Os japoneses tiveram um importante papel na colonização do Noroeste do Paraná. Os primeiros imigrantes chegaram por aqui no dia 28 de agosto de 1939, após uma frustrante passagem pelo Estado de São Paulo onde atuaram nas lavouras de café e algodão.
Os sonhos que os fizeram atravessar o oceano deixando para trás sua Terra Natal, sua família, seus amigos e sua história não se concretizaram em solo paulista. Além disso, por conta da Segunda Guerra Mundial, foram vítimas de humilhação e sofreram muito preconceito. Não lhes era permitido nem se reunirem em grupos e conversarem na sua língua, já que não sabiam falar direito a língua portuguesa. A vida era cheia de privações, as condições de trabalho bastante precárias, porém o povo japonês era persistente e não se deixava abater com facilidade. Com o incentivo da Companhia de Melhoramentos Norte do Paraná, muitos desses imigrantes vieram conhecer a região de Maringá e aqui se estabeleceram trazendo toda sua família.
Os primeiros japoneses que chegaram em Maringá foram as famílias Taguchi, Tokuda, Tanabe e Hoshino. Em seguida, em 12 de agosto de 1941, vieram os Kusamoto, Kubota, Arai, Sakamoto, Motoki, Yamada, Sugano, Imamura e Jimbo. Em 1947, chegaram as famílias Kawano, Yoshida, Watanabe e Toda. De lá para cá, muitas outras famílias vieram e desde então, contribuem ativamente para o crescimento e desenvolvimento da nossa região.
Kansha no Kimochi (感謝の気持ち) – Sentimento de Gratidão
Segundo Yuho Morokawa no seu livro “Os Japoneses e seus Legados” (2014), o povo japonês tem o costume de agradecer uns aos outros na convivência cotidiana. Essa gratidão está tão presente no povo japonês que existem inúmeras formas de expressá-la. É comum ouvi-los dizer: “Osewa ni narimashita” (おせわ に なりました) – Obrigado pela sua gentiliza ou “Arigatou gozaimashita” (ありがとう ございました) – Muito obrigado ou simplesmente “Arigatou” (ありがとう) – Obrigado. Outro sentimento de gratidão eterno e sublime é denominado pelos japoneses de “On” (恩). Esse é um sentimento muito profundo e importante de respeito, dirigido à pessoa que lhe prestou contribuição vital.
Existe um famoso ditado japonês que diz: “Chichi no on wa yama yori takaku” (ちち の おん わ やま より たかく) – O on do pai é mais alto que a montanha
“Haha no on wa umi yori fukashi” (はは の おん わ うみ より ふかし) – O on da mãe é mais profundo que o mar.
Outro termo muito utilizado pelos japoneses para expressar gratidão é o “Kansha shite masu” (感謝してます), ou seja, “eu sou grato”. Neste sentido, o sentimento de gratidão é algo que vem do âmago dos japoneses e não é feito da boca para fora. Os japoneses agradecem por tudo: pela vida, pelo calor do Sol, pelas estrelas cintilantes, pelo ar que respiramos, pelas árvores e flores que nos alegram, pelas chuvas, pela água que tomamos e principalmente pelos pais e ascendentes.
É com esse profundo sentimento de gratidão que os nipo-brasileiros sempre se lembram dos seus antepassados e por isso fazem tanto esforço para manter suas tradições. As diversas religiões de origem japonesa realizam com frequência cerimônias em gratidão a seus entes queridos relembrando tudo o que eles fizeram por nós descendentes. E é com esse “Kansha no Kimoti” que a Coluna O MARINGÁ SHIMBUN desta semana traz fotos gentilmente cedidas por famílias tradicionais da nossa região. Agradecemos a todos que contribuíram com essas fotos e desejamos que os descendentes de todas as pessoas presentes nas fotos continuem prosperando e que sejam motivo de orgulho a toda comunidade nipo-brasileira. “Arigatou gozaimassu!”