem para o sucesso do evento.

Até mesmo a sogra do Sr. Taijiro, D. Toshi Yamada, com 95 anos, participa todas as noites, ajudando a ensacar os talheres que são entregues aos clientes da barraca da Seicho-no-Ie. Nessa 31º edição do Festival Nipo-brasileiro, 11 integrantes da Família Sekiyama participaram como voluntários do evento. Uma das filhas do Sr. Taijiro é a Dra. Juliana Sekiyama, reumatologista e professora do curso de Medicina. Ela conta que numa das noites, estava atendendo as mesas tirando pedidos quando um funcionário de um dos hospitais onde ela trabalha a reconheceu e ficou espantado, pois nunca imaginou ser atendido por ela. Ela simplesmente sorriu e com uma alegria contagiante disse que aquela noite, ela iria servi-lo com muita satisfação.

Hoje, que chegamos ao final do 31º Festival Nipo Brasileiro, sentimos um misto de saudades do tipo “pena que terminou”, mas também uma sensação de missão cumprida. Esperamos que todos que puderam prestigiar o evento tenham sentido o amor e carinho com que tudo foi feito.

Parabéns a toda Diretoria da ACEMA pela realização do evento e a Tasa Eventos pela organização. Gratidão a todos os patrocinadores,  colaboradores e principalmente aos voluntários pelo seu amor e dedicação. E é claro, nosso “Muito Obrigado” a todos que prestigiaram o nosso Festival Nipo-brasileiro, pois sem a presença de vocês, não teria sentido todo esse trabalho.

Festival Nipo-brasileiro: Amor, união, dedicação, comprometimento, respeito, reconhecimento e valorização. Esses são os ingredientes que compõe a Alma desse grandioso evento.

Sair da versão mobile